Est. Aponta Existência de Ilhas de Calor Urbanas em Manaus
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada dia (24/03) no site “G1”
do globo.com, destacando que estudo de dois pesquisadores da Universidade do
Estado do Amazonas (UEA), aponta a existência de
Ilhas de Calor Urbanas em Manaus.
Duda Falcão
AMAZONAS
Estudo Aponta Existência de Ilhas
de Calor Urbanas em
Manaus
Pesquisa revelou Zonas Centro-Sul e Sul como as mais
afetadas.
Alterações no planejamento urbano colaboram para
resultado.
Camila
Henriques e Tiago Melo
Do G1 AM
24/03/2013 - 09h00
Atualizado em 24/03/2013 – 09h00
(Fotos:
Tiago Melo/G1 AM)
Doutor em Meteorologia pelo INPE, o professor Francis Wagner é um dos autores de relatório sobre as Ilhas de Calor na cidade de Manaus. |
As alterações sofridas tanto na ocupação populacional
quanto no planejamento urbano da cidade de Manaus representaram também mudanças na
estrutura atmosférica da capital. Um desses efeitos, em especial, chamou a
atenção de dois pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas
(UEA). Doutores em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), os professores Francis Wagner Correa e Rodrigo Souza realizaram um
estudo sobre a Ilha de Calor Urbana (ICU), fenômeno decorrente de oscilações
climáticas.
Um dos autores do relatório, o professor Francis Wagner
recebeu o G1 na Escola
Superior de Tecnologia da UEA (EST-UEA), sede do laboratório de modelagem
atmosférica onde as pesquisas acerca das Ilhas de Calor são realizadas. De
acordo com Wagner, o projeto nasceu a partir de uma demanda da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) para avaliar este
fenômeno. No total, foram dois anos de duração. “A ilha de calor representa a
diferença de temperatura entre a área rural e a urbana. A nossa meta é fornecer
subsídios para a formação do plano-diretor de arborização e zoneamento
ecológico de Manaus e medidas para controlar o calor da cidade”, apontou.
Pesquisadores contaram com sistema do INPE para concluir estudo. |
No estudo, os dois pesquisadores se dividiram e cada um
trabalhou com uma das vertentes do projeto – enquanto Wagner cuidou da
modelagem numérica, Rodrigo Souza trabalhou com a parte observacional. O que
são essas duas abordagens? O especialista explica. “O professor Rodrigo
utilizou informações de temperatura da superfície estimadas por meio de
satélite ambiental, usando resolução de 1 km e 5 km. Esse método também contou
com medidas de estações meteorológicas dentro e fora da área urbana”, destacou.
“Já eu aproveitei um modelo numérico denominado Brams (sigla que significa
Brazilian Regional Atmospheric Model System) que consegue simular o clima nas
escalas local, regional e global. Para isso, colocamos no modelo alguns
cenários de vegetação. Assim é possível concluir os impactos no clima”,
acrescentou Wagner.
Segundo o pesquisador, o modelo numérico equivale a um
conjunto de equações matemáticas que representam as leis físicas da atmosfera
ou o clima de uma região. Por ter um pacote numérico pesado, a simulação só
pode ser feita no laboratório de modelagem da UEA, por meio do Sistema de
Processamento de Alto Desempenho da Universidade (também conhecido como
Cluster). Atualmente, o espaço possui 120 processadores fazendo esse
trabalho.
Zona Centro-Sul Tem Mais Incidência
de ICU
Os professores tiveram acesso a toda a área metropolitana
de Manaus, por meio de satélite. Com os dados do Sistema de Processamento e as
imagens da cidade, foi comprovado que em Manaus existe o fenômeno de Ilha de
Calor Urbana (ICU), sobretudo na estação seca (meses de julho, agosto e
setembro), afirmou Francis Wagner.
A pesquisa, que teve como base o período entre 2002 e
2012, revelou que os picos de temperatura são mais notáveis na Zona Centro-Sul
e Sul de Manaus, em bairros como Aleixo e Petrópolis. Outras áreas da cidade
com proeminência das Ilhas de Calor são a Cidade Nova, Tancredo Neves, Zumbi e
Japiim.
Wagner mostra a estrutura do Sistema de Processamento da UEA. |
Por meio de uma avaliação da média dos três primeiros
anos (2002, 2003 e 2004) em relação aos três últimos (2010, 2011 e 2012),
Wagner e Souza comprovaram que o aquecimento nesses locais deve aumentar ainda
mais no futuro. Um dos principais fatores para o aparecimento desse fenômeno,
como apurou o pesquisador, é o excesso de calor armazenado na área urbana em
relação à zona rural. “Esse aumento vem das emissões dos veículos, da poluição
das indústrias e da atmosfera como um todo. As ilhas também surgem a partir da
diminuição da cobertura vegetal, que leva a uma redução na ‘evapotranspiração’.
Isso faz com que acumule mais energia. Outro fator importante é a natureza de
materiais impermeáveis, como concreto, asfalto e pavimentos, na área urbana”,
enumerou.
Além das áreas com mais intensidade de Ilhas de Calor,
também foi constatado o horário com temperaturas mais altas. “São dois picos. O
primeiro, das 7h, acontece porque todos os carros saem de casa e liberam uma
grande quantidade de poluentes na atmosfera. O segundo é às 20h e é explicado
pelo aquecimento do asfalto após o pôr do sol. Esse calor fica preso na
atmosfera e se dissipa lentamente durante a madrugada. Em termos médios,
pode-se dizer que a ICU é mais intensa à noite”, avaliou.
No laboratório, localizado na Escola Superior de Tecnologia da UEA (EST-UEA), Wagner e Rodrigo Souza puderam avaliar os níveis de temperatura de todas as zonas e bairros da cidade. |
Nova Etapa Ainda Este Semestre
De acordo com Wagner, o projeto terá uma nova etapa, com
início este ano e conclusão em 2014. Na etapa observacional, o planejamento é
de instalar de monitorar uma rede automatizada com pelo menos 20 estações
meteorológicas na área urbana de Manaus. O modelo numérico permitirá a
visualização de cenários futuros, com o aumento da quantidade de CO2. “Estamos
em fase de formatação do texto. Já temos sinal verde para dar início”,
encerrou.
Para o diretor de arborização da Semmas, Heitor Liberato,
o diagnóstico dos pesquisadores da UEA está diretamente ligado à perda da massa
arbórea nesses espaços com Ilhas de Calor. “É um levantamento fundamental para
a gestão ambiental do município, já que temos como prioridade a implantação de
projetos de arborização urbana. Queremos, inclusive, apresentar esse relatório
para as demais secretarias da prefeitura”, disse.
Fonte: Site G1 do globo.com
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