SindCT Entrega Carta Aberta ao Ministro Aldo Rebelo (MCTI)
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia publicada dia (11/09) no site do SindCT informando que o presidente deste
sindicato entregou durante a solenidade de comemoração pelo aniversário do INPE
uma Carta Aberta ao ministro Aldo Rebelo (MCTI). A carta segue abaixo na integra.
Duda Falcão
Notícias
do SindCT
SindCT
Entrega Carta Aberta
ao Ministro Aldo Rebelo
(MCTI)
Site do SindCT
11 de setembro de 2015
Após a cerimônia em
comemoração ao aniversário do INPE, realizada na última sexta-feira, o
presidente do SindCT, Ivanil Elisiário Barbosa, conversou com o Ministro Aldo
Rebelo e lhe entregou uma carta aberta.
Leia o conteúdo da carta
abaixo:
CARTA ABERTA DO SINDCT
AO MINISTRO ALDO REBELO
São José dos Campos, 4
de setembro de 2015.
Ao Excelentíssimo Senhor
JOSÉ ALDO REBELO
FIGUEIREDO
Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI
O Sindicato Nacional dos
Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia no Setor
Aeroespacial (SindCT), em nome dos servidores do INPE, DCTA e CEMADEN,
aproveitando a visita de V. Exa. ao INPE na ocasião de seu 54º aniversário, vem
externar a V. Exa. um balanço sintético que vimos construindo ao longo dos últimos
anos acerca dos rumos do Programa Espacial Brasileiro (PEB).
Como é do conhecimento
de V. Exa., o PEB tem seus primórdios no Brasil em meados da década de 1950,
com a criação do ITA e do IAE, ambos pertencentes ao CTA (hoje DCTA), e, em
1961, com a criação do Gocnae, que viria a se transformar no INPE. Desde então
tem cabido fundamentalmente ao IAE e ao INPE a responsabilidade pela execução
das atividades previstas no Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).
Ao longo destas mais de
seis décadas o PEB experimentou períodos de grande efervescência, com o
desenvolvimento da família de foguetes de sondagem Sonda pelo IAE, a criação do
Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), a implantação da
infraestrutura necessária para o projeto, fabricação e teste de satélites no
INPE, culminando com a aprovação da chamada Missão Espacial Completa Brasileira
(MECB), em 1980, quando o país se impôs a meta de dominar o ciclo completo de
acesso ao espaço, com a colocação de um satélite em órbita, por meios próprios,
a partir do território nacional. Conforme lembrado por V. Exa. em discurso
proferido aos formandos da pós-graduação do ITA em junho deste ano, a MECB foi
abandonada sem alcançar o objetivo a que se propunha.
Hoje o PEB vive um
paradoxo: apesar de os recursos destinados ao PNAE terem saltado de menos de R$
100 milhões em 2000, para mais de R$ 300 milhões anuais, nunca esteve tão
abandonado e enfraquecido em termos de planejamento, objetivos e metas a serem
alcançadas, a ponto do Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) ser
conhecido jocosamente no meio técnico como uma "peça de ficção
científica", já que nenhuma de suas metas foram alcançadas, seja no tempo
previsto, seja em tempo algum.
Decisões estratégicas
equivocadas têm trazido enormes desgastes ao PEB, dentre as quais destacam-se:
o acordo de salvaguardas
que se tentou estabelecer com os EUA, em bases totalmente desvantajosas ao
Brasil, em que o país abriria mão da própria soberania sobre sua base de
lançamento em Alcântara. Tal projeto de acordo foi corretamente rechaçado pelo
ex-presidente Lula e pelo Congresso Nacional;
a participação do Brasil
no programa da Estação Espacial Internacional (ISS), que desviou os parcos
recursos do PEB para o desenvolvimento de um único equipamento (que nunca
chegou a ser entregue), com o compromisso de se ter a bordo da ISS um
astronauta brasileiro (objetivo alcançado por meios alternativos, com a compra
de uma passagem para a estação a bordo de um foguete russo, como vêm fazendo
vários outros turistas espaciais);
a criação da estatal
brasileiro-ucraniana Alcantara Cyclone Space (ACS), que previa o lançamento
comercial de satélites por meio de um foguete ucraniano (Cyclone-4), a partir
da base de Alcântara, projeto este que trouxe cerca de um bilhão de reais de
prejuízos aos cofres públicos. Recém extinto sem que nenhum dos objetivos
tenham sido cumpridos, os recursos drenados teriam sido muito importantes para
o desenvolvimento do foguete nacional VLS, totalmente esquecido, sem recursos e
sem equipes, inclusive gerenciais, capazes de fazê-lo avançar;
a criação da
joint-venture Visiona Tecnologia S.A., entre a Embraer e a estatal Telebrás,
que vem atuando apenas como intermediária na aquisição, inteiramente no
estrangeiro, do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC-1),
alijando de seu desenvolvimento não apenas o INPE, mas toda a indústria
nacional que serve ao PEB.
Todos estes problemas
são de conhecimento do governo e das autoridades competentes; basta ver os
vários documentos de balanço do PEB elaborados nos últimos anos pela Comissão
de Altos Estudos da Câmara dos Deputados, pela Secretaria de Assuntos
Estratégicos (SAE) da Presidência da República, além das contribuições dos
próprios profissionais que atuam no setor, por meio da Associação Aeroespacial
Brasileira (AAB) e deste SindCT, que mês a mês vem denunciando os inúmeros
problemas por que passa o PEB.
