Morte Prematura de Estrela é Confirmada Por Astrônomos Brasileiros
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada dia (09/10) no site
da Agência FAPESP, destacando que Morte Prematura de Estrela foi confirmada por
um grupo de astrônomos brasileiros.
Duda Falcão
Notícias
Morte Prematura de Estrela é
Confirmada Por Astrônomos
Por Elton Alisson
Agência FAPESP
09 de outubro de 2017
Foto: Divulgação
Pesquisadores da USP, em colaboração com colegas do INPE e da
Universidade Estadual de Feira de Santana, observam estrela rebaixada
à
condição de anã branca por causa de sua companheira.
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Um grupo de astrônomos brasileiros observou uma dupla de
objetos celestes (sistema binário) bastante rara na Via Láctea, composta por
uma anã branca de baixíssima massa e uma anã marrom.
Ao analisá-las mais detidamente, eles constataram algo
incomum: a anã branca, que corresponde ao estágio final de uma estrela de massa
intermediária (com aproximadamente 0,5 a 8 vezes a massa do Sol), teve sua
trajetória interrompida precocemente por sua companheira, uma anã marrom, que a
matou prematuramente por “desnutrição” ou perda de matéria.
As observações, realizadas entre 2005 e 2013 no
Observatório do Pico dos Dias em Brazópolis (MG) e no banco de dados públicos
do telescópio William Herschel, localizado nas Ilhas Canárias, durante um
projeto apoiado
pela FAPESP, foram descritas em um artigo publicado no Monthly Notice of
the Royal Astronomical Society.
“Esse tipo de sistema binário, de baixa massa, é
relativamente raro. Até então, só eram conhecidos poucas dezenas deles”, disse
Leonardo Andrade de Almeida, pós-doutorando no Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e
primeiro autor do estudo, à Agência FAPESP.
Segundo ele, o sistema binário, situado na constelação de
Perseu, é de massa superbaixa e o menos massivo dessa classe identificado até
hoje. Almeida realizou o estudo em colaboração com colegas do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS), da Bahia, e é bolsista da
FAPESP, em estudo com supervisão do professor Augusto Damineli.
A anã branca tem entre dois e três décimos da massa do
Sol e temperatura superficial de 28,5 mil Kelvin (K). A anã marrom possui massa
de, aproximadamente, 36 a 46 massas de Júpiter, o maior planeta do Sistema
Solar.
Antes de ser rebaixada a essa condição, a anã branca era
uma estrela normal. Por ser mais massiva do que sua companheira ela evoluiu
mais rapidamente, gerando um núcleo de hélio ao queimar hidrogênio durante sua
existência.
Ao queimar hidrogênio de forma acelerada na camada que
envolve o núcleo de hélio, a estrela caminhava rumo à categoria de gigantes
vermelhas – a trajetória natural de estrelas do tipo solar – e pode ter
atingido um raio maior que a distância da Terra ao Sol (cerca de 150 milhões de
quilômetros).
Com essa pujança, ela começou a interagir não só gravitacionalmente,
mas também transferir massa para sua companheira. “Essa transferência de massa
da estrela mais massiva – o objeto primário – para sua companheira, que é o
objeto secundário, ocorreu de forma desenfreada e instável e em um curto espaço
de tempo”, explicou Almeida.
O objeto secundário foi atraído e “engolido” pela
atmosfera do primário – chamada de envelope –, onde começou a orbitar. Durante
esse processo de atração, o objeto secundário perdeu o momento angular orbital
(grandeza física associada ao movimento de translação de um corpo) devido ao
choque e ao atrito com o envelope do objeto primário, que foi transformado em
energia cinética para o envelope.
Quando a energia transferida pelo objeto secundário
chegou a um ponto em que superou a força gravitacional que mantinha o envelope
preso ao núcleo do objeto primário, ocorreu uma grande ejeção de matéria do
sistema, deixando o objeto primário despido, com apenas seu núcleo de hélio
exposto.
Como a matéria ejetada corresponde a uma grande parcela da
massa do objeto primário, ela teve sua morte prematura decretada uma vez que,
nessa condição, não conseguiu queimar mais hélio de seu núcleo e gerar luz
própria. Por isso, passou a ser considerada uma anã branca, explicou Almeida.
“O objeto secundário, que hoje é uma anã marrom, também
deve ter ganhado um pouco de matéria quando dividiu o envelope com o objeto
primário, mas que não foi suficiente para chegar a ser uma nova estrela”,
estimou o pesquisador.
Origem dos Objetos
Segundo Almeida, a descoberta desse sistema binário,
composto por um objeto com seu núcleo exposto orbitando em torno de outro
objeto frio em um curto período de tempo, de aproximadamente três horas, poderá
contribuir para entender melhor como objetos quentes e compactos como as anãs brancas
de baixa massa, descobertas há pouco tempo, são gerados.
Essa classe de objetos mortos só pode ser formada dentro
de sistemas binários, considerando a idade do Universo. “Os sistemas binários
fornecem uma maneira direta de medir o principal parâmetro das estrelas, que é
a sua massa”, disse Almeida.
Cerca de 50% das estrelas de baixa massa na Via Láctea
são sistemas binários. Entre as estrelas de alta massa, esse índice chega a
quase 100% e 75% deles vão interagir de alguma forma, como troca de matéria,
acréscimo da velocidade de rotação das componentes e fusão, estimou.
“Por isso sistemas binários são cruciais para entendermos
o ciclo de vida das estrelas”, disse Almeida.
O artigo HS2231+2441: an HW Vir system composed by a
low-mass white dwarf and a brown dwarf, de Leonardo A. Almeida, Augusto
Damineli, Cláudia V. Rodrigues, Marildo G. Pereira e Francisco Jablonski, pode
ser lido em http://arxiv.org/abs/1708.04623.
Fonte: Site da Agência FAPESP
Comentário: Poxa fico muito satisfeito de saber que uma
Universidade de minha terra, a UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana
(aproximadamente 120 km de Salvador) esteve envolvida com esta descoberta. Parabéns
a todos pesquisadores brasileiros envolvidos nesta descoberta e em especial os
pesquisadores da UEFS.
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