SMD a Todo Vapor Para Entregar Sistemas e Dispositivos do CBERS-4A e Amazônia-1
Olá leitor!
Veja agora uma reportagem postada também na edição nº 49 de Agosto do “Jornal
do SindCT”, esta destacando que o Setor de Manufatura e Desenho (SMD),
vinculada à Coordenação-Geral de Engenharia (ETE) do Instituto Nacional de
pesquisas Espaciais (INPE) está trabalhando a todo vapor para entregar sistemas
e dispositivos dos Satélites CBERS-4A e Amazônia-1.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
SMD a Todo Vapor Para Entregar Sistemas
e Dispositivos do
CBERS-4A e Amazônia-1
Dedicação Compensa Falta de Pessoal, Mas Cenário Tende a
Se Agravar
Por Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 49
Agosto de 2016
Foto: Shirley Marciano
Equipe SMD. |
Todo satélite é constituído por uma estrutura formada por
placas, sistemas e dispositivos mecânicos específicos. Por essa razão, é
preciso que essas peças sejam projetadas e fabricadas exclusivamente para
atender cada objetivo. O setor responsável por esse trabalho entrega vários
conjuntos, porque são realizados pelo menos três tipos de testes com o satélite
integrado ou simuladamente montado: o elétrico, o térmico e o de voo.
No elétrico praticamente só haverá uma carcaça do
satélite, mas nos testes térmicos e de voo todos os componentes precisam estar
presentes. Na maioria dos casos, o material utilizado nessa estrutura é o
alumínio aeronáutico, matéria-prima que consiste de uma liga mais leve, mais
dura e mais resistente aos extremos de temperatura.
Todo esse processo de engenharia mecânica no
desenvolvimento de projeto, usinagem (torneamento, fresagem, retífica e
ajustagem) e soldagem elétrica é realizado pela equipe do Setor de Manufatura e
Desenho (SMD), vinculada à Coordenação-Geral de Engenharia (ETE) do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A SMD atende a todas as demandas do
instituto, mas em especial às da ETE.
No momento, os carros-chefe são os satélites CBERS-4A e o
Amazônia-1, além do Mirax, um satélite científico. Os pedidos chegam à SMD já
com as especificações técnicas, e suas equipes encarregam-se de elaborar o
projeto, o desenho e a fabricação. Para o Amazônia-1, por exemplo, já estão
trabalhando no modelo de voo. O ritmo de trabalho é intenso: a equipe não parou
um minuto sequer enquanto a reportagem esteve no local.
Ritmo Acelerado
Por intermédio dos computadores são previamente
realizadas as programações de corte das peças, linha por linha. Assim, é feita
uma simulação virtual. Se estiver tudo correto, é enviado a uma das três
máquinas, que deve cumprir a referida missão. Os desenhos com os respectivos
comandos são enviados para computadores ligados às máquinas, que são operadas
por especialistas.
“Estamos num ritmo bem acelerado. Só para se ter uma
ideia, temos de entregar cerca de 500 roscas postiças para o CBERS- -4A num
tempo exíguo. Ou seja, o volume de trabalho é grande e contamos com uma equipe
bastante reduzida. São 18 pessoas, sendo que somente sete são do INPE, porque
as demais são bolsistas”, explica Laércio Siqueira, chefe do SMD. De acordo com
ele, o grupo, que inclui os bolsistas, é muito unido, comprometido e trabalha
com notável força de vontade, mas tende a tornar-se ainda menor nos próximos
meses.
No final de 2016 a SMD deverá perder seu único soldador,
por aposentadoria. “Não é qualquer soldador. Temos aqui profissionais com
treinamento específico para a área espacial. As soldas têm uma precisão
absolutamente fina, porque as fazemos para vácuo, por exemplo, e isso significa
que qualquer microfuro pode causar problema”, conta. O problema é ainda mais
grave: “Hoje, se não tivéssemos mecânico bolsista, não daria para fazer o
trabalho”.
Reservatórios
Como mencionado, o SMD também atende demandas de outras
coordenações. É o caso dos projetos sob a responsabilidade da Coordenação de
Observação da Terra (OBT). “Aqui projetamos e fabricamos plataformas de
monitoramento dos reservatórios brasileiros, como os de Furnas, Mamirauá,
Itaipú, Funil e muitos outros, através do projeto Sistema Integrado de
Monitoramento Ambiental (SIMA)”, explica Geraldo Orlando Mendes, único soldador
especializado do SMD.
O SIMA vale-se de plataformas flutuantes ancoradas, nas
quais são instalados sensores meteorológicos e de qualidade da água. Um sistema
eletrônico realiza o controle, o armazenamento e a transmissão via satélite
(CBERS, SCD e NOAA) das informações.
Numa torre instalada no centro das plataformas são
afixados os painéis solares para carregar baterias, sensores meteorológicos e
antena para transmissão dos dados. No vão central, um compartimento abriga a
eletrônica do sistema, baterias e transmissor de satélite. A equipe da SMD
relata a necessidade de fazer manutenção preventiva e também corretiva das
diversas máquinas da oficina mecânica. De acordo com eles, algumas estão com
“vícios” e, por essa razão, exigem vigilância maior de quem opera e conhece
tais problemas.
Caso contrário, acabam executando o trabalho com falhas.
“Temos dispositivos com ranhuras muito finas, com espessura equivalente a um
fio de cabelo, então qualquer imprecisão de uma máquina pode exigir um
retrabalho. Além disso, o alumínio exige, além de uma capacitação profissional
maior, máquinas muito bem ajustadas, principalmente para peças menores que
precisam ser transformadas em formatos mais detalhados”, explica Laércio.
Outra questão levantada pelo setor é a necessidade da
compra de uma máquina que funciona sobre cinco eixos, em substituição de uma
com três, de forma a modernizar a atividade no que tange à qualidade e à
velocidade de fabricação.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 49ª – Agosto de
2016
Comentário: Bom leitor, levando-se em conta de que tudo
que foi dito nesta reportagem seja realmente verdadeiro, há motivos para
comemorarmos, sem dúvida, mas também como de costume há motivos para lamentarmos.
Comemoramos por observar que talvez (digo talvez) a maior novela do Programa Espacial Brasileiro (PEB) na
atualidade (o projeto do Satélite Amazônia-1) pode está chegando ao seu gran-finale, e que projetos de satélites como o CBERS-4A e Mirax, já estão em andamento. Entretanto,
como podemos observar na matéria, voltamos a ser assombrados pelo velho
problema da aposentadoria de profissionais altamente qualificados sem a devida reposição, o que certamente causará grandes
dificuldades ao INPE na conclusão desses projetos e de projetos futuros.
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