Brazucas Buscam Aplicações Fotônicas do Grafeno
Olá leitor!
Agência
FAPESP – O
grafeno, que tem sido chamado de “a matéria-prima do século 21”, com enormes
aplicações potenciais, já está no rol da pesquisa avançada em andamento no
Brasil.
Segue abaixo uma nota postada dia (17/05) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que o “Grafeno”,
considerado como sendo a matéria-prima do século 21, já está no rol da pesquisa
avançada em andamento no Brasil.
Duda Falcão
Especiais
Pesquisadores Buscam Aplicações
Fotônicas do Grafeno
Por José Tadeu
Arantes
17/05/2013
(NUS)
Projeto visa promover a síntese, caracterização e utilização da "matéria-prima do século 21", que poderá ser empregada na fabricação de celulares a aviões |
Um exemplo é
o Projeto Temático “Grafeno: fotônica e optoeletrônica. Colaboração UPM-NUS”,
apoiado pela FAPESP. O projeto, iniciado em abril de 2013 e com duração
prevista até março de 2018, faz parte do Programa SPEC (São Paulo Excellence
Chairs), que busca estabelecer colaborações entre instituições do Estado de São
Paulo e pesquisadores de alto nível radicados no exterior. A colaboração, no
caso, foi firmada entre a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e o
pesquisador Antonio Hélio de Castro Neto, coordenador do Temático.
Dividindo
seu tempo entre as funções de diretor do Graphene Research Center da National
University of Singapore (Cingapura) e professor de Física da Boston University
(Estados Unidos), o brasileiro Castro Neto já esteve duas vezes em São Paulo
neste ano para dar início aos trabalhos. E deverá continuar vindo regularmente
durante toda a vigência do projeto.
O horizonte
de aplicação da pesquisa está muito mais próximo do que as datas inicial e
final do Projeto Temático sugerem, pois representantes de empresas
classificadas entre as maiores do país têm se reunido com os pesquisadores
visando estabelecer parcerias. E várias delas estarão representadas em um
grande evento agendado para os dias 27 e 28 de maio em Cingapura – a Rede
Brasil-Cingapura de Oportunidades em Tecnologia (RBCOT).
“Nosso
projeto tem, resumidamente, três objetivos: realizar a síntese artificial do
grafeno; caracterizar fisicamente o material produzido, tanto do ponto de vista
estrutural quanto eletrônico; e, a partir dele, construir dispositivos
optoeletrônicos, com aplicação em comunicações ópticas e outras”, disse Castro
Neto à Agência FAPESP.
Para isso, o
projeto contará com o Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno, Nanomateriais e
Nanotecnologia (MackGrafe), em construção no campus Higienópolis da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, com apoio financeiro da
FAPESP dentro do Temático. Primeiro do gênero no Brasil, o Centro, que tem
inauguração prevista para maio de 2014, disporá de equipamentos sofisticados
espaçosamente distribuídos por uma área de 6.500 metros quadrados.
Além de
produzir conhecimento científico, o MackGrafe terá como atribuição desenvolver
produtos que gerem patentes, licenças e royalties à instituição na qual
está sediado. “A aplicação mais imediata que temos em mente é a criação de
moduladores de grafeno para uso em comunicação optoeletrônica”, afirmou Eunézio
Antonio Thoroh de Souza, coordenador do MackGrafe e um dos pesquisadores
principais do Temático.
Para
entender esta e outras possibilidades de aplicação, é preciso saber algo sobre
a estrutura do grafeno. Trata-se de uma lâmina quase bidimensional de átomos de
carbono, organizados em uma rede de padrão hexagonal. Essa rede, cuja
superfície pode, em princípio, estender-se indefinidamente, tem apenas um átomo
de espessura. Sua surpreendente estabilidade decorre da forte ligação que os
átomos de carbono estabelecem uns com os outros.
