Estudo de Equipe Internacional Comprova Que Buracos Negros Giram
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então, no dia de ontem (28/09) foi postado no site Inovação Tecnológica uma notícia destacando
que segundo estudo de uma equipe internacional que analisou por mais de duas décadas
os dados observacionais da Galáxia M87,
o Buraco Negro Supermassivo no
coração desta galáxia, que ficou famoso ao posar para a Primeira Imagem de um Buraco Negro, confirmou que o jato que sai
deste monstro galáctico oscila,
fornecendo uma prova direta de que os buracos
negros apresenta rotação sobre seu
próprio eixo. Entendam melhor essa
história pela notícia abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Confirmado: Buracos Negros Giram
Redação do Site Inovação Tecnológica
28/09/2023
[Imagem: Yuzhu Cui et al. (2023)/Intouchable
Lab@Openverse/Zhejiang Lab]
Rotação do Buraco Negro
O buraco negro supermassivo no coração da galáxia M87,
que ficou famoso ao posar para a primeira
imagem de um buraco negro, rendeu outra novidade: Acaba de ser confirmado
que o jato que sai desse buraco negro oscila, fornecendo uma prova direta de
que o buraco negro apresenta rotação sobre seu próprio eixo.
Buracos negros supermassivos, monstros até bilhões de
vezes mais pesados que o Sol, são difíceis de estudar porque nenhuma informação
consegue escapar de dentro deles. Teoricamente, existem muito poucas
propriedades que podemos esperar medir. Uma propriedade que possivelmente
poderia ser observada é a rotação, mas, devido às dificuldades técnicas para
isso, até hoje ninguém havia conseguido fazer observações diretas do giro de um
buraco negro.
Para superar essas dificuldades, uma equipe internacional
analisou mais de duas décadas de dados observacionais da galáxia M87. Esta
galáxia, localizada a 55 milhões de anos-luz de distância, na direção da
constelação da Virgem, abriga um buraco negro 6,5 bilhões de vezes mais massivo
do que o Sol e 2.000 vezes mais pesado do que o buraco
negro Sagitário A*, no centro da Via Láctea. No total, mais de 20
radiotelescópios em todo o mundo contribuíram para juntar todos esses dados.
Já sabíamos que o buraco negro M87 tem um disco de acreção
(ou disco de acréscimo), que alimenta o buraco negro com matéria, e um jato, no
qual a matéria é ejetada dos "pólos" do buraco negro a uma velocidade
próxima da velocidade da luz.
O mecanismo de transferência de energia entre buracos
negros e seus discos de acreção e seus jatos relativísticos tem intrigado
físicos e astrônomos há mais de um século. A teoria predominante sugere que a
energia pode ser drenada de um buraco negro em rotação, permitindo que algum
material que o rodeia seja ejetado com grande energia. No entanto, a rotação
dos buracos negros supermassivos, um fator crucial nesse processo e o parâmetro
mais fundamental além da massa do buraco negro, não tinha sido observada
diretamente até agora.
[Imagem: Yuzhu Cui et al. -
10.1038/s41586-023-06479-6]
O estudo liga a dinâmica do jato com o buraco negro supermassivo central, oferecendo evidências de que o buraco negro de M87 gira. |
Precessão do Buraco Negro
Os novos resultados mostram que as interações
gravitacionais entre o disco de acreção e a rotação do buraco negro fazem com
que a base do jato oscile, ou precesse, da mesma forma que as interações
gravitacionais dentro do Sistema Solar fazem com que a Terra apresente o fenômeno
da precessão, a ligeira oscilação do planeta em torno do seu próprio eixo
conforme ele gira sobre si mesmo.
A direção do jato do buraco negro muda cerca de 10 graus,
com um período de precessão de 11 anos, correspondendo às simulações teóricas
rodadas em supercomputadores, fornecendo evidências diretas de que o buraco
negro de fato gira.
"Estamos entusiasmados com esta descoberta
significativa," disse Yuzhu Cui, do Observatório Astronômico Nacional do
Japão. "Como o desalinhamento entre o buraco negro e o disco é
relativamente pequeno e o período de precessão é de cerca de 11 anos, o acúmulo
de dados de alta resolução que rastreiam a estrutura M87 ao longo de duas
décadas e uma análise minuciosa foram essenciais para obter esta
conquista."
Bibliografia:
Artigo: Precessing
jet nozzle connecting to a spinning black hole in M87
Autores: Yuzhu
Cui, Kazuhiro Hada, Tomohisa Kawashima, Motoki Kino, Weikang Lin, Yosuke
Mizuno, Hyunwook Ro, Mareki Honma, Kunwoo Yi, Jintao Yu, Jongho Park, Wu Jiang,
Zhiqiang Shen, Evgeniya Kravchenko, Juan-Carlos Algaba, Xiaopeng Cheng, Ilje
Cho, Gabriele Giovannini, Marcello Giroletti, Taehyun Jung, Ru-Sen Lu, Kotaro
Niinuma, Junghwan Oh, Ken Ohsuga, Satoko Sawada-Satoh, Bong Won Sohn, Hiroyuki
R. Takahashi, Mieko Takamura, Fumie Tazaki, Sascha Trippe, Kiyoaki Wajima,
Kazunori Akiyama, Tao An, Keiichi Asada, Salvatore Buttaccio, Do-Young Byun,
Lang Cui, Yoshiaki Hagiwara, Tomoya Hirota, Jeffrey Hodgson, Noriyuki
Kawaguchi, Jae-Young Kim, Sang-Sung Lee, Jee Won Lee, Jeong Ae Lee, Giuseppe
Maccaferri, Andrea Melis, Alexey Melnikov, Carlo Migoni, Se-Jin Oh, Koichiro
Sugiyama, Xuezheng Wang, Yingkang Zhang, Zhong Chen, Ju-Yeon Hwang, Dong-Kyu
Jung, Hyo-Ryoung Kim, Jeong-Sook Kim, Hideyuki Kobayashi, Bin Li, Guanghui Li,
Xiaofei Li, Zhiyong Liu, Qinghui Liu, Xiang Liu, Chung-Sik Oh, Tomoaki Oyama,
Duk-Gyoo Roh, Jinqing Wang, Na Wang, Shiqiang Wang, Bo Xia, Hao Yan, Jae-Hwan
Yeom, Yoshinori Yonekura, Jianping Yuan, Hua Zhang, Rongbing Zhao, Weiye Zhong
Revista:
Nature
Vol.: 621,
pages 711-715
DOI:
10.1038/s41586-023-06479-6
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