Argentina 12 x 1 Brasil

Olá leitor!

No dia 05/09 passado publiquei aqui no BLOG um interessante artigo intitulado O Programa Espacial Para 2020”, escrito que foi pelo pesquisador do INPE, Mario Eugenio Saturno, artigo este que foi o segundo de uma série de quatro sobre o PEB que serão publicados por este pesquisador. Como não havíamos publicado o primeiro artigo desta série que saiu na semana passada, o próprio autor nos enviou via e-mail o artigo em questão que publicamos agora para os nossos leitores.

Duda Falcão

Argentina 12 x 1 Brasil

Por Mario Eugenio Saturno*

A Comissão de Ciência e Tecnologia do Congresso Nacional convidou o Tenente Brigadeiro do Ar Nivaldo Rossato para expor sua visão sobre o Programa Espacial Brasileiro.

O que mais causou espécie em sua apresentação foi o fato da Argentina investir 1,2 bilhão de dólares por ano em média, enquanto o Brasil investe apenas cem milhões. Realmente é muito estranho, como pode um país que tem um PIB de cerca de um quarto do nosso investir 12 vezes mais? E o território da Argentina é apenas um terço do Brasil.

Convivi quase dois anos com os tecnologistas da INVAP na fábrica de Bariloche, aprendi muito com eles -triste admitir isso-, e o que mais me impressionou foi o pragmatismo deles. O que talvez explique o porque cancelaram o programa de foguetes para ter apoio da NASA. Tiveram a oportunidade e aprenderam! Já fizeram diversos satélites, inclusive dois geoestacionários de comunicação (ARSAT).

Enquanto muitos brasileiros estão a acreditar na paralisação do Programa Espacial Argentino, em julho passado, anunciaram que a Hughes, empresa norte-americana, está associando-se à ARSAT para lançar o terceiro satélite de telecomunicações argentino, investindo cem milhões de dólares. Fato comemorado pelo presidente Macri -tido como inimigo da área espacial-. Outros 180 milhões serão investidos pelo governo argentino, mostrando que a crise não afeta tanto.

A Argentina ainda está terminando dois satélites radar, o SAOCOM (Satélite Argentino de Observação Com Microondas) é um sistema de satélites de observação terrestre equipados com um radar de abertura sintética (SAR) em banda L, com lançamento programado para 2018. Exatamente o que os cientistas do INPE querem para observar a Amazônia e o mar, mas o desenvolvimento do brasileiro parou. Os argentinos farão quatro satélites radar, o Brasil nenhum.

Outra observação a ser feita é que os dois satélites operarão em conjunto com os quatro satélites COSMO-SkyMed equipados com SAR de banda X da Agência Espacial Italiana, criando uma constelação para o Sistema Ítalo-Argentino para Gestão de Emergências (SIASGE). Um acordo internacional realmente útil e que o Brasil também necessita.

E os acordos do Brasil? O primeiro e mais importante é o CBERS, um programa de sensoriamento remoto em que o Brasil fabrica equipamentos que já sabe fazer e os chineses cuidam do controle e lançamento, coisa que não temos e eles não permitem que os brasileiros aprendam. Como este projeto envolve viagens para a China, ou seja, diárias gordas, as vagas são disputadas a tapa. Qualquer um vai observar que do lado chinês só tem engenheiros “trainee” enquanto que do lado brasileiro somente cabelos grisalhos... Novos, somente com a aposentadoria dos velhos. Com a prioridade de recursos humanos e financeiros, o CBERS sabotou todos os outros programas.

Para o CBERS, o Brasil investiu muito na criação de câmaras, são enormes, caras e que produzem imagens que os usuários não querem. Quando se tentou vender as imagens, ninguém comprou. Então passaram a distribuir de graça! Sem a gratuidade... Para que fazer no Brasil o que se pode comprar no mercado por uma fração do preço?

* Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

Comentários

  1. Com todo o respeito ao Sr. Mário Eugênio, acho que ele dá uma ênfase exagerada aos satélites, provavelmente reflexo da área da qual ele provêm.No entanto o que mais necessitamos no momento são lançadores próprios, isso se realmente desejarmos ser uma nação verdadeiramente soberana.

