Antártica Puxa Alcântara
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo postado hoje (07/03) no site
“Vermelho Portal” destacando que o acidente na base Comandante Ferraz na
Antártida poderá puxar o avanço do Programa Espacial Brasileiro.
Duda Falcão
Antártica Puxa
Alcântara
Por Jaime Sautchuk*
07
de março de 2012 - 1h05
A tradição popular brasileira ensina que, quando alguma
coisa não vai lá muito bem, há que se pôr "fogo no rabo", para que
ande. É o efeito que deve ocorrer com a desgraça do incêndio na base brasileira
na Antártica, na semana retrasada, destruindo edificações, equipamentos,
material de pesquisa e matando dois militares da Marinha.
A previsão é do ministro da Ciência e Tecnologia, Marco
Antônio Raupp, nas incontáveis reuniões e entrevistas de que tem participado
após o acidente. Pela maneira com que ele tem tratado do assunto, podemos
recorrer a outro dito popular: "há males que vêm para o bem".
A principal notícia que ele deu, inclusive em reunião com
onze cientistas de instituições que têm pesquisa na Antártica, foi a de que a
base será reconstruída de imediato. Levará pouco mais de um ano para ficar
pronta, num formato moderno, até mesmo na técnica para produção de energia
elétrica, que será principalmente solar e eólica.
A base no gelo será beneficiada, também, por outra
novidade divulgada pelo ministro. Mas esta é relacionada ao Programa Espacial
Brasileiro, cujos prazos previstos em seu cronograma serão encurtados. Assim, o
satélite geoestacionário brasileiro será lançado, segundo ele, já em 2014 e,
não, em 2020, como vinha sendo programado.
Os testes com um novo veículo lançador serão realizados
já em 2013, para que no ano seguinte esteja pronto para transportar o satélite
que dará alguma autonomia para o Brasil nas telecomunicações. A própria base da
Antártica estará em conexão com os pontos de controle em solo brasileiro
através desse novo satélite, que terá amplo uso militar e civil.
Por isso, os recursos para as duas bases serão ampliados, tanto na esfera da
ciência e tecnologia, como na militar. Seu discurso coincide, aliás, com o do
ministro da Defesa, Celso Amorin, que já colocou os dois navios oceanográficos
da Marinha à disposição dos pesquisadores para que sirvam de bases temporárias a
seus projetos.
Ambos asseguram que há dinheiro para isso, seja no âmbito
dos próprios ministérios, seja nas reservas que a União mantém para situações
de emergência.
Entra em cena também o Ministério das Relações
Exteriores, que negociará espaços temporários com países que mantêm bases
próximas à do Brasil, na Antártica. Aliás, o Itamaraty já agradeceu formalmente
aos governos do Chile e de outros países que ajudaram os brasileiros que estavam
na base no dia do incêndio.
Como é de amplo conhecimento público, para jogar no
espaço seu VLS (Veículo Lançador de Satélites), o Brasil vem enfrentando sérios
problemas, com pressões que vêm principalmente dos Estados Unidos. Os dois
primeiros foguetes lançados na Base de Alcântara, no Maranhão, tiveram de ser
explodidos no espaço, por desvios de rota, em 1997 e 1999.
O terceiro foi alvo daquela explosão nebulosa, em 2003,
ainda em terra, dias antes de ser lançado, em que morreram 21 pessoas, entre
técnicos e cientistas brasileiros. Havia técnicos estadunidenses na base
naquele dia, mas não foram atingidos pela explosão.
É forte a pressão para que o Brasil não entre na chamada
corrida espacial. Não é nem só pelo controle estratégico do espaço, um assunto
de ordem militar. O domínio de tecnologia nesse campo, porém, incomoda aqueles
que hoje dominam a área. E aí entra o aspecto que, no fim das contas, é o que
mais interessa: o econômico.
São poucas as empresas no mundo que controlam o setor.
Por coincidência, as mais poderosas são estadunidenses. Mas, colocar o satélite
no espaço requer, primeiro, o domínio da tecnologia do foguete, que o Brasil
tem capacidade de construir, como já o fez. Mas isto, por enquanto, em parceria
com algum país que tope transferir tecnologia.
Aqui, vale uma explicação. Os dois maiores detentores de
conhecimento neste campo são os EUA e a Rússia, herdeira do aparato central da
antiga União Soviética. O que eles querem evitar é que novos países entrem no
grupo dos que já detêm tecnologia de VLSs, um negócio de bilhões e bilhões de
dólares por ano.
Atualmente, os países que formam esse grupo, além dos
dois maiores, são China, Índia, França, Israel, Japão, Ucrânia, Coréia do Norte
e Irã. Dois desses sistemas têm linhagem genealógica bem clara. O de Israel é
filhote dos EUA. O da Ucrânia vem da antiga URSS, mas hoje sem interferência da
Rússia. Os demais têm fontes próprias, ainda que em parceria com os maiores.
