Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo um artigo escrito pelo ‘Cap
Kilmer de Souza e Silva’(oficial do Exército Brasileiro) e publicado
ontem (18/09) no site “Defesanet”,
tendo como destaque o 'Programa Espacial
Brasileiro (PEB)' e o 'Programa
Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE)'.
Brazilian Space
AVIAÇÃO - Especial Espaço - Terrestre
O Programa Espacial Brasileiro: Uma Breve Abordagem do
PNAE e PESE
Via Ricardo Fan
18 de setembro de
2023
Autor: Cap Kilmer de Souza e Silva
O Programa Espacial Brasileiro (PEB) é composto pelo Programa
Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), gerenciado pelo Ministério da Defesa
(MD), e pelo Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), sob os auspícios
da Agência Espacial Brasileira (AEB). Esses dois programas governamentais estão
estreitamente relacionados, já que compartilham o objetivo comum de desenvolver
e utilizar tecnologias espaciais para fins estratégicos. Juntos, eles
representam os esforços do Brasil em explorar o espaço e suas aplicações, em
benefício do País e de sua população.
O PNAE foi formalmente criado em 1994 e, desde então, passou por
diversas versões, cada uma com objetivos específicos. A versão mais recente
desse programa é o PNAE (2022-2031), lançado em agosto de 2021, que tem como
meta centralizar as ações do programa em cinco áreas estratégicas: observação
da Terra, comunicações, navegação, ciência e tecnologia espacial. Para alcançar
essas metas, o programa trabalha em três dimensões: estratégica, tática e
setorial. Na Dimensão Estratégica, o programa visa apresentar uma Estratégia
Nacional de Espaço embrionária, que direcionará as ações e projetos do
PNAE em todo o País.
Na Dimensão Tática, o objetivo é estabelecer os eixos de atuação que
atenderão à Dimensão Estratégica, além de definir as diretrizes que
nortearão as entregas e a organização dos Programas Setoriais. Quanto à
Dimensão Setorial, essa representa o conjunto de entregas previstas pelo PNAE
2022-2031, que abrange uma ampla gama de benefícios para a sociedade. Além dos
artefatos espaciais, como satélites e lançadores, o programa inclui programas,
planos e iniciativas estruturantes que visam fomentar o desenvolvimento do
setor aeroespacial nacional e contribuir para o avanço científico e tecnológico
do País.
Um dos principais produtos do PNAE é o satélite Amazônia-1, um satélite
de sensor óptico, que foi o primeiro objeto espacial desenvolvido integralmente
pelo Brasil. O projeto foi liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) em colaboração com diversas empresas nacionais, e tem como objetivo
monitorar a Amazônia e outras regiões do País. O Amazônia-1 foi lançado em
fevereiro de 2021, a partir do Centro de Lançamento Satish Dhawan, na Índia,
por meio do foguete Polar Satellite Launch Vehicle (PSLV).
O satélite Amazônia-1 é equipado com uma câmera de imageamento óptico
capaz de capturar imagens com 60 metros de resolução espacial, as quais podem
ser usadas para monitorar aspectos ambientais, agrícolas e desastres naturais.
Ele foi projetado para operar em uma órbita solar síncrona, a uma altitude de
750 km, e é capaz de fornecer imagens da superfície terrestre com um tempo de
revisita de até 5 dias. O satélite também possui capacidade de armazenamento
interno para cerca de 700 imagens.
O PESE, por sua vez, é um programa mais recente, lançado em 2012 como
parte da Política Nacional de Defesa. Seu objetivo precípuo é desenvolver e
operar sistemas espaciais para fins de defesa e segurança nacional, incluindo
satélites de observação, sistemas de comunicação e sistemas de posicionamento
global. Assim, através de suas diretrizes, fornece subsídios legais para
fortalecer a autonomia e a capacidade tecnológica do País no setor espacial.
O PESE visa promover a independência e a soberania nacional no setor
espacial, além de contribuir para o poder dissuasório na América Latina.
Destarte, o programa não apenas tem o objetivo de construir satélites de alta
qualidade, mas também desenvolver tecnologias avançadas em áreas como sensoriamento
remoto, comunicação por satélite e a capacidade de consciência situacional
espacial, através de sensores para controle e monitoramento de objetos em
órbita da Terra.
O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC)
é um dos principais projetos do PESE. Lançado em maio de 2017, ele tem um
objetivo duplo: garantir a segurança das comunicações estratégicas do País em
suporte às operações militares e ampliar o acesso à banda larga em áreas
remotas para uso civil. O SGDC é considerado um marco para o setor espacial
brasileiro, sendo o primeiro satélite geoestacionário totalmente controlado
pelo País.
Operando em duas bandas de frequência, Ka e X, ele cobre todo o
território nacional, incluindo a Amazônia e as áreas marítimas sob jurisdição
brasileira. Desenvolvido pela empresa Thales Alenia Space e integrado pela
empresa estatal Visiona Tecnologia Espacial, o SGDC foi lançado a partir do
Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, por meio de um foguete Ariane 5.
Desde então, ele tem fornecido serviços de internet de alta velocidade em áreas
remotas do Brasil, bem como tem garantido a comunicação estratégica em
operações militares.
Outra realização do PESE na área de sensoriamento remoto é a
constelação Lessonia, que consiste nos satélites Carcará 1 e 2, lançados em
maio de 2022. Esses satélites de baixa órbita foram equipados com um radar de
banda X, permitindo a coleta de imagens em diferentes resoluções, em qualquer
condição climática e com capacidade de penetração em coberturas de nuvens, além
de operarem a qualquer hora do dia ou da noite, fornecendo imagens detalhadas
da superfície terrestre.
