Nova Fonte de Ondas Gravitacionais é Observada
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada hoje (16/10) no site
da Agência FAPESP, destacando que uma nova fonte de Ondas Gravitacionais foi
observada por equipe internacional com mais de 3 mil astrônomos e entre eles 60
brasileiros.
Duda Falcão
Notícias
Nova Fonte de Ondas
Gravitacionais é Observada
Por Elton Alisson
Agência FAPESP
16 de outubro de 2017
A contribuição para a detecção de ondas gravitacionais
rendeu aos físicos norte-americanos Rainer Weiss, Barry Barish e Kip S. Thorne
o prêmio Nobel de Física deste ano. Agora, um grupo de mais de 3 mil
astrônomos, incluindo 60 do Brasil, conseguiu observar pela primeira vez em luz
visível uma fonte dessas oscilações do espaço-tempo previstas por Albert
Einstein (1879-1955) há um século.
O grupo, do qual faz parte o trio ganhador do Nobel,
anunciou em um artigo publicado nesta segunda-feira (16/10) em The Astrophysical
Journal ter feito as primeiras observações, em várias bandas
eletromagnéticas, de uma fusão de duas estrelas de nêutrons – corpos celestes
extremamente densos originados a partir da implosão do núcleo de estrelas
gigantes.
O evento gerou ondas gravitacionais registradas pelo
Observatório Interferométrico de Ondas Gravitacionais (LIGO, em inglês), nos
Estados Unidos, e Virgo, na Itália, em agosto deste ano.
A descoberta também foi descrita em outro artigo em The
Astrophysical Journal Letters por um grupo de 55 astrônomos, sendo 17 do
Brasil, vinculados aos Institutos de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas (IAG) e de Física (IF) da Universidade de São Paulo (USP), do
Observatório Nacional (ON) e das universidades federais de Sergipe (UFS), de
Santa Catarina (UFSC) e do Rio de Janeiro (UFRJ).
Os pesquisadores brasileiros participaram do estudo em
colaboração com colegas dos Estados Unidos, Argentina, Chile, Espanha e
Alemanha por meio de observações feitas com o telescópio robótico T80-Sul,
construído com apoio da FAPESP e instalado no Observatório
Internacional de Cerro Tololo, no Chile.
“É a primeira vez que se obteve a contrapartida óptica [identificação
de um objeto em luz visível] de um evento de ondas gravitacionais. As
quatro detecções de ondas gravitacionais anteriores foram feitas a partir de
colisões e fusões de buracos negros, que não emitem radiação eletromagnética e,
por conta disso, não foi possível ter a contrapartida do visível do evento que
as gerou”, disse Claudia Lucia Mendes de Oliveira, professora do IAG-USP e uma
das autoras do estudo, à Agência FAPESP.
Desde o anúncio em fevereiro de 2016 da primeira detecção
de ondas gravitacionais geradas pela colisão e fusão de dois buracos negros
pela colaboração LIGO, astrônomos em vários países, atuantes em diferentes
faixas do espectro eletromagnético (rádio, visível, raios X e raios gama), têm
tentado obter a contrapartida eletromagnética de um evento gerador de ondas
gravitacionais.
A atenção deles para essa possibilidade foi redobrada com
um alerta emitido em 17 de agosto deste ano pelos observatórios LIGO e Virgo de
que uma fusão de estrelas de nêutrons poderia ter gerado ondas gravitacionais
registradas por seus detectores.
O evento teria ocorrido em um ponto da galáxia chamada
NGC 4993, localizada na constelação austral de Hidra, a 130 milhões de anos-luz
da Terra. A emissão de ondas gravitacionais pelas estrelas de nêutrons em fusão
ocorreu cerca 2 segundos antes da observação de um jato de raios-gama detectado
pelo telescópio espacial Fermi, da Nasa, a agência espacisl dos Estados Unidos.