Cada átomo,
que possui quatro elétrons na camada eletrônica externa, se liga a outros três
átomos, ficando o quarto elétron relativamente solto sobre ou sob a superfície
da rede. São esses elétrons frouxamente ligados – e por isso bastante móveis –
que tornam o grafeno um excelente condutor de energia elétrica. Por outro lado,
a espessura de apenas um átomo faz com que a lâmina seja transparente. A
excelência optoeletrônica do material deve-se à conjugação das duas
características: condutividade e transparência.
“Sendo
transparente, o grafeno pode ser atravessado pela luz, que, ao passar, excita
os elétrons livres na superfície da lâmina, gerando corrente elétrica. Então,
ocorre a conversão praticamente imediata de energia luminosa em energia
elétrica. Essa conversão é exatamente o que o modulador de frequência óptica
faz”, explicou Castro Neto.
Castro Neto,
considerado uma das maiores autoridades mundiais na área, trabalhou com o russo
naturalizado holandês Andre Geim, ganhador do Prêmio Nobel de Física de 2010
por sua pesquisa sobre o grafeno. Juntos, assinaram três artigos científicos.
O método
engenhoso utilizado em 2004 por Geim para obter pela primeira vez o material
foi aplicar uma fita adesiva sobre uma placa de grafite e, com ela, retirar uma
lâmina de grafeno, pois o grafite é formado exatamente pelo “empilhamento”
dessas redes hexagonais de carbono. “Mas os conhecimentos evoluíram muito desde
2004. Atualmente, produzimos grafeno artificialmente, por meio de catálise”,
disse Castro Neto.
Thoroh de
Souza explica com mais detalhes como esse processo ocorre. “O ponto de partida
é aquecer um hidrocarboneto [substância química constituída apenas por
átomos de carbono (C) e de hidrogênio (H)] em estado gasoso. Por um
mecanismo conhecido como ‘chemical vapor deposition’ [deposição química de
vapor], os átomos de carbono e hidrogênio aquecidos se depositam sobre uma
superfície metálica [como o cobre, por exemplo] adotada como suporte. Ao se
depositarem, eles se arranjam naturalmente na rede hexagonal.”
Suporte e Subgrupos
Segundo os
pesquisadores, as perspectivas de aplicação do grafeno vão de telefones
celulares a aviões. A versatilidade do material deve
transformar radicalmente a configuração e o funcionamento de um sem número
de equipamentos usados no dia a dia e propiciar a criação de muitos outros.
Em razão
de sua estrutura quase bidimensional, o grafeno sempre precisa de um
suporte. E um dos grandes desafios técnicos associados à sua produção é como
transferir a rede de carbonos da base metálica para outra base composta por um
polímero.
“Um dos
métodos é depositar o polímero sobre a placa metálica que já aderiu à rede de
grafeno. E, depois, corroer o metal, deixando o grafeno preso no polímero”, disse
Thoroh de Souza.
“Tudo isso é
crucial para a aplicação tecnológica, pois as muitas funcionalidades do grafeno
dependem do tipo de suporte, bem como da pureza, do tamanho dos grãos e de
outras características físicas do material”, comentou Castro Neto.
Para dominar
todo o ciclo, que vai da síntese à aplicação, a equipe do projeto foi, grosso
modo, estruturada em três subgrupos: o “subgrupo dos químicos”, encarregado da
síntese e caracterização do grafeno; o “subgrupo dos engenheiros de materiais”,
encarregado da transferência da placa de grafeno para outros substratos; e o
“subgrupo dos físicos e engenheiros eletricistas”, encarregado do projeto dos
dispositivos optoeletrônicos.
“Essas
subequipes estão formadas, mas ainda há posições em aberto”, informou Thoroh de
Souza. Informações a respeito das oportunidades podem ser acessadas no site do
MackGrafe, na entrada “Positions”, disponível na barra horizontal do menu. Uma
vaga de pós-doutoramento, com Bolsa da FAPESP, pode ser conferida no site Oportunidades da
FAPESP.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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