Adicionalmente, o sistema possui tecnologia de processamento de dados
avançada, possibilitando aos usuários acessar e analisar as informações
coletadas de forma rápida e eficiente. Isso faz da constelação Lessonia um
instrumento valioso para aplicações em áreas como monitoramento ambiental e
marítimo, segurança nacional e mapeamento de superfície.
Para desempenhar as atividades de planejamento, comando e controle dos
satélites do PESE, foi criado o Centro de Operações Espaciais (COPE). O COPE é
operado pela Força Aérea Brasileira (FAB) em colaboração com a empresa estatal
TELEBRAS. Com o objetivo de assegurar a redundância operacional, o COPE possui
duas instalações: o COPE-P primário em Brasília e o COPE-S, uma instalação
secundária na cidade do Rio de Janeiro. Ambos os centros são equipados com
sistemas de computação e comunicação de última geração para gerenciar a posição
dos satélites em órbita, garantindo seu funcionamento adequado e a operação
eficaz de sua plataforma e carga útil.
No setor de lançamento de foguetes, o Centro Espacial de Alcântara
(CEA) figura como um importante componente dos Programas Nacional de Atividades
Espaciais (PNAE) e Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE). Definido como um
complexo de infraestruturas, bens e serviços necessários para atividades de
lançamento de veículos espaciais, o CEA é parte das iniciativas estruturantes
do PNAE que compreende toda cadeia de preparação, lançamento e rastreio.
Referente ao PESE, o CEA figura como um elemento de capacitação e uma
importante interface entre as operações civis e as atividades militares.
Gerando assim uma dinâmica virtuosa de melhoria contínua das tecnologias e
processos utilizados nos lançamentos militares.
Embora cada programa tenha sua própria missão e objetivos específicos,
ambos têm em comum a busca pelo desenvolvimento e utilização de tecnologias
espaciais para fins estratégicos. Além disso, os dois programas têm sido
desenvolvidos em conjunto, com o PNAE, estimulando a base
científico-tecnológica do setor espacial brasileiro, e o PESE, garantindo a
operação de sistemas estratégicos, a proteção dos sistemas espaciais
brasileiros e o controle dos objetos em órbita. Assim, apesar dos desafios
enfrentados na busca do desenvolvimento espacial brasileiro, incluindo
limitações orçamentárias, o País tem mostrado progresso significativo na área
de tecnologia espacial e continua a trabalhar para desenvolver sua capacidade e
posição no cenário internacional.
REFERÊNCIAS
– AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA. PNAE 2022-2031. Disponível em:
<https://www.gov.br/aeb/pt-br/assuntos/noticias/pnae-2022-2031-esta-disponivel>.
Acesso em: 31 mar. 2023.
– AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA. Política Nacional de Desenvolvimento
das Atividades Espaciais (PNDAE). Disponível em: <https://www.gov.br/aeb/pt-br/programa-espacial-brasileiro/politica-organizacoes-programa-e-projetos/politica-nacional-de-desenvolvimento-das-atividades-espaciais-pndae>.
Acesso em: 31 mar. 2023.
– ANDRADE, I. et al. O Programa Estratégico de Sistemas Espaciais
(PESE) do Brasil. Revista Profissional da Força Aérea dos EUA, p. 133–154,
2021.
– ANTENOR, Samuel. Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e
Sociedade. www.ipea.gov.br. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/noticias/noticias/239-amazonia-1-primeiro-satelite-100-brasileiro-e-lancado-na-india>.
Acesso em: 31 mar. 2023.
– ANTUNES, Eduardo. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROGRAMA ESPACIAL
BRASILEIRO. [s.l.: s.n.], 2016. Disponível em: <https://www.15snhct.sbhc.org.br/resources/anais/12/1470923711_ARQUIVO_AEvolucaoHistoricadoProgramaEspacialBrasileiro.pdf>.
Acesso em: 31 mar. 2023.
– BRASIL, “Portaria Normativa nº 41 / MD de 30 de julho de 2018,”
Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), Ministério da Defesa,
Brasília, 2018, https://www.gov.br/defesa/pt-br/arquivos/legislacao/emcfa/publicacoes/doutrina/md20a_sa_01a_programaa_estrategicoa_dea_sistemasa_espaciaisa_pesea_ed-2018.pdf.
– INPE / Misso Amazonia. www.inpe.br. Disponível em: <https://www.inpe.br/amazonia1/>.
Acesso em: 30 mar. 2023.
– Conheça o SGDC. Disponível em:
<https://www.telebras.com.br/telebras-sat/conheca-o-sgdc/>.
Acesso em: 30 mar. 2023.
Sobre o Autor
Cap Kilmer de
Souza e Silva: É oficial do Exército Brasileiro, formado em Engenharia
Eletrônica pelo Instituto Militar de Engenharia (IME). Foi membro da Comissão
de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais na Força Aérea Brasileira
(CCISE/FAB), responsável pelo Programa Estratégico de Sistemas Espaciais.
Atualmente, ele é chefe da célula de Acompanhamento e Otimização de P&D no
Centro de Operações Espaciais do Comando de Operações Aeroespaciais (COPE/COMAE).
Não foi a toa que dia 7 os desfiles foram pífios, os militares já estão no espaço do país das falácias.
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