LIT Quer Crescer Para Testar SGDC-2

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada na edição de novembro do “Jornal do SindCT”, tendo como destaque o projeto de ampliação do Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Duda Falcão

NOSSO TRABALHO

Projeto de expansão gera controvérsias

LIT Quer Crescer Para Testar SGDC-2

Inaugurado em 1987, o Laboratório de Integração e Teste é uma vitrine do INPE
e do Programa Espacial Brasileiro (PEB). É referência para testes que visam atende
tanto às demandas do setor espacial como de outros setores industriais.

Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 42
Novembro de 2015

Foto: Shirley Marciano
Carlos Lino e Geilson Loureiro

Não há dúvida: o Laboratório de Integração e Teste (LIT) é uma vitrine do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Programa Espacial Brasileiro (PEB). O LIT é referência não só para testes que visam atender às demandas internas da área espacial, mas também às de diversos setores industriais. Inaugurado no final de 1987, ele possui capacidades de metrologia, qualificação de componentes para aplicações espaciais, ensaios ambientais, montagem, integração e testes funcionais de produtos espaciais. É neste laboratório que é testada a capacidade de um produto de resistir às condições a que será submetido, como a vibração ao ser lançado, as variações térmicas e de vácuo da órbita e a compatibilidade eletromagnética.

Geilson Loureiro, chefe do LIT e coordenador do projeto de expansão do laboratório, defende sua ampliação para possibilitar testes em satélites de maior porte e complexidade, como é o caso da segunda geração do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC), prevista para 2021 (já que o primeiro será integrado e testado na França até setembro de 2016). O complexo, que possui 22 mil m2 , passaria a ter mais 14 mil m2 após a ampliação.

Contudo, para viabilizar a expansão do LIT será necessário um investimento total de R$ 260 milhões. Um convênio com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), assinado em 2013, já assegura a obtenção de mais de 20% daquele montante, ou seja: R$ 45 milhões. Para atender esta demanda, será necessário obter força de trabalho especializada, com capacidade técnica para desenvolver as tarefas requeridas. Portanto, tanto o funcionamento do prédio quanto a força de trabalho devem ser contabilizados em termos de custos perenes, além da obra civil, construção e montagem de todo o complexo.

Loureiro defende o empreendimento vislumbrando testes com o SGDC-2, mas a expansão é passível de questionamentos no que se refere à sua viabilidade, quanto à relação custo-benefício — pois, até onde se sabe, o próprio INPE tem defendido projetos de satélite de menor porte. Seria apropriado investir em um laboratório fadado a uma exígua demanda?

Não há dúvidas de que a Argentina já ultrapassou o Brasil em termos de programa espacial. Entretanto, seu laboratório de testes foi construído somente em 2010, pois antes seus satélites eram testados e integrados justamente no LIT-INPE. Exemplo que no mínimo suscita dúvidas quanto ao que deve vir primeiro. Diante de tantos outros setores que precisam avançar, conferir eventual prioridade à obra de expansão neste momento não seria algo semelhante a começar uma casa pelo telhado?

O chefe do LIT sustenta, porém, que é necessário estar preparado para as oportunidades, porque não se qualifica força de trabalho da noite para o dia para realização de serviços dessa natureza. “Somente a integração e os testes do SGDC-2, projeto orçado em R$ 2,2 bilhões inicialmente, já justificam a expansão do laboratório. A previsão de término da obra é 2020, em tempo de participar dos testes do Satélite Geoestacionário 2”, explica.

Projeto Arrojado

O projeto em si é arrojado e não desabona seus idealizadores, que com boas intenções tentam fazer o PEB avançar, mas uma reflexão é necessária. A ampliação planejada consistiria em:

1) ampliação da capacidade de realização de ensaios dinâmicos de 160 kNewtons para 300 kNewtons;

2) construção de uma sala de integração com pé direito útil de 15 metros (em vez dos atuais oito metros) e que permita a abertura de painéis solares e de antenas de radar de até 30 metros;

3) implantação de capacidade de medidas de antenas, em campo próximo e em campo impacto, de satélites-radar e de telecomunicações com antenas de 5,5 metros de dimensão máxima, contra os 90 centímetros atuais.

A expansão pretendida seria dividida em três fases, e o cronograma dependeria da disponibilização dos recursos:

1) projeto executivo e prédio das câmaras;

2) construção do prédio de integração;

3) aquisição de meios de testes.

Hoje, 97% das antenas comerciais produzidas no Brasil são testadas no LIT, que além desta área qualifica produtos das indústrias automobilística, de telecomunicações, de informática, de defesa e médico- -hospitalar. Graças a estes serviços prestados são arrecadados anualmente cerca de R$ 10 milhões.