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  2. Uma merreca distribuída em 25 projetos diferentes e no final nada fica pronto.Penso que na área de lançadores o descaso é total.

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  3. Muito bom ver que gente que conviveu de perto com o problema vem a público relatar isto, que a maioria de nós, que acompanha de perto o PEB vislumbrava. Vou afirmar mais uma vez: o Programa Espacial Brasileiro somente irá em frente no dia em que separar as atividades civis das militares, implodir a estrutura atual e reconstruir as bases para um nova Agência Espacial Brasileira. E claro, fora de Brasília. Isto, se o corporativismo que impera no INPE não for mais forte que a decisão legislativa e executiva em se pensar, pelo menos uma vez, no Brasil.

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  4. Vou repetir mais uma vez: dizer que a Argentina investe U$S 1,2 bilhão por ano em média na área espacial é piada! No ano 2017 a despesas orçamentadas da Conae (Comisión Nacional de Actividades Espaciales) serão de apenas U$ 110 milhões!!($ 1.740,5 milhões de Pesos argentinos). Abraço

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  5. Fico muito satisfeito em ver que há brasileiros que acreditam que o Brasil precisa de foguetes e satélites. O sentimento interno é que o apoio em verbas reflete o apoio popular...

    Não esquecer que, como foi frisado pelo Duda, este é o primeiro de três artigos já prontos e um quarto em gestação (preciso de mais coragem para admitir que os argentinos nos passaram e só teremos programa espacial junto com eles - ao menos nossa nação é mais rica). De qualquer forma, foguete nas mãos dos militares é um convite a não dar certo, tem que ser repensado.

    E, de fato, a vinculação militar é um fardo para o boicote (itar). Como os argentinos estão conseguindo evoluir? Temos que investigar isso melhor.

    Um problema grave, dizem, é a falta de pessoal. Muitos projetos para poucos tecnologistas. Será? A Argentina fez milagre? Emplacaram até Papa, mas não creio. Parece mais gestão e pragmatismo. E muitos acordos internacionais que somam.

    Quanto ao orçamento argentino, se lerem com atenção verá que escrevi logo no início “o que mais causou estranheza foi o quanto investem”, realmente gostaria de entender o cálculo do Ten.Brig.Ar Nivaldo. Penso em duas coisas, o valor está em reais e consideram o investimento feito por outras nações em projetos conjuntos, o que me parece razoável. Por exemplo, o CBERS custa o dobro do que o Brasil investe.

    Sugiro ao Duda, que na introdução do meu terceiro artigo que coloque os links dos dois anteriores. Quem leu o Relatório do TCU percebe que um artigo de jornal nem arranha a complexidade da área.

    Grato!

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  6. Hola Estimado Duda,

    Luego de leer detenidamente este artículo, me surge la siguiente pregunta:
    ¿Existe un PLAN ESPACIAL DE BRASIL? ¿Esta dicho plasmado en algún documento al que podamos acceder?

    Saludos
    Gustavo

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    1. Hola Gustavo!

      Hay un plan sí y es una tremenda broma. Se llama "Programa Nacional de Actividades Espaciales 2012 - 2021 (PNAE)". Puede ser accedido por el enlace:

      http://www.aeb.gov.br/wp-content/uploads/2013/03/PNAE-Portugues.pdf

      Saludos desde Brasil

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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    2. Muchas gracias Duda!
      Ya lo he descargado para leerlo durante los próximos días.

      Saludos cordiales
      Gustavo

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    3. Hola Gustavo!

      No hay de qué amigo, disponga e intente divertirse de ella, pero sepa que en la mayoría de lo que está escrito en ese documento o son pura fantasía, o ha sido cancelado o incluso iniciado. Yo suelo decir que ese documento es un libro a color no sirve ni como papel higiénico, ya que su textura no sería adecuada.

      Saludos desde Brasil

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  7. Brazil is famous for football. It won lots of championships.

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    1. Ta ai galera, tava demorando, mas apareceu a ironia. Alguém vai contestar??? Quem planta, colhe.

      Att,

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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