Modelo de Pesquisadora Brasileira Busca Detecção da Matéria Escura do Universo
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (07/07) no site da “Agência
USP” destacando que modelo de Pesquisadora Brasileira busca detecção da Matéria
Escura do Universo.
Duda Falcão
CIÊNCIAS
Modelo Busca Detecção da
Matéria Escura do Universo
Rui Sintra,
Da Assessoria de Comunicação do IFSC
Publicado em 07/07/2015
Foto:
Divulgação
Pesquisa propõe um modelo de detecção
de matéria escura
do universo.
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No mês
de junho, a pesquisadora Jessica Arab Marcomini, ex-aluna do Instituto de
Física de São Carlos (IFSC) da USP, defendeu sua tese de mestrado intitulada Estudo
da possibilidade de detecção da matéria escura com telescópio Cherenkov,
onde propõe um modelo de detecção de matéria escura do universo por intermédio
do telescópio Cherenkov, supondo que essa substância seja constituída por uma
partícula chamada neutralino. O projeto foi orientado pelo professor Luiz Vitor
de Souza Filho, docente do Grupo de Física Computacional e Instrumentação
Aplicada do Instituto
O
neutralino é uma partícula descrita pela supersimetria — teoria da física
que prediz que toda partícula tem um primo supersimétrico. Ou seja, de acordo
com a teoria, o neutralino, por exemplo, tem uma “família” de partículas a ser
descoberta. Embora a astronomia já tenha descoberto a existência de matéria
escura, graças à força gravitacional existente em determinados corpos ainda não
identificados, pouco se sabe sobre ela, uma vez que essa matéria não emite luz,
o que a torna invisível e dificulta o estudo desse misterioso elemento pelos
pesquisadores.
“Temos
certeza que a matéria escura existe, porque às vezes vemos objetos girando em
torno de algo massivo, da mesma forma como os planetas circulam em redor do
Sol. Esse mesmo fenômeno acontece em situações em que não enxergamos essa
massa, que no caso é a matéria escura. Basicamente, sabemos que ela está lá,
mas não conseguimos vê-la”, explica Souza Filho. Para que se possa imaginar a
importância dessa substância, acredita-se que a matéria escura representa 24%
de tudo o que há no universo, enquanto a matéria ordinária, elemento que nos
compõe e nos cerca, é responsável por 4% — os outros 72% referem-se à
energia escura, algo que ainda é menos conhecido pelos cientistas.
Em
síntese, o objetivo desse trabalho, de acordo com a pesquisadora, foi estudar o
comportamento de possíveis partículas que compõem a matéria escura, buscando
detectar um fluxo de raios gama (radiações eletromagnéticas), com o intuito de
prever os limites do telescópio Cherenkov, caso a matéria escura seja composta
pela partícula neutralino: “O intuito não foi tentar prever o que o telescópio
poderá descobrir, mas, sim, analisar os limites do equipamento”, explica ela,
cujo interesse nesse estudo se deve à futura criação do Cherenkov Telescope
Array (CTA), observatório astronômico que deverá ser criado daqui a alguns
anos, com a instalação de telescópios no hemisfério norte e sul, a fim de
viabilizar os estudos sobre a matéria escura e outros fenômenos de nosso
universo.
Grande Salto
“O CTA é
uma tentativa de fazer um grande salto nesse campo. Acreditamos que ele
melhorará muito a compreensão de tudo o que já foi estudado na astronomia,
porque deverá detectar elementos dez vezes mais fracos, tendo uma capacidade
muito grande para analisar os fenômenos do universo”, revela Souza Filho. A
expectativa pela detecção da matéria escura é enorme, já que essa substância
pouco conhecida poderá, talvez, ocasionar a descoberta de novos materiais e,
eventualmente, revolucionar o universo da física.
“Se
dermos um passo para entender a matéria escura, abriremos uma nova janela na
física; uma nova ciência”, afirma o docente do IFSC, destacando o papel da
astrofísica na busca pela identificação dessa substância invisível.
“Recentemente, os membros do AMS-02 [Espectrômetro Magnético Alfa é um detector
de partículas, que está instalado na Estação Espacial Internacional desde 2011]
publicaram um artigo muito importante sobre a detecção da matéria escura. Aliás,
a professora Manuela Vecchi, do nosso IFSC, faz parte deste projeto”.
A
matéria escura, segundo professor Souza Filho, é apenas um dos grandes
mistérios de nosso universo, tendo em vista que grande parte desse “espaço
infinito” ainda não foi estudado e isso inclui a energia escura; os mecanismos
que produzem eventos de alta energia (Gamma-ray burst); o próprio espaço-tempo;
o processo de formação de estrelas e como elas morrem, entre diversas outras
questões que o ser humano ainda não foi capaz de responder. Além disso, outra
incógnita é o desenvolvimento do próprio universo, que envolve a simetria entre
matéria e anti-matéria, substâncias compostas, respectivamente, por partículas
e antipartículas. “Nosso universo é predominantemente matéria, mas nasceu
equilibrado. Contudo, não sabemos como ele se desequilibrou, produzindo mais
matéria do que anti-matéria”, diz ele.
Devido a
esse e vários outros mistérios, a área de astrofísica apresenta-se como um dos
campos de estudo mais promissores para o descobrimento de diversos enigmas, nos
dando a esperança de que um dia tenhamos respostas sobre a origem do espaço, da
Terra e, inclusive, de nossa própria existência. Com o mestrado no IFSC
concluído e embora apaixonada pelo Universo, Jessica Marcomini planeja ir à
Inglaterra ainda este ano, já que o mercado a atrai mais que o setor acadêmico.
“Gosto da academia, mas tenho interesse em trabalhar em agência bancária,
atuando com modelagem, economia e finança”, conclui a pesquisadora, de apenas
24 anos, que já descobriu que o físico tem muitas portas de entrada para o
setor produtivo, inclusive no setor financeiro.
Fonte: Site da Agência USP
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