Qualidade da Água de Reservatórios é Monitorada Por Satélite
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada ontem (12/09) no site
da Agência FAPESP, destacando que a Qualidade da Água de Reservatórios é
monitorada por satélite.
Duda Falcão
Notícias
Qualidade da Água de Reservatórios
é Monitorada Por Satélite
Por Elton Alisson
Agencia FAPESP
12 de setembro de 2017
(Figura: Mapas de profundidade do disco de Secchi)
Pesquisadores
do Departamento de Cartografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP),
campus de Presidente Prudente, aprimoraram um modelo óptico que estima a
transparência da água de ambientes marinhos e costeiros para possibilitar seu
uso no monitoramento remoto da qualidade da água de reservatórios, por meio de
imagens de satélites.
Os resultados
do estudo, realizado com apoio
da FAPESP, foram publicados na revista Remote Sensing of Environment.
“A ideia do
projeto é auxiliar as instituições que monitoram a qualidade de águas
interiores a reduzir a necessidade de enviar equipes para realizar o trabalho
de coleta em campo, que é moroso e custoso”, disse Thanan Rodrigues,
pesquisadora do grupo de Sensoriamento Remoto e Tecnologia da Informação
Espacial para o Monitoramento Ambiental (Sertie) da UNESP e uma das autoras
do estudo, à Agência FAPESP.
Os
pesquisadores utilizaram um modelo semianalítico, desenvolvido por
pesquisadores americanos e chineses, para estimar a transparência da água de um
sistema aquático. A estimativa é feita pela medida de profundidade do disco de
Secchi. Trata-se de um equipamento metálico, com aproximadamente 30 centímetros
de diâmetro e com dois quadrantes alternados em cores preta e branca, que,
atado a um cabo graduado e imerso aos poucos na água, mede a transparência do
sistema aquático.
A profundidade
máxima na qual o disco pode ser visualizado a olho nu é o indicador da
transparência da água ou da visibilidade vertical do sistema aquático.
“Quanto maior
a profundidade que o disco de Secchi atinge – enquanto continua sendo enxergado
a olho nu –, maior a claridade daquele sistema, o que permite inferir a
qualidade da água onde o instrumento foi lançado”, explicou Rodrigues.
“Isso sugere
que a água do ambiente aquático avaliado tem menor concentração de partículas e
de material dissolvido, que atenuam a penetração da luz em sistemas aquáticos”,
afirmou.
O modelo
desenvolvido pelos cientistas americanos e chineses relaciona essas
características do sistema aquático, coletadas de amostras de água em campo,
com as propriedades ópticas do sistema. Ao ser aplicado sobre imagens de
satélite, cada pixel passa a representar um valor de profundidade do disco de
Secchi de cada seção do sistema aquático retratado.
O método,
contudo, foi originalmente validado com dados de águas de ambientes oceânicos e
costeiros, com pouca representatividade de águas interiores, que apresentam
características limnológicas, como concentração de clorofila, de totais sólidos
suspensos e carbono orgânico dissolvido, diferentes dos ambientes de águas
interiores.
“Por mais que
o modelo semianalítico apresentado na pesquisa seja baseado em algumas
características matemáticas, ele não consegue representar as propriedades
limnológicas e bio-ópticas das águas interiores de forma acurada”, afirmou
Rodrigues.
Modelo Adaptado
A fim de
avaliar as limitações e o potencial do modelo desenvolvido pelos cientistas
americanos e chineses para estimar a transparência da água de ambientes
interiores, os pesquisadores da UNESP utilizaram-no para estudar o reservatório
de Nova Avanhandava, situado no município paulista de Buritama, às margens do
rio Tietê.
Para isso,
inicialmente eles realizaram coletas de medidas de profundidade do disco de
Secchi em campo, assim como medidas radiométricas por meio de
espectroradiômetro – instrumento que permite medir a intensidade da luz
incidente na coluna de água – com o intuito de estimar a componente óptica que
seria adicionada ao modelo como dado de entrada. Por fim, a acurácia do modelo
foi validada com dados coletados no campo.
Posteriormente,
eles aplicaram o modelo sobre imagens obtidas pelo sensor Operational Land
Imager (OLI), acoplado ao satélite Landsat-8 – o oitavo da série de satélites
do Programa Landsat, da NASA, e o sétimo a alcançar com sucesso a órbita
terrestre.
As análises
indicaram que um algoritmo utilizado pelo modelo semianalítico, aplicado às águas
oceânicas e costeiras para calcular o coeficiente de absorção e de espalhamento
da luz na água, impedia que fosse estimada com precisão a transparência da água
do reservatório.
Com base
nesses novos resultados, eles modificaram o algoritmo e constataram que, dessa
forma, o modelo estimou com maior acurácia a profundidade de disco de Secchi
das águas do reservatório.
“Conseguimos
aplicar o modelo nas imagens obtidas pelo sensor OLI a bordo do satélite
Landsat 8 e gerar um produto final, que são imagens do reservatório com as
estimativas da profundidade do disco de Secchi”, disse Rodrigues.
O artigo “Retrieval
of Secchi disk depth from a reservoir using a semi-analytical scheme” (doi:
1016/j.rse.2017.06.018), de Rodrigues e outros, pode ser lido por assinantes da
revista Remote Sensing of Environment em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0034425717302778.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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