Novo Ministro da Ciência é Crítico do Planejamento Regional do Governo
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo
publicado no site do UOL e postado dia (17/03) no site do “Jornal da Ciência” da SBPC, destacando que o novo ministro do
MCTI é um crítico do Planejamento Regional do Governo.
Duda Falcão
Notícias
Novo Ministro da Ciência é Crítico do
Planejamento Regional do Governo
Planejamento Regional do Governo
Estudos de Clelio Diniz sobre esse tema já o levaram a
propor a
criação de polos de desenvolvimento em diversas regiões
do país
Por Maurício Tuffani/ UOL*
Jornal da Ciência
17 de março de 2014
O engenheiro e economista Clelio Campolina Diniz, que
assume nesta segunda-feira (17) o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e
Inovação, é um crítico da atuação do governo no planejamento regional. Seus
estudos sobre esse tema já o levaram a propor a criação de polos de
desenvolvimento em diversas regiões do país para prevenir o risco do que ele
chama de relitoralização, ou seja, o retorno à concentração do setor produtivo
nas regiões litorâneas do país, revertendo a interiorização que só ocorreu após
mais de 300 anos do Brasil colonial e de mais um século após a independência. A
relitoralização, segundo o novo ministro, está sendo induzida pela ampliação de
atividades como o turismo e a exploração do pré-sal.
Diniz assume o MCTI coincidentemente um dia antes do
encerramento de seu mandato de reitor da UFMG (Universidade Federal de Minas
Gerais), iniciado em 2010. Sua escolha pela presidente Dilma Rousseff foi
apontada por alguns veículos da imprensa como "técnica" e também por
meio da expressão equivalente "não política", apesar de ter
acontecido em meio às negociações do Palácio do Planalto para enfraquecer no
Legislativo o grupo de "descontentes" formado por 280 deputados
federais - 55% do total de 513 - de 11 partidos, conhecido como Blocão, que no
final da semana passada ficou reduzido a 129 parlamentares de quatro siglas.
Escolha Política
Na verdade, a mudança do ex-reitor da UFMG para a
Esplanada dos Ministérios faz parte das articulações do PT para as eleições
deste ano ao governo do Estado de Minas Gerais. Embora não tenha filiação
partidária, Diniz mantém boas relações com expoentes do partido, como Sandra
Starling, Patrus Ananias e o próprio pré-candidato ao governo estadual Fernando
Pimentel, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Em sua crítica à exoneração de Raupp ("Troca de
ministro da Ciência e Tecnologia decepciona cientistas"), a presidente da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), não criticou Diniz.
Mas ela destacou que a mudança, por iniciar uma nova gestão de curta duração
até o final do mandato de Dilma, põe em risco a continuidade de ações
essenciais para o desenvolvimento de programas de pesquisas científicas.
A reclamação de Helena Nader é correta, ainda que se
possa vincular sua motivação ao fato de ela ter sido vice-presidente da SBPC ao
lado de Raupp quando este presidiu a entidade durante dois mandatos bianuais de
2007 a 2011. Mesmo que Diniz venha a permanecer no cargo de ministro em 2015,
na hipótese de o PT vencer as eleições presidenciais, ao impacto da atual
mudança de cadeiras na pasta se somará outro, que sempre resulta na
desaceleração de muitos projetos da máquina administrativa no período eleitoral.
Fora isso, não há como deixar de ver o MCTI servir como
moeda de troca, uma vez que Diniz é seu terceiro ministro desde o início do
atual governo. Raupp sucedeu Aloizio Mercadante, que deixou a pasta em janeiro
de 2012 porque preferiu substituir Fernando Haddad, que saiu do Ministério da
Educação para se candidatar à prefeitura de São Paulo.
Filho de José e Maria
Mais conhecido na UFMG como Campolina, o novo ministro já
passou a ser identificado na imprensa mais por Diniz, seu último sobrenome.
Nascido em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, ele é o
caçula dos 11 filhos do humilde casal José e Maria - como na Bíblia, costuma
ressaltar ele.
As primeiras aulas do pequeno Clelio foram em uma escola
rural multisseriada, onde a professora era sua irmã. Ele mudou ainda jovem para
Belo Horizonte, onde morou em uma pensão e trabalhou em um bar, em um posto de
gasolina e em um escritório de contabilidade. Em 1967 se formou em engenharia
de produção na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, onde em 1970
se graduou também em engenharia mecânica.
Formação Marxista
No mesmo ano de sua segunda formatura, já trabalhando
como funcionário aprovado em concurso público para o Banco de Desenvolvimento
de Minas Gerais (BDMG), Diniz foi convidado para fazer um curso de
especialização no Instituto Latino-americano de Planejamento e Desenvolvimento
Social em Santiago, no Chile. E para lá ele foi, como bolsista da Cepal
(Comissão Econômica para América Latina e Caribe das Nações Unidas), quando o
país já estava sob o governo de Salvador Allende (1970-1973).
