Satélites Mostram Trajetória de Sedimentos no Rio Doce
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (03/11) no site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacando que satélites
mostram trajetória de sedimentos no Rio Doce.
Duda Falcão
Satélites Mostram Trajetória
de Sedimentos no Rio Doce
Quinta-feira, 03 de Dezembro de 2015
Uma sequência de imagens de satélites mostra a trajetória
dos sedimentos no Rio Doce devido ao rompimento das barragens de mineração em
Mariana (MG), há quase um mês. As imagens foram captadas nos dias 5, 21, 27,
28, 29 e 30 de novembro e 1° de dezembro pelo sensor Modis, a bordo dos
satélites Aqua e Terra da NASA, a agência espacial americana, e foram
analisadas por técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
“Na região Sudeste, o período atual é caracterizado pelo
início da estação chuvosa sobre a região da foz do Rio Doce, no litoral do
Espírito Santo. A nebulosidade crescente pode dificultar a obtenção de imagens
por sensoriamento remoto a partir de satélites, contudo algumas dessas imagens
permitiram monitorar a pluma de sedimentos”, informa Nelson Ferreira, da
Divisão de Satélites Ambientais (DSA/CPTEC) do INPE.
Na figura 1, abaixo, a primeira imagem mostra a foz do
Rio Doce ainda em condição normal, no dia 5 de novembro. Segundo a CPRM
(Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil), a
pluma de sedimentos chegou à foz do rio no dia 21, como se nota na segunda
imagem. Na terceira imagem, do dia 27, há indícios de sedimentos de maior
densidade (com uma coloração avermelhada). Nesta data, ocorreu a entrada de um
sistema frontal sobre a região com ventos do Sul, que favoreceu a propagação da
pluma na direção Norte-Nordeste. A partir de 28 de novembro, a pluma de
sedimentos volta a se propagar predominantemente na direção Sul-Sudoeste rumo
ao litoral Sul do Espírito Santo.
Figura 1: Imagens MODIS-Aqua e Terra. Composição cor
verdadeira com a reflectância de superfície (NASA).
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“Apesar da predominância de ventos Norte-Nordeste na
região, que podem definir o principal eixo de dispersão da pluma do Rio Doce na
direção Sul-Sudoeste, junto à linha de costa, mudanças locais principalmente na
direção do vento tem direcionado parte da pluma no eixo Nordeste”, explica o
especialista do INPE.
A partir das imagens Modis, foram elaborados mapas de reflectância para
monitorar a pluma de superfície. O mapa do dia 5 de novembro mostra o litoral
do Espírito Santo e o Rio Doce, em condições normais, já com carga
relativamente alta de sedimentos em suspensão, dificultando a distinção da
pluma de rejeitos oriunda do desastre de Mariana após o dia 21 de novembro por
imagens de satélite de baixa resolução espacial (1 km).
Porém, a vantagem desse sensor é a resolução temporal de
um dia, que é crucial para o monitoramento operacional. Mesmo com a alta
cobertura de nuvens é possível notar que no dia 21 o principal eixo de
dispersão da pluma é na direção sul. No dia 26 não é possível verificar a dispersão
ao sul da foz (devido à cobertura de nuvens), mas ao norte há um incremento na
reflectância que pode ser decorrente da passagem da frente fria com ventos de
Sul, dirigindo a pluma na direção Norte (como observado nas imagens da figura
anterior). Nas imagens dos dias 28 e 29, a pluma se repartiu em dois eixos
principais de dispersão: uma a Sudoeste e outra a Nordeste, devido a mudanças
na direção do vento local. No dia 30, a pluma tem uma propagação maior na
direção Sul e a frente na sua porção mais diluída chega à altura de Vitória
(ES), mas afastado da costa. Vale ressaltar que esta frente mais diluída chega
a esta altura mesmo em condições normais (como observado no mapa de 05/11 da
Figura 2). Na imagem do dia 1° foi feita uma análise da variação dos valores de
reflectância em 555 nm, em perfis horizontais partindo da foz em direção aos
principais eixos de dispersão da pluma. É possível notar na Figura 2 que a
pluma mais densa de sedimentos (com valores de Rrs555 acima de 0.02 /sr) chega
a aproximadamente 10 km de distância da foz na direção Nordeste e 20 km na
direção Sudoeste. Com a dispersão dividida em duas frentes, a pluma fica mais
concentrada na região próxima à foz.
As imagens dos satélites Aqua e Terra permitem observar
os principais eixos de propagação da pluma de sedimentos do Rio Doce na camada
superficial. A dispersão da pluma muda conforme as condições
meteo-oceanográficas (ventos e correntes) e precisa ser monitorada a cada dia.
Vale ressaltar que a costa do Espírito Santo, em condições normais, já possui
altos valores de reflectância (em 555 nm) por sedimentos em suspensão (como
observado no mapa do dia 05/11) e somente com visitas de campo e sobrevoos é
possível uma análise mais detalhada da dispersão e extensão da pluma decorrente
do Rio Doce.
As imagens de satélite, no entanto, ajudam a orientar as
pesquisas e direcionar os esforços para as áreas mais afetadas.
Campo de Vento
A direção do transporte da pluma do Rio Doce é
influenciada principalmente pelo campo de vento, que altera a circulação na
costa através de correntes localmente geradas pela ação dos ventos ou pela
chegada de ondas oceânicas.
Desde o dia da chegada da lama à costa houve a
predominância de ventos alísios de Nordeste na região, porém foram observadas
alterações no campo de ventos ao largo do Espírito Santo influenciadas pela passagem
de sistemas frontais.
As imagens a seguir foram geradas com dados do
escaterômetro ASCAT a bordo do satélite MetOp-A, que é capaz de estimar a
direção e intensidade dos ventos superficiais no oceano.
No dia 21 de novembro houve a aproximação de um sistema
frontal que trouxe ventos de Sudeste e Sudoeste para a foz do Rio Doce. A
figura 3 apresenta o campo de ventos gerado com os dados de satélite e a carta
sinótica produzida pelo CPTEC/INPE.
No dia 26 de novembro, a imagem apresenta uma situação
típica de período pós-frontal (após a passagem de sistema frontal), onde há o
início de atuação de um centro de alta-pressão com a chegada de ventos de
Sudeste à região. A figura 4 mostra o campo de ventos gerado com os dados de
satélite e a carta sinótica produzida pelo CPTEC/INPE.
De acordo com o monitoramento oceanográfico por satélite
realizado pelos técnicos do INPE, a imagem do dia 28 de novembro (abaixo)
apresenta uma situação típica de influência de ventos alísios de Nordeste na
região.
No dia 1° de dezembro houve chegada de um sistema
frontal, gerado pelo ciclone extratropical observado na figura anterior, na
região da foz do Rio Doce, trazendo ventos de Sudoeste, conforme figura abaixo.
Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)
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