Estudo da UNIVAP Detecta Início e Propagação da Onda Gerada por Ejeção de Matéria Solar
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado hoje (09/11) no site da Agência FAPESP, destacando que um estudo conduzido por pesquisadores da
Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) detecta início e propagação da
onda gerada por ejeção de Matéria Solar.
Duda Falcão
Notícias
Estudo Detecta Início e Propagação da
Onda Gerada por
Ejeção de Matéria Solar
José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
09 de novembro de 2015
(Imagem: arquivo dos pesquisadores)
Propagação da onda de choque decorrente da ejeção da
massa coronal
do sol, detectada na faixa de frequências do ultravioleta extremo.
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A estrutura e
a complexa dinâmica da atmosfera do Sol são, hoje, relativamente bem
conhecidas. Porém, muitos aspectos ainda não foram de todo estabelecidos,
demandando novas pesquisas. Um desses aspectos é a ejeção de matéria solar para
o espaço interplanetário. Trata-se de um fenômeno que interessa diretamente à
humanidade, pois parte da matéria ejetada pode chegar à Terra e interferir nos
processos terrestres, sobretudo nas telecomunicações.
Um estudo,
conduzido por pesquisadores da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP),
investigou a relação entre a ejeção de massa coronal (coronal mass ejection,
CME), isto é, a expulsão de matéria da coroa do Sol, e a produção de ondas de
choque, que se propagam através da atmosfera solar.
O estudo foi
publicado na revista Astronomy&Astrophysics por Rafael Douglas Cunha da
Silva, Francisco Carlos Rocha Fernandes e Caius Lucius Selhorst. E constituiu
um desdobramento da tese de doutorado de Cunha da Silva, orientada por
Fernandes e co-orientada por Selhorst, que contou com apoio da
FAPESP.
“A ejeção de
massa coronal produz a onda de choque, que se propaga pela atmosfera solar com
velocidades de 200 a 2.000 quilômetros por segundo. E a perturbação
desencadeada na atmosfera pela propagação da onda gera emissões
eletromagnéticas em várias faixas de frequência. Tais emissões são, por assim
dizer, as assinaturas da onda. Nossa pesquisa procurou correlacionar duas
emissões eletromagnéticas diferentes: em rádio e em ultravioleta extremo”,
disse Fernandes à Agência FAPESP.
Fernandes é
coordenador do Curso de Doutorado em Física e Astronomia da UNIVAP e
pesquisador principal do projeto temático “Desenvolvimento do Brazilian
Decimetric Array”, apoiado pela FAPESP .
“Tentamos
determinar em que altura da atmosfera solar são produzidas as ondas de choque e
como elas se propagam. A densidade da atmosfera solar diminui com a altura. E a
frequência da emissão depende da densidade do plasma local. Então, medindo a
frequência, é possível calcular a densidade, e, por extensão, a altura”,
detalhou Selhorst.
Selhorst é
professor da UNIVAP e conduz, atualmente, outro projeto de pesquisa apoiado
pela FAPESP: “Estudo das mudanças no campo
magnético solar a partir de observações rádio”.
A ejeção de
massa coronal (CME) libera para o espaço interplanetário grande quantidade de
matéria aquecida, constituída principalmente de elétrons e prótons e, em
pequena porcentagem, também de íons de elementos mais pesados, como hélio,
oxigênio e até ferro. Esse material, juntamente com o chamado “vento solar”, se
propaga até os confins da heliosfera, muito além da órbita de Plutão, a cerca
de 100 vezes a distância entre a Terra e o Sol.
Rearranjo
do Campo Magnético
As CMEs
parecem estar associadas a liberações súbitas de energia decorrentes do
rearranjo do campo magnético na atmosfera solar. “São fenômenos recorrentes,
que, em períodos de máxima atividade, ocorrem, na média, de duas a três vezes
por dia. E, em períodos de baixa atividade, uma vez por semana”, informou
Selhorst.
A emissão
eletromagnética observada em rádio não está associada à CME em si, mas à onda
de choque que ela provoca ao se propagar pela atmosfera do Sol. “Essa onda de
choque pode ser detectada, por satélites, na faixa do ultravioleta. O que
obtivemos no trabalho foi uma boa associação temporal entre a expansão da onda
de choque, detectada no ultravioleta extremo, e o evento em rádio”, detalhou
Cunha da Silva.
Essa
associação é importante porque, apenas no ultravioleta, não é possível observar
a produção e a propagação da onda de choque de maneira precisa, uma vez que os
equipamentos utilizados, como os satélites gêmeos Stereo, têm resolução
temporal da ordem de cinco minutos. Já os dados em rádio têm resolução temporal
da ordem de milissegundos.
“A nova
geração de instrumentos a bordo de satélites melhorou muitíssimo a resolução
temporal de detecção em ultravioleta extremo. O detector AIA, a bordo do
satélite SDO, lançado em 2010, obtém imagens do Sol inteiro a cada 12 segundos.
Isso torna bem fácil a identificação dos eventos. Porém, ainda resta o problema
de a imagem obtida ser uma projeção bidimensional de um evento tridimensional”,
ponderou Selhorst.
“Por isso, a
utilização de espectros em rádio ainda é um dos principais métodos de
observação indireta da formação de ondas de choque coronais, em especial
daquelas produzidas por expansão inicial de CMEs. A análise desses espectros
permite estimar a altura da atmosfera solar onde ocorre a radioemissão. E
também a direção, radial ou oblíqua, da fonte emissora”, prosseguiu o
pesquisador.
Região de Transição
A maior parte
das ejeções origina-se relativamente perto da “superfície” do Sol. “Superfície”
é, obviamente, um modo de dizer. O que chamamos de “superfície” é, de fato, a
região na qual a emissão na luz visível se torna opaca, impedindo a observação
da estrutura interna do Sol. Acima dessa superfície opaca, inicia-se a
atmosfera solar propriamente dita, constituída por três camadas distintas: a
fotosfera, a cromosfera e a coroa. Entre a cromosfera e a coroa solar, existe
uma estreita "região de transição”, onde a temperatura e a densidade do
plasma mudam drasticamente.
A coroa solar
é tão rarefeita que só pode ser observada a olho nu durante os eclipses totais
do Sol. Para melhor estudar os fenômenos que nela ocorrem, simula-se um
eclipse, colocando-se um anteparo (coronógrafo) para bloquear a emissão das
camadas mais baixas da atmosfera solar.
“Quando
estudamos o Sol por meio de um instrumento mais convencional, como o
coronógrafo, não conseguimos detectar o ponto em que as ondas de choque são
geradas, porque o anteparo do coronógrafo esconde não apenas o disco solar, mas
também parte de sua atmosfera. Já no estudo em ultravioleta extremo e em rádio,
essa obstrução não ocorre. E se torna possível observar o início da propagação
da onda de choque em regiões bem próximas da superfície”, concluiu Selhorst.
(Arquivo dos Pesquisadores)
Animação mostrando a ejeção de massa coronal do Sol,
com
o disco solar coberto pelo coronógrafo.
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Fonte: Site da Agência FAPESP
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