A vivência no Chile em plena efervescência do governo
Allende marcou profundamente o jovem engenheiro que começava a direcionar sua
formação para a economia, como disse ele em seu discurso na solenidade de posse
do cargo de reitor na UFMG em janeiro de 2010:
"Carrego comigo duas formas de ver o mundo. De minha
formação heterodoxa, estruturalista, cepalina e marxista e de minhas andanças
pelo mundo, trago a visão da sociedade como uma permanente manifestação de
contradições e conflitos. Para compreendê-los e neles atuar, precisamos ser
dialéticos na análise e na interpretação. De minha formação prática, de minhas
experiências de trabalho desde criança e de minha formação de engenheiro, trago
a concepção cartesiana de precisão e objetividade. Assim, tento ser, ao mesmo
tempo, dialético para analisar e entender o mundo, a sociedade e suas
manifestações e cartesiano na ação, para que tenhamos precisão, objetividade e
eficiência."
Vida Acadêmica
De volta ao Brasil, Diniz deixou seu emprego no BDMG para
seguir a carreira acadêmica. Em 1976, um ano após concluir seu mestrado em
economia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), ele começou a
trabalhar como professor na UFMG. Mas foi na Unicamp onde ele concluiu em 1983
suas disciplinas de doutorado em economia e defendeu sua tese em 1987. Em 1991,
como bolsista do CNPq, ele concluiu seu pós-doutorado na Universidade Rutgers,
no estado em New Jersey, nos Estados Unidos.
Na UFMG, Diniz foi diretor da Faculdade de Ciências
Econômicas de 1998 a 2006. Sua atividade de pesquisa se concentra na análise do
desenvolvimento econômico do Brasil sob os aspectos da inserção internacional,
dinâmica setorial da produção, distribuição regional das atividades econômicas
e da população.
Planos Para o Brasil
Os estudos e convicções de Diniz sobre o planejamento
regional o levaram muitas vezes a criticar autoridades governamentais, na
medida em que ele considerava que as políticas regionais são indevidamente
formuladas de maneira isolada. Como disse ele em uma entrevista em 2012.
"A proposta é dividir o país em cinco grandes
regiões geográficas, a partir das forças e das homogeneidades. Daí surgiu a
proposta de dividir o País em 118 subrregiões, agrupando-as com tipologias que
indicassem semelhanças e diferenças, o que daria maior consistência às
políticas públicas. A política de incentivos, por exemplo, não precisaria ser
para todo o Nordeste, mas poderia ser para um grupo de regiões de determinadas
características, mas poderia incluir o Vale do Ribeira, em São Paulo, ou o sul
do Rio Grande do Sul, que é uma região estagnada. Seria uma forma de dar
consistência nacional às políticas regionais. Aliás, as políticas regionais não
podem ser formuladas de maneira isolada, têm de ser nacionais. Eu falava para o
Ciro Gomes quando ele era ministro [da Integração Regional, de 2003 a 2006]:
"Ciro, para de pensar o Nordeste, tem de pensar o Brasil, pô!""
Dificuldades e Desafios
O currículo e a trajetória de Diniz mostram que não lhe
falta preparo para o cargo de titular do MCTI. Ainda que política, a escolha
pela presidente Dilma em meio ao toma-lá-da-cá da semana poderia não ser por
alguém com credenciais técnicas. Não há razão, por enquanto, para afirmar que
haverá prejuízos para os projetos de pesquisa nacionais além daqueles
provocados pelo impacto da mudança de ministro.
Mas o novo ministro não pode deixar de ficar atento a um
aspecto da exoneração de seu antecessor: diferentemente dos outros cinco
ministros que agora deixam seus cargos para concorrer às eleições neste ano,
ele não saiu para se candidatar. Raupp não parecia enfrentar problemas de
relacionamento político no governo, exceto em seu desafio de adequar o
desenvolvimento de foguetes lançadores de satélites aos padrões organizacionais
dos programas espaciais de outros países.
Enquanto quase todos os programas espaciais de outros
países foram completamente desmilitarizados, o programa brasileiro do Veículo
Lançador de Satélites ainda permanece, após mais de três décadas, refém da
burocracia militar da Aeronáutica.
E isso é algo que merece a atenção do novo ministro da
Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, que em seu discurso de
posse como reitor, em 2010, citou a famosa frase do filósofo espanhol José
Ortega y Gasset: "Eu sou eu e minha circunstância". Mas faltou ele
acrescentar a continuação: E se eu não mudo ela, ela não muda a mim.
* Maurício Tuffani é editor
do blog Universidade, Ciência e Ambiente. Jornalista desde 1978, especializado em
ciência, educação e meio ambiente, foi repórter e editor de ciência na Folha de
S. Paulo, redator-chefe e editor-chefe na revista Galileu (Editora Globo),
fundador e diretor editorial da revista UNESP Ciência e, a serviço do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi editor-executivo do portal
PNUD Brasil e do site Nações Unidas no Brasil.
