Missão ASTER Continua na Prancheta
Olá leitor!
Segue abaixo
uma matéria postada dia (17/03) no “Portal TERRA” destacando que sem verba, projeto brasileiro da “Missão ASTER” de
levar sonda a asteroide segue na prancheta.
Duda Falcão
ESPAÇO
Sem Verba, Projeto Brasileiro de Levar
Sonda a
Asteroide Segue na Prancheta
17 de Março
de 2013- 14h10
Atualizado às 14h12
Pesquisadores de diversas universidades brasileiras
estão debruçados sobre uma ideia ousada: pousar uma sonda em um asteroide
próximo da Terra (NEA, de Near-Earth asteroids, em inglês). A tarefa não é
simples: apenas três missões coletaram dados de asteroides antes - e nenhuma de
um corpo de sistema triplo*, como é o caso do alvo, 2001 SN263. Embora a
perspectiva anime os cientistas, um grande entrave, velho conhecido da
exploração espacial, ainda atrapalha o início da Missão ASTER: o dinheiro.
*Sistema triplo:
Achava-se que asteroides eram objetos isolados,
mas pode haver sistemas duplos ou triplos, com
um corpo maior e outros menores, como se fossemsatélites. O alvo brasileiro é o maior desses corpos
O professor e pesquisador Othon Winter, da Universidade Estadual
Paulista, responsável pela parte científica do projeto, estima o custo total em
US$ 40 milhões. O montante representa o custo de desenvolvimento de tecnologias
e componentes brasileiros e o de compra de estruturas da Rússia. O valor seria
suficiente para lançar a sonda, pousá-la dois anos depois no maior asteroide do
sistema 2001 SN263, de 2,8 km de diâmetro, estudá-lo e buscar não apenas um
feito inédito, mas conhecimentos substanciais para a área espacial.
Tecnologias
É esse conhecimento que move a missão, segundo o professor e pesquisador
Antonio Gil Vicente de Brum, responsável pela equipe que desenvolve o altímetro
laser na Universidade Federal do ABC (SP). "Muitas tecnologias acabam
sendo incorporadas no dia a dia, como é o caso de equipamentos utilizados nas
telecomunicações e da navegação por satélite (GPS). Em termos científicos,
nunca antes um asteroide triplo foi estudado de perto e esta é, portanto, uma
oportunidade única de o Brasil contribuir para a ciência mundial com
conhecimento original", afirma.
Brum elenca dois objetivos principais para o projeto: ajudar a
compreender o início do sistema solar (por conseguinte, da Terra) e aprender
mais a respeito de corpos celestes que se aproximam da órbita do nosso planeta
e ameaçam populações terrestres. Além disso, segundo ele, asteroides devem
atrair ainda mais a atenção no futuro, já que poderão ser explorados por suas
riquezas minerais.
A iniciativa ainda tem como objetivo atrair a atenção dos jovens no País
para a pesquisa científica. "Para o Brasil, esta é uma oportunidade sem
precedentes de reunir praticamente toda a comunidade científica em torno de um
projeto de grande apelo público. Está aí um meio de incentivar nossos jovens em
carreiras científicas e de engenharia, áreas para as quais hoje o jovem não se
sente atraído por causa da característica do Brasil de comprar tecnologia em
vez de produzi-la. Achamos que o projeto pode alavancar a ciência e