Para obter plena capacidade de lançamento, no entanto, o
Brasil fez um acordo com a Ucrânia, assinado pelo ex-presidente Lula. Foi criada
uma empresa binacional brasileiro-ucraniana denominada Alcântara Cyclone Space,
que, no Brasil, tem sede em Brasília e na Base de Alcântara, no Maranhão.
Esse, pelo adiantado das coisas, é o caminho mais fácil
para o Brasil encurtar o percurso para ter seu foguete de lançamento. Mas aí é
que o bicho pega. Sempre houve, no próprio governo brasileiro, quem discordasse
da parceria com a Ucrânia, em favor de uma abertura para o setor privado, que
iria favorecer empresas dos EUA.
Por isso, o acordo com a Ucrânia, embora formalmente em
funcionamento, vem sendo levado meio em banho-maria. São fortes as pressões dos
EUA e também da Rússia para que o a parceria não funcione. Mas, agora, parece
que as ondas das comunicações via espaço irão andar com mais rapidez. Pelo
menos é o que indica o ministro Raupp, após longas conversas com a presidente
Dilma Rousseff.
Nisso tudo, há a vantagem de que Marco Antônio Raupp não
é um político que virou ministro. Ele é um cientista, que trata com profundo
conhecimento desses assuntos e com respaldo no Palácio do Planalto.
* Trabalhou nos principais órgãos da imprensa, Estado de
SP, Globo, Folha de S.Paulo e Veja. E na imprensa de resistência, Opinião e
Movimento. Atuou na BBC de Londres, dirigiu duas emissoras da RBS.
Fonte: Site Vermelho - http://www.vermelho.org.br/
Comentário: Todos sabem do respeito que tenho pelo
ministro Marco Antônio Raupp, respeito esse de décadas devido ao seu currículo
de realizações. Entretanto se ele disse mesmo que levará pouco mais de um ano
para a construção da base na Antártida ele está delirando. Raupp, cuidado com
as suas promessas, não coloque sobre os seus ombros decisões que não lhe cabem,
principalmente quando quem define são políticos que não valem nada. Essa sua
confiança excessiva nesses energúmenos poderá arranhar a sua brilhante
carreira. Não se vislumbre, por que isso é o que eles querem. Quanto ao
lançamento do satélite SGB em 2014, já disse que não existe essa possibilidade
e desafio a qualquer um me provar do contrário. Me cobrem, pois se assim for,
me retratarei publicamente sem problema, já que o que importa aqui é que o satélite
realmente saia. O lançamento em 2013 citado pelo autor do artigo trata-se do vôo
de qualificação de trambolho tóxico ucraniano CYCLONE-4, e na realidade não é
avanço nenhum, muito pelo contrario. E outra, não me consta que o governo esteja
sofrendo pressão dos EUA a ponto de impedir o lançamento do VLS-1, já que tecnologicamente
não existe mais empecilho algum. O que existe é o boicote do próprio governo
brasileiro ao programa, que como já sabemos, atrasou mais uma vez o lançamento
do VLS-1 XVT-01 em um ano (2013) em
detrimento do programa com a Ucrânia, menina dos olhos desses energúmenos. Eles
já mataram mais dois na Antártida, 21 em Alcântara, e a postura continua a mesma. Caro leitor, deus ajude o povo maranhense.
Olá!
ResponderExcluirPoderiamos fazer uma parceria entre os blogs acabei de cadastrar o seu blog como uns dos meus blogs recomendados!
O meu blog é www.tecnologia-espacial.blogspot.com
Olá Mensageiro!
ResponderExcluirJá está online amigo. Entretanto, por gentileza separe as palavras brazilianspace e coloque BRAZILIAN SPACE no link do seu blog, tá ok?
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
bem que achei estranho VISNAV em 2012, contaram com somente um ano para a AEROELETRONICA desenvolver e qualificar o computador de bordo! existe falta de incentivo do governo, mas isso tbem mostra o que eu havia dito: que os caras são zero à esquerda em gestão de projetos, não contabilizaram tempo de solução de problemas, ensaios, e nem da própria adaptação do software na nova caixa! continuo apostando que essa coisa não voa, bem como não deve ir p frente o acordo com a ucrania... o jeito é um programa espacial parecido com o do Canadá, sem lançadores... infelizmente
ResponderExcluirOlá al.mor!
ResponderExcluirPerdoe-me, mas as coisas não ocorreram como você está pensando. O lançamento do VLS-01 XVT-01 não irá acontecer em 2012, porquê os orçamentos de 2010 e 2011 foram diminuidos impedindo que o IAE pudesse cumprir com o cronograma de pagamentos as empresas envolvidas com a construção do foguete. Havia até uma esperança de que em 2012 se pudesse tirar o atraso, mas infelizmente a DILMA continuou com os cortes que afetam o programa do VLS-1 entre outros projetos do PEB e favorecem o acordo com a Ucrânia.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)