SISROT: O Sistema de Rastreio Óptico do CLA
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante nota do companheiro jornalista André Mileski, e postada dia (22/08) no blog “Panorama Espacial”, dando destaque ao “Sistema de Rastreio Óptico (SISROT) do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
Duda Falcão
SISROT: O Sistema de Rastreio Óptico do CLA
André M. Mileski
22/08/2011
Nos últimos anos, a infraestrutura do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, tem sido submetida a sucessivos processos de atualização e ampliação, em linha com uma retomada, mais concreta, do programa de lançadores e foguetes de sondagem do Programa Espacial Brasileiro. Dentre as novas capacidades inseridas no CLA, destaca-se um dispositivo para o acompanhamento de lançamentos em sua fase inicial, chamado Sistema de Rastreio Óptico (SISROT).
O SISROT tem como objetivo rastrear foguetes nos primeiros instantes da missão. Quando operacional, o sistema produzirá imagens dos lançamentos e fornecerá, em tempo real, informações de posição angular (azimute, elevação e distância) do "alvo" para a central de dados de lançamento. As imagens são geradas por câmeras CCD (detecção do alvo com luz visível) e infravermelho (detecção do alvo com raios infravermelho), ambas utilizadas para determinar as coordenadas de azimute e elevação do alvo. A câmera de rastreio de Infravermelho permite a detecção de alvos de 2,3 m × 2,3 m em altitudes de até 16 km, enquanto que as medições de distância são obtidas por meio de um telêmetro laser, com alcance de até 20 km.
O contrato para o desenvolvimento e construção do SISROT, no valor aproximado de R$ 5,4 milhões, foi assinado em outubro de 2006, e a previsão é que o equipamento seja entregue para operação no CLA no próximo mês, em setembro.
O sistema foi desenvolvido pela Omnisys Engenharia, de São Bernardo do Campo (SP), indústria que também teve ou tem envolvimento em outros projetos na área espacial, como cargas úteis e sistemas de serviço para satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e a modernização de radares de trajetografia do CLA e do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), no Rio Grande do Norte, entre outros. A Omnisys Engenharia é a plataforma industrial local do grupo francês Thales.
Fonte: Blog Panorama Espacial - André Meliski
Comentário: É super importante em primeiro lugar saber se esse equipamento foi uma compra de um produto francês já existente no mercado e simplesmente montado no Brasil pela a Omnisys Engenharia ou foi desenvolvido exclusivamente para atender o CLA com recursos públicos do povo brasileiro? Temos de avaliar caso a caso, e no primeiro caso em nossa opinião deveria ter havido algum envolvimento brasileiro, seja com a participação de técnicos do DCTA/IAE e/ou de alguma empresa realmente brasileira na montagem desse equipamento. Já a segunda situação, caso tenha ocorrida, é ainda mais grave, diria gravíssima, pois envolve o investimento público em prol de uma empresa estrangeira sem qualquer retorno tecnológico ao país, demonstrando o quanto são incompetentes e irresponsáveis as pessoas que estabeleceram as exigências desse contrato e o negociaram, inclusive levantando suspeitas sobre a lisura do mesmo. Como brasileiro me sinto lesado e cobro das ‘otoridades’ responsáveis explicações sobre esse episódio.
Se eu não me engano este equipamento foi desenvolvido para atender o CLA mas o maior problema é que a Omnisys era capital nacional o governo não fez nada e agora ela é 100% controlada pelos Franceses.
ResponderExcluirOlá Edgar!
ResponderExcluirÉ justamente por conta disso o meu comentário, em outras palavras, tanto a compra de um produto francês já desenvolvido e montado no Brasil pela Omnisys sem qualquer acompanhamento de técnicos brasileiros ou o desenvolvimento de um novo produto com recursos do povo brasileiro sem transferência de tecnologia em ambos os casos o Brasil foi lesado.
Abs
Duda Falcão
Boa dia,
ResponderExcluirO Sisrot foi desenvolvido integralmente no Brasil com técnicos e engenheiros brasileiros. Teve parceria de professor da Unicamp e engenheiros formados na USP. A França possui equipamento semelhante, mas por questão de segurança nacional, não teve-se acesso a tecnologia, designe ou projeto.
