Estudo Internacional Avalia Causas da Crise Hídrica no Sudeste do Brasil
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada ontem (11/11) no site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacando que Estudo
Internacional avalia causas da Crise Hídrica no Sudeste do Brasil.
Duda Falcão
Estudo Internacional
Avalia Causas
da Crise Hídrica no Sudeste do Brasil
Quarta-feira,
11 de Novembro de 2015
O aumento da população e do consumo de água são apontados
como os principais fatores associados à crise hídrica no Sudeste do Brasil,
segundo estudo realizado por uma rede internacional de cientistas, da qual
participa o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Intitulado “Factors other than climate
change, main drivers of 2014/15 water shortage in southeast Brazil”,
o estudo publicado no boletim da Sociedade Americana de Meteorologia não
identificou alterações no risco climático induzidas por atividades humanas para
a ocorrência de eventos extremos como a recente seca no Sudeste.
“As pessoas estão interessadas em saber se as influências
humanas em nosso meio ambiente estão afetando as condições de tempo e clima que
vivenciamos hoje”, diz Caio Coelho, do CPTEC/INPE. Segundo o pesquisador, secas
podem ser estudadas sob várias perspectivas e esse trabalho examinou o fenômeno
em termos de falta de chuva, disponibilidade e consumo de água.
As consequências ou impactos da seca, como a redução no
fornecimento de água, o crescimento do número de casos de dengue e o aumento
dos preços da energia, são resultado da baixa disponibilidade de água em
combinação com o número de pessoas e infraestrutura afetadas.
Foram empregados três métodos independentes para analisar
o papel do aquecimento global induzido pelas atividades humanas na falta de
chuva e disponibilidade de água. O primeiro método empregou análises
estatísticas dos dados históricos de precipitação para avaliar tendências nos
eventos extremos observados desde 1941. Os resultados dessas análises indicaram
que o déficit de chuva registrado no Sudeste em 2014/15 foi excepcional, porém
não único, uma vez que condições similares foram observadas na região em
1953/54, 1962/63 e 1970/71.
O segundo método identificado como weather@home usou
resultados de milhares de simulações produzidas por um modelo climático
atmosférico, reconhecido pela comunidade científica internacional como
estado-da-arte, para executar duas análises distintas: uma que representa o
clima atual assim como observado durante o evento de seca 2014/15, e outra que
representa o mesmo evento de seca, porém em um mundo hipotético sem a
interferência humana na concentração de gases causadores do efeito estufa. O
terceiro método utiliza modelos climáticos globais acoplados oceano-atmosfera
do projeto internacional de intercomparação de modelos acoplados versão 5
(CMIP5).
A aplicação dos três métodos de forma independente levou
a conclusão de que a frequência de ocorrência de seca em termos de
disponibilidade de água nos últimos anos não foi influenciada pelas alterações
climáticas promovidas pelas atividades humanas. O estudo indicou que a falta de
chuva no sudeste do Brasil em 2014 e 2015 foi excepcional, porém não incomum,
com o mais recente episódio de seca observado em 2001.
“Estudos empregando métodos múltiplos como este são
importantes para ajudar a responder questões de direta relevância e interesse
de diversos setores da sociedade após a ocorrência de eventos climáticos de
grande impacto. O modelo weather@home, que roda em uma grande rede voluntária
de computadores pessoais, produz um imenso volume de dados, fornecendo aos
cientistas confiança para avaliar quantitativamente se os gases do efeito
estufa impactaram o evento de seca de 2014/15 em São Paulo. Este é um aspecto
inovador do estudo que permite ao público se envolver diretamente na ciência”,
diz Coelho.
O estudo foi executado por uma rede internacional de
pesquisadores do CPTEC/INPE (Brasil), KNMI (Holanda), Universidade de Oxford
(Reino Unido), Universidade de Melbourne (Austrália), Centro Climático da Cruz
Vermelha (Holanda), Universidade de Amsterdã (Holanda), Universidade de Utrecht
(Holanda), Universidade de Columbia (Estados Unidos da América), IRI (Estados
Unidos da América) e NASA (Estados Unidos da América), sob coordenação da
Climate Central (Estados Unidos da América).
Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)
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