Campanha Científica Para Entender Impacto das Queimadas nas Chuvas da Amazônia Coleta 16 Terabytes de Dados em Mais de 150 Horas de Voo
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota publicada hoje (30/10) no site do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacando que Campanha Científica para entender impacto das queimadas nas Chuvas da
Amazônia coleta 16 Terabytes de dados em mais de 150 horas de voo.
Duda Falcão
Campanha Científica Para Entender
Impacto
das Queimadas nas Chuvas da Amazônia
Coleta 16
Terabytes de Dados em
Mais de 150 Horas de Voo
Quinta-feira, 30 de Outubro de
2014
Durante o mês setembro, período de transição da estação seca para a
chuvosa na Amazônia, dois aviões de pesquisa, um dos Estados Unidos e outro da
Alemanha, realizaram voos diários para medidas da poluição urbana e de
queimadas e de nuvens na região. As atividades fizeram parte de uma campanha
científica internacional, da qual participa o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE).
Com o suporte de instrumentos em solo, os sobrevoos tiveram como
objetivo avaliar o impacto da poluição no ciclo de vida de nuvens, na formação
de nuvens de tempestades, no balanço da radiação e no clima da região
amazônica. No total, foram coletados durante a campanha cerca de 16 terabytes
de dados.
Os aviões fizeram medidas nos arredores de Manaus e a aeronave alemã
percorreu, adicionalmente, regiões do Arco do Desflorestamento, como, por
exemplo, os arredores de Alta Floresta (MT), onde se verificou grandes áreas de
queimadas. A aeronave alemã também fez sobrevoos nas imediações de Boa Vista
(RR), São Gabriel da Cachoeira (AM), para medidas de céu limpo, na região costeira
próxima a Belém (PA), para medidas em nuvens marítimas e ao longo do rio
Amazonas onde se constatou grande número de focos de queimada. No total, a
aeronave alemã realizou 14 voos, que corresponderam a quase 96 horas de voo. Já
o avião norte-americano realizou 19 voos, concentrados nos arredores de Manaus,
ou quase 58 horas de voo. Segundo Luiz Augusto Machado, um dos coordenadores da
campanha pela parte brasileira, os resultados científicos desta campanha irão
auxiliar no médio prazo a melhoria da previsão de tempo, a previsão imediata e
a modelagem climática da Amazônia.
Diversas instituições científicas brasileiras e estrangeiras - Agência
Espacial Brasileira (AEB), Agência Espacial da Alemanha (DLR), Departamento de
Energia (DoE), dos Estados Unidos, INPE, INPA, DCTA, USP, UEA, Instituto Max
Planck e Universidade de Leipzig - e agências de fomento e apoio à pesquisa –
FAPESP e FAPEAM – apoiaram e participaram desta grande campanha científica,
reunindo centenas de pesquisadores e pessoal técnico. Além dos aviões, diversos
instrumentos em solo, instalados nos arredores de Manaus, coletaram dados de
forma combinada com o objetivo de compor um grande banco de dados que está
sendo compartilhado entre as instituições participantes deste experimento.
A primeira campanha intensiva de medidas, o IARA (Intensive Airborne Experiment in Amazonia),
que integra o Programa GoAmazon, foi realizada no início do ano, com a
participação do avião Gulfstream-1 (G-1), do Departamento de Energia dos
Estados Unidos. Nesta segunda campanha, o G-1 também foi utilizado, realizando
voos simultâneos e combinados com os do avião alemão HALO (High Altitude and Long Range Aircraft),
que, como característica adicional, faz sobrevoos que atingem uma altitude de
15 quilômetros. As incursões de medidas das aeronaves foram realizadas em
situações de céu limpo, com plumas de fumaça e céu com diferentes tipos de
nuvens. A aeronave alemã também realizou voos de longa distância, cobrindo
regiões do Arco do Desflorestamento, com o objetivo de analisar e avaliar o
impacto de áreas de desflorestamento e das queimadas na dinâmica das nuvens.
Os sobrevoos do HALO, por sua vez, estiveram direcionados aos objetivos
de pesquisa do projeto ACRIDICON (Aerosol, Cloud,
Precipitation, and Radiation Interactions and Dynamics of Convective Cloud
Systems), que vem fazendo parceria com o Projeto brasileiro CHUVA, liderado pelo Centro de Previsão do Tempo e
Estudos Climáticos (CPTEC) do INPE e financiado pela FAPESP. Segundo Luiz
Augusto Machado, coordenador do CHUVA, e também responsável pelo ACRIDICON,
pela parte brasileira, após o processamento dos dados obtidos em campanha, será
possível avaliar os efeitos de partículas e de aerossóis, originados das
queimadas e da poluição urbana, nas propriedades microfísicas, químicas e
radiativas das nuvens de tempo bom e de tempestades.
Pretende-se compreender ainda, com maior profundidade, como os
aerossóis orgânicos e aqueles gerados a partir da poluição urbana, associados
aos fluxos de superfície, influenciam os ciclos de vida de nuvens de chuvas
convectivas (intensas e localizadas) e estratiformes (menos intensas e de maior
extensão), características da região amazônica. Sabe-se que os aerossóis têm
papel central nos processos de nucleação de nuvens e na precipitação. Segundo
Machado, os dados extraídos da campanha científica vão permitir compreender
como ocorrem as interações destas partículas com outros componentes atmosféricos
e quais são as implicações de seu aumento na atmosfera amazônica.
A expectativa é de que a melhor representação destes processos químicos
e físicos na atmosfera possam trazer avanços à modelagem do clima regional e de
cenários globais de mudanças climáticas. Também deverá ser possível avaliar com
maior precisão como os processos de ocupação, urbanização, associados ao
desmatamento e queimadas na região, podem impactar o regime de chuvas da
Amazônia.
Projeto Chuva
Coordenado pelo INPE, o projeto CHUVA iniciou em 2009 para estudar os
diferentes regimes de chuva do país, contando com uma série de instrumentos
para medidas atmosféricas, entre eles, um radar de alta resolução para medir
dados do interior das nuvens. Um sistema de monitoramento e previsão de
chuvas funcionou em todas as regiões que o projeto foi realizado. Nesta nova
etapa da campanha, no estado do Amazonas, o SOS Chuva Manaus
também foi utilizado na logística das operações aéreas, como ocorreu durante as
campanhas com as aeronaves, pelo GoAmazon, no início do ano. Durante a
campanha, o sistema de monitoramento pôde ser acessado e consultado livremente
por qualquer usuário.
Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
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