Foram 2 anos de projeto e desenvolvimento com muitas alterações, ensaios e desafios. Dificuldade inclusive em adquirir componentes de uso normalmente militar, dificuldade em conseguir a precisão necessária e integração com todos os conjuntos. Ocorreram atrasos por conta disso, mas no final tudo deu certo. O equipamento está instalado e funcionando no CLA.
Garanto que o Sisrot foi desenvolvido integralmente no Brasil, com engenheiros brasileiros e sem nenhuma interferência ou ajuda da Thales. Me orgulho de ter participado desse projeto e ter criado algo até então nunca feito no Brasil. Hoje posso afirmar que adquirimos conhecimento, experiência e temos capacidade para desenvolver outros sistemas de rastreio.
Bom dia Anônimo!
ResponderExcluirAgradeço pela sua participação e esclarecimentos amigo. Entretanto, mesmo que o SISROT tenha sido desenvolvido integralmente no Brasil, por técnicos brasileiros como você diz, isso não muda o fato da Omnisys ter seu controle acionário do grupo THALES, e é difícil de acreditar que nessa situação o controle dessa tecnologia não esteja também na mão deles. Se assim for, isso significa que recursos públicos foram investidos em um equipamento que tem controle estrangeiro. Entendo que o conhecimento adquirido no desenvolvimento está no país, mas o controle desse conhecimento não está, já que a equipe que desenvolveu esse equipamento responde a Omnisys e não a uma empresa genuinamente brasileira. Está é a nossa opinião.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Acredito que mais importante que o controle da tecnologia foi o conhecimento adquirido. Isso ninguém pode ser tirado de nós brasileiros que participamos do projeto. Podemos realizar novamente esse trabalho em outras empresas sem ter nenhuma documentação do projeto. O fato da Omnisys ser controlada por uma empresa estrangeira também tem seu lado positivo, pois está ocorrendo transferência de tecnologia, antes dominada apenas por outros países. Vendo por este lado, isso é bom para o país e para nós técnicos e engenheiros.
ResponderExcluirOlá Anônimo!
ResponderExcluirConcordo contigo que o conhecimento adquirido tem seu valor nessa história. Entretanto, ele foi aplicado para desenvolver um equipamento onde o conhecimento está sob controle de uma empresa estrangeira. Em outras palavras, enquanto o mesmo não for desenvolvido sob controle brasileiro, é um equipamento estrangeiro. Sendo assim, não devia ter sido aplicado recursos do povo brasileiro para o seu desenvolvimento, a não ser se não houvesse competência no país para tanto (coisa que ficou provado não ser verdadeira), e nesse caso, e só nesse caso, o contrato teria que prever a transferência de tecnologia ou o desenvolvimento conjunto para/com uma empresa brasileira. Está é a nossa opinião. O conhecimento adquirido só terá valor quando ele estiver sob controle de uma empresa genuinamente brasileira, coisa que não acontece com a Omnisys (a Omnisys tem de ser tratada com empresa estrangeira e não nacional), mas poderá acontecer a partir do momento que a equipe que desenvolveu esse equipamento sair da empresa e desenvolver seu próprio equipamento. Entretanto, a culpa não é sua e nem da equipe que trabalhou nesse projeto, e sim dos de...loides do governo que conduziram as coisas dessa maneira, e como sempre quem pagou o pato foi o povo e a nação. Quanto ao que você disse em relação a está ocorrendo transferência de tecnologia, perdoe-me amigo, mas a meu ver o que está ocorrendo é o repasse de tecnologia da matriz para a filial (subsidiária), visando facilitar as coisas. É verdade que com isso os técnicos brasileiros que trabalham na Omnisys adquirirão algum conhecimento, não resta dúvida disso, mas só poderão aplicá-lo de forma benéfica para a nossa sociedade quando for conveniente para aqueles que são donos do conhecimento, ou quando deixarem a empresa, antes disso não.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)