Não há como eximir a
Agência Espacial Brasileira dos pífios "resultados" do PEB, pois cabe
à AEB o papel fundamental de orientar o governo sobre a política espacial do
país, assim como gerir a execução das metas e projetos a que o país se
prontificou a atingir. Se o Brasil errou e segue errando nos rumos estratégicos
da política espacial, isso se deve antes de tudo a erros da AEB. Para tanto,
consideramos urgente promover uma profunda estruturação desta agência, não
apenas mudando os responsáveis por sua condução, mas também dotando-a de corpo
técnico-administrativo à altura dos grandes desafios que o PEB tem pela frente.
O PEB precisa ser
transformado em Programa Estratégico de Estado, em que o Governo Federal decida
(e dê consequência) sobre o que espera para o país de um programa espacial
autônomo. É o que tem feito, por exemplo, a Argentina, que mesmo enfrentando
dificuldades de ordem política e econômica, tem investido cerca de 1,3 bilhão
de dólares ao ano em seu programa espacial, ou seja, mais de 15 vezes o valor
investido pelo Brasil. Como resultado, o país vizinho está lançando seu segundo
satélite geoestacionário em 11 meses, satélites estes inteiramente projetados,
montados e testados em solo argentino, além de terem retomado o projeto de seu
foguete lançador de satélites, o Tronador II, que já passou por dois testes de
voo em 2014.
Externamos nosso total
acordo com sua proposta de o país retomar a MECB, recolocando para o PEB as
grandes metas ainda não atingidas na década de 1980. Somente com uma AEB forte
e capacitada, recursos continuados e suficientes, fortalecimento do corpo
técnico dos nossos institutos (INPE e DCTA) e, acima de tudo, com a decisão do
Estado em se atingir a tão sonhada autonomia em todo o ciclo de acesso e uso do
espaço, o país poderá mostrar resultados concretos na área espacial.
Por fim, Sr. ministro,
este sindicato recebeu uma grave denúncia: na contramão da necessidade de se
fortalecer o parque industrial aeroespacial brasileiro, a AEB teria decidido
adquirir de "prateleira" o Satélite de Coleta de Dados Hidrológicos –
SCD Hidro, satélite cujo domínio tecnológico o INPE já detém e que poderia plenamente
ser produzido pela indústria brasileira. De acordo com esta denúncia, seria
utilizado o mesmo modelo de contratação do satélite SGDC, com integração pela
Visiona de um produto a ser adquirido integralmente da europeia Thales Alenia,
sem transferência de tecnologia e sem participação da indústria nacional. Já
teriam sido enviados emissários à França para as tratativas da aquisição.
Isto constitui uma
sabotagem ao PEB, num momento em que a indústria aeroespacial brasileira está
encolhendo, demite trabalhadores e desmonta sua infraestrutura. Respeitosamente
solicitamos sua intervenção na averiguação destas informações para que haja um
debate aprofundado desta questão antes que se subtraiam empregos brasileiros e
que seja prejudicada a árdua jornada em busca do fortalecimento da soberania
nacional.
Contamos com sua
colaboração nesta ainda longa e distante jornada.
Ivanil Elisiário Barbosa
Presidente do SindCT
Fonte: Site do SindCT – 11/09/2015
Comentário: Fica claro nesta carta que apesar dos mais de
20 anos de desmandos no PEB, alguns deles citados acima (desde o desgoverno de
Fernando Henrique Cardoso), os
sindicalistas continuam ingênuos acreditando nas promessas e fantasias desses energúmenos
que militam nos bastidores de Brasília, ou então não querem realmente resolver
o problema. Taxar esse verme mentiroso de Excelentíssimo é continuar adotando
uma postura de pedinte invés de ir à luta pelo que dizem defenderem. Esta
postura passiva e amável de respeito aos traidores da pátria até hoje não resultou
absolutamente em nada de concreto, só facilitando a vida política desses vermes
perante o campo onde atuam, resultando em cenas circenses elaboradas pelas suas
assessorias em eventos como este que ocorreu recentemente no INPE, onde se diz
o que se espera ouvir, mas sem qualquer compromisso em cumprir o prometido.
Outra coisa, apesar de achar que o Sr. Braga Coelho é um incompetente, um fantoche
útil para o desgoverno da ‘DebiOgra’, devo dizer que transferir a culpa do que
está acontecendo com o PEB para a sua gestão na AEB parece ser uma estratégia
do SindCT de deixar de fora os verdadeiros culpamos, e assim tentar biscoitar
alguma ajuda. A Sociedade Brasileira precisa entender que o Programa Espacial
Brasileiro (PEB) é um programa governamental que tem sua direção sob a
responsabilidade do Estado Brasileiro representado pelo Poder Executivo
liderado pela Presidência da República. Cabe apenas a AEB coordenar a
operacionalização das atividades estabelecidas pelo Governo Central (para ficar
mais fácil o entendimento). O que acontece é que este governo central não está
nem ai para o país, quanto mais para um programa caro e que não trás nenhum
benefício político na luta pelo poder (não gera voto), já que até mesmo a maior
parte da sociedade mais esclarecida da nação não tem a mínima ideia da importância
de um Programa Espacial para um país como o nosso, e a parte menos esclarecida,
bem, esta continua acreditando que a LUA é a morada de São Jorge. Em resumo, ou
os profissionais da Comunidade Espacial do país se unem e vão a Brasília cobrar
(e não pedir como neste caso acima) como brasileiros que são em respeito ao
país, e a sociedade que dela fazem parte, ou continuarão sendo enganados por
essas raposas profissionais da ilusão travestidas de autoridades. Aproveitamos para agradecer publicamente ao leitor Jahyr Jesus Brito pelo envio desta notícia.
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