Carlos de Oliveira Lino, gerente de qualidade do LIT, afirma que se os testes ficassem sob a responsabilidade das empresas as despesas seriam repassadas ao contrato. Portanto, ficaria tudo muito mais caro para o país. “A construção do LIT permitiu obter uma capacidade estratégica para o programa espacial. Se o país não tivesse essa capacidade, o PEB ficaria precarizado, pois alguns testes teriam que ser feitos no exterior, o que tornaria tudo mais caro porque estes custos adicionais teriam que ser bancados pelos projetos”, diz.

Loureiro, por sua vez, explica que o LIT não visa lucro. “Os testes externos cumprem a função de treinar e capacitar a equipe, além de manter os equipamentos em pleno funcionamento para receber os produtos espaciais. Em outras palavras, os objetivos são: treinamento de pessoal, mitigação de custos e desenvolvimento de processo. Podemos definir que tudo tem por finalidade o programa espacial, já que os testes externos são realizados pensando no benefício que agregam ao desempenho do laboratório”. Em números absolutos, “cerca de um terço dos testes é realizado para as indústrias não espaciais e o restante para o PEB, INPE e DCTA”.

O quadro de pessoal enxuto do INPE é um problema que pode ser agravado numa eventual expansão do LIT. No dia 18 de dezembro encerra-se o contrato de trabalho de celetistas contratados sob a lei 12.349. Destes, 14 prestam serviço ao LIT para integração dos satélites CBERS 3 e 4 e da Plataforma MultiMissão Amazônia 1 (PMM/AMZ-1). Também serão desligados, em abril de 2016, os terceirizados da FUNCATE, em cumprimento ao Termo de Ajuste de Conduta firmado entre INPE/ LIT e o Ministério Público Federal (MPF).

A atual força de trabalho do LIT é composta por funcionários próprios, celetistas e bolsistas, 219, dos quais apenas 54 pertencem ao Regime Jurídico Único (RJU). Loureiro afirma que no projeto de expansão está prevista a contratação de pessoal, mas não especifica de que modo se daria.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 42ª - Novembro de 2015

Comentário: Pois em minha opinião a jornalista Shirley Marciano marca um ponto interessante com esta matéria. Será que vale a pena investir numa ampliação desta magnitude no LIT para atender a um único projeto que nem sequer se tem a certeza de sua concretização? Qual a garantia que o Dr. Geilson Loureiro pode dar a Sociedade Brasileira de que o SGDC 2 sairá do papel e que será realmente integrado no país? E mesmo que possa (coisa difícil, rsrsrsrsrs), vale a pena investir tanto para atender um único projeto? Não seria melhor investir estes recursos em tecnologia sensíveis que o país ainda não domina, como por exemplo, tecnologias e infraestrutura associadas a satélites e foguetes. O IAE, por exemplo, está precisando de infraestrutura na área de propulsão líquida (precisa de um banco de testes a quente de pelo menos 100kN para poder realizar os testes com o motor L75). O que na realidade estão pretendendo, construir um elefante branco? Porque não identificar quais são as prioridades e ataca-las com firmeza, visão, determinação e comprometimento. Fica até parecendo que algo obscuro está impedindo que o Brasil alcance estas tecnologias, pois a estupidez e falta de visão chega a tal nível que é difícil de acreditar que não tenha “BOI NA LINHA”.

Comentários

  1. Caro Duda,
    2,2 bilhões custou a compra do CGDC, quanto terá custado a construção do Arsat pelos argentinos?

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  2. Unknow: Hola, el Arsat 1 costó 270 millones de dólares y el Arsat 2 250 millones de dólares, aclaro que ambos precios 1) incluyen el desarrollo y la construcción, 2) el servicio de vuelo del cohete Ariane y 3) la póliza aseguradora y re-aseguradora. Otro destaque es que el Arsat 2 salió mas barato que el Arsat 1 en su integración, y eso que cuenta con mas transponder y un poco mas de peso, y eso se debe a que gracias a la experiencia ganada en la construcción del priemr satélite, ya en el segundo se tardó menor tiempo, o sea se precisó de menor cantidad de horas/hombres en técnicos e ingenieros. El Arsat 1 tardó 3 años en su planificación y desarrollo (2007-2010) y 4 años en su integración testes (2010-2014) o sea 7 años; pero el Arsat 2 solo tardó 3 años y medio en todas sus fases. El Arsat 3 bajará aún mas el costo, está proyectado que se lo lance en 2018/2019. Saludos.
    José Martínez

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