Fonte: Site do Jornal da Ciência de 06/02/2014
Comentário: Planejamento o que? Vamos falar sério,
Planejamento Regional passa por um amplo, efetivo e sério Plano de Ação Nacional,
um verdadeiro plano de criação de uma nação, estamos ainda há anos luz de algo
assim. Bom, vamos deixar isso pra lá, pois discutir fantasias não é o tópico
desse blog. Caro Ministro Clélio Campolina, eu não o conheço, mais pelo artigo
acima, nota-se que pelo seu histórico o senhor parece ser uma pessoa séria e
comprometida com suas convicções, como também era a imagem inicial que nos foi
passada pelo decepcionante Raupp. Espero e torço que o senhor não siga o péssimo
exemplo dado pelo Raupp, e que se lembre sempre que o senhor está a serviço do
povo brasileiro e que seu compromisso com o Governo DILMA ROUSSEFF (lealdade
como dizem esses energúmenos hipócritas) se encerre no momento que entrar em
choque com os verdadeiros interesses do Brasil, mesmo que isto lhe custe o
cargo, pois assim o senhor sairá com sua imagem de homem sério fortalecida e inabalada, ao
mesmo tempo em que estará estabelecendo perante a sociedade responsabilidades a
quem de direito pertence pelo resultado alcançado em sua gestão, seja ele
positivo ou negativo, e ajudando a politizar de forma positiva a sociedade brasileira. Muitos de meus leitores parecem não entender o que significa
estabelecer responsabilidades, mas espero que o senhor tenha a consciência e o
entendimento necessário sobre o seu significado, especialmente quando o senhor
e seus subordinados forem à mídia para divulgar notícias relacionadas com as
atividades de sua pasta e em especial as relacionadas com o Programa Espacial
Brasileiro. Não conheço a sua posição sobre o desastroso acordo que gerou a Alcântara
Cyclone Space (ACS), e tenho consciência do pouco que o senhor pode fazer para combatê-lo,
mas isso não significa que o senhor precisa necessariamente ir à mídia para
apoiá-lo publicamente e jogar confetes no mesmo, como fez hipocritamente e
lamentavelmente o Raupp durante toda a sua gestão. Desejo-lhe sucesso e torço sinceramente para que o senhor mantenha suas convicções e sua
postura de homem sério e que não seja seduzido pelo glamour dos bastidores de
Brasília (não se torne uma marionete nas mãos desses energúmenos), como aparentemente
aconteceu com o nosso Raupp.
Olá duda tem mt tempo q n apareço no blog. Vc acha q com a crise na ucrania, o 'somidouro de verbas" Cyclone Space vai ser findado? Um abraço!
ResponderExcluirCaro Tassio!
ExcluirAs únicas coisas certas no PEB são que nada é certo, e que tudo depende dos interesses políticos do grupo dessa presidentA debiloide e irresponsável.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Caro Duda, pra mim uma notícia desastrosa. Esse senhor, fez questão de enfatizar sua visão de mundo e sua formação, a meu ver, para justificar posturas radicais em nome desse governo pífio e sem credibilidade alguma. A primeira coisa que ele fez foi atacar os oficiais da Aeronáutica que seguraram no braço esse nosso PEB, para ele não morrer. Já perdeu meu respeito antes mesmo de começar o seu "trabalho" à frente do MCTI. Muito triste. Abçs, Cláudio
ExcluirPois é Claudio, mas vamos dar um voto de credibilidade para quem está começando seu trabalho. Afinal todos merecem pelo menos uma oportunidade para mostrar suas verdadeiras intenções. Estamos atento e de acordo como for o desempenho do Sr. Clelio Campolina Diniz ele será elogiado ou criticado. Será realmente um homem sério ou um colaborador desse desastroso governo? Não sei, só o tempo dirá.
ExcluirAbs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
"Refem da burocracia militar da aeronáutica" ?!? Este senhor não tem a mínima idéia do que está falando e começou muito mal. A burocracia estatal é estúpida e paralisante, porém não advém dos Comandos Militares. É proveniente de leis e suas interpretações esdrúxulas criadas pela administração/congresso incompetentes e irresponsáveis.
ResponderExcluirSó quem conhece a maneira como a verba governamental é distribuída, gasta e fiscalizada sobe como é difícil fazer ciência nesse país.
Sinceramente não tenho nenhuma expectativa com relação a este senhor. Que seu "reinado" dure o mínimo possível.
Meus pêsames aos alunos da UFMG que tiveram que aguentar um reitor Marxista durante todo esse tempo. Mas como tal, seu "mandato" na UFMG se encerrou, e ele, obviamente preferiu se unir aos seus "companheiros" PTralhas nesse outro "mandato" tampão.
ResponderExcluirDevo dizer no entanto, o que já disse varias vezes anteriormente, que um dos maiores entraves do programa espacial brasileiro nos dias de hoje, é o fato dele não ser nem claramente militar nem claramente civil.
Eu sou francamente favorável a uma completa desmilitarização do programa espacial. Que a Aeronáutica, e também o Exército e a Marinha, sigam com seus projetos e mísseis, mas que os lançadores de satélites passem completamente para o âmbito de uma agência espacial totalmente civil e exclusivamente vinculada ao ministério de ciência de tecnologia.
Quem continua entendendo que essa confusão de satélites civis desenvolvidos por instituições civis vinculadas ao MCTI e lançadores militares desenvolvidos por instituições militares vinculadas ao MD tem alguma chance de dar certo, eu respeito, mas discordo totalmente.
É isso.