A partir desse conjunto de pistas, astrônomos
participantes de colaborações em 60 observatórios, situados em diferentes
partes do mundo, começaram a fazer uma varredura de uma grande área do céu –
equivalente a, aproximadamente, 60 luas cheias –, em todo o espectro
eletromagnético, a fim de identificar um objeto cuja emissão visível ou brilho
estivesse caindo. Chamado transiente óptico, o objeto poderia ter sido
produzido por uma fusão de estrelas de nêutrons.
Uma equipe de astrônomos usuários do telescópio Swope,
situado no Observatório de Las Campanas, no Chile, foi a primeira a reportar a detecção
do o transiente óptico menos de 11 horas após a fusão das estrelas de nêutrons.
Poucos minutos depois da detecção do transiente óptico
pelo telescópio chileno, outras cinco equipes vinculadas a outros telescópios
também anunciaram tê-lo encontrado de forma independente.
“Recebemos a informação da detecção do transiente óptico
na galáxia NGC 4993 em 18 de agosto. E, como o T80-Sul é um telescópio
autônomo, que pode ser apontado para uma nova fonte em alguns segundos,
conseguimos prontamente fazer as observações do objeto em três filtros,
conhecidos como filtros G, R e I”, disse Oliveira.
Eventos Cataclísmicos
De acordo com os pesquisadores, as observações do
transiente óptico em todos os comprimentos de onda sustentam a hipótese de que
o objeto foi produzido pela fusão de duas estrelas de nêutrons. As estrelas
foram localizadas na região da galáxia NGC 4993 – justamente onde foram
detectadas as ondas gravitacionais detectadas pelos observatórios LIGO e Virgo.
Durante a fusão das estrelas de nêutrons – que deve
corresponder a eventos conhecidos como quilonova, segundo os pesquisadores –
ocorreu uma explosão de raios gama de curta duração e emissão de radiação
eletromagnética devido à decomposição de íons pesados gerados por processos R
(processo de captura rápida de nêutrons) durante a fusão, explicaram os
pesquisadores.
“Sabíamos que existiam esses objetos, mas não sabemos
muito sobre eles. Com as novas observações é possível medir o processo R e
estimar a quantidade de elementos formados para comparar com modelos”, disse
Oliveira.
As observações também possibilitarão responder muitas
perguntas sobre as próprias estrelas de nêutrons. Estrelas mortas, que não
produzem mais energia interna por fusão nuclear, as estrelas de nêutrons
correspondem a um dos possíveis estágios finais da vida de uma estrela de alta
massa. Elas são criadas quando estrelas com massas maiores a oito vezes a massa
do Sol sofrem uma explosão de supernova – um evento astronômico que ocorre
durante os estágios finais da evolução de algumas estrelas, caracterizado por
uma explosão muito brilhante.
“As estrelas de nêutrons têm propriedades físicas
especiais, e quando elas se fundem ocorrem processos nucleares a altas energias
que ainda não conseguimos entender bem. Essas observações podem fornecem mais
informações para compreendermos melhor esses processos”, disse outro autor do
estudo, Alberto Molino Benito, que realiza pós-doutorado no IAG com Bolsa da
FAPESP.
O artigo Multi-messenger observations of a binary
neutron star merger, de B. P. Abbott e outros, pode ser lido no Astrophysical
Journal Letters em http://iopscience.iop.org/article/10.3847/2041-8213/aa91c9.
O artigo
Observations of the first electromagnetic counterpart to a gravitational
wave source by the Toros Collaboration poderá ser lido no site
do The Astrophysical Journal em http://iopscience.iop.org/journal/0004-637X.
OBS: Veja abaixo uma reportagem da TV Brasil exibida dia 16/10 tendo como tema esta descoberta.
Fonte: Site da Agência FAPESP
Comentário: Realmente fantástico e demonstra mais uma vez como a Astronomia Brasileira esta avançando rapidamente. Aproveitamos para agradecer ao leitor Jahyr Jesus Brito pelo envio deste vídeo.
Comentário: Realmente fantástico e demonstra mais uma vez como a Astronomia Brasileira esta avançando rapidamente. Aproveitamos para agradecer ao leitor Jahyr Jesus Brito pelo envio deste vídeo.
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