INPE Testa com Sucesso Propulsor Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (24/06) no site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) destacando
que um propulsor monopropelente a
hidrazina de 200N de empuxo foi testado com sucesso pelo INPE.
Duda Falcão
INPE Testa com Sucesso Propulsor
Espacial
Segunda-feira,
24 de Junho de 2013
Um propulsor monopropelente a hidrazina de 200N de empuxo
foi testado com sucesso pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
De forma inovadora, foi utilizado um novo catalisador de decomposição da
hidrazina, o carbeto de tungstênio (W2C), muito mais barato do que o
catalisador comercial feito de uma alumina especial que serve de suporte ao
irídio (Ir), elemento raro e caro, o que inviabiliza seu emprego em grandes
quantidades em propulsores de maior empuxo e tempo curto de acionamento. Os
testes foram realizados em maio no Laboratório de Combustão e Propulsão (LCP), no
INPE de Cachoeira Paulista.
O propulsor de 200N faz parte de um grande projeto do
Grupo de Propulsão do INPE, cuja etapa inicial avaliou com sucesso um propulsor
de 35N e que busca o desenvolvimento de motores monopropelentes e bipropelentes
com empuxo de até 800 N. Motores bipropelentes nesta faixa de empuxo são
utilizados em blocos de aceleração de apogeu de satélites geoestacionários.
Motores monopropelentes são largamente utilizados em controle de rolamento de
veículos lançadores ou em manobras orbitais com requisitos de incrementos de velocidade
inferiores a 200 m/s.
O desenvolvimento desta tecnologia, de caráter
multidisciplinar, envolve especialistas de diferentes áreas, como propulsão,
química e catálise, além de diversos setores do INPE, como a Divisão de
Mecânica Espacial e Controle da Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial
(DMC/ETE), o Laboratório de Integração e Testes (LIT) e o próprio LCP.
Projetado na DMC/ETE sob a coordenação de José Nivaldo
Hinckel, o propulsor de 200N foi produzido pela Meson Engenharia. A produção do
catalisador e a operação de carregamento foram realizadas por José Augusto
Jorge Rodrigues, do LCP. Já a avaliação dos propulsores deste desenvolvimento
foi realizada no Banco de Testes com Simulação de Altitude (BTSA) do LCP, cujo
responsável é Aguinaldo Martins Serra Junior.
“O desempenho obtido com o propulsor de 200N foi
excelente. O empuxo e impulsão específica previstos no projeto foram atingidos,
indicando que mais uma etapa do desenvolvimento foi vencida. O propulsor foi
testado em modo contínuo e modo pulsado por um tempo acumulado de teste
superior a 300s. Desta forma, o INPE se insere no rol das instituições a nível
mundial a dominar esta tecnologia de propulsão, com o diferencial de empregar
catalisador de baixo custo, inédito na literatura especializada”, comemora José
Augusto Jorge Rodrigues, do LCP/INPE.
Com o êxito do propulsor de 200N, o Grupo de Propulsão do
INPE inicia uma nova etapa do projeto, que consiste no desenvolvimento de um
propulsor de 400N.
Propulsor de 200N e ampolas contendo o novo catalisador carbeto de tungstênio (W2C) |
Propulsor sendo carregado com o catalisador carbeto de tungstênio (W2C) |
Câmara de vácuo e propulsor em funcionamento |
Fonte:
Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Comentário:
Bom, bom, muito bom mesmo essa notícia, mas o meu entusiasmo pode confundi um
pouco o leitor menos informado, já que uma de minhas bandeiras contra a ACS é justamente
o uso da Hidrazina pelos motores do tóxico Cyclone-4. Entretanto, a situação aqui é bem diferente,
pois propulsores monopropelentes ou bipropelentes a hidrazina de
200N como esse desenvolvido pelo INPE são extremamente pequenos e utilizados normalmente
em motores de satélites para correção de orbita. Já os de 400N são utilizados
geralmente em motores de controle de rolamento de veículos lançadores como os do
VLS-1, e os de 800N em blocos de aceleração de apogeu de satélites
geoestacionários. No entanto, além de pequenos todos eles são utilizados no
vácuo do espaço, bem diferente dos dois primeiros estágios do Cyclone-4 que,
carregados com toneladas dessa substância, jogará sobre as cabeças dos desinformados
maranhenses esse lixo tóxico a cada lançamento. Lamentável. Apesar de ser menos
poluente, a opção escolhida pelo INPE não é a ideal ainda, e já existe até
mesmo no país solução melhor, mas não resta dúvida que para esses casos o uso
da hidrazina continua ainda sendo a opção mais utilizada no mundo.
Comentários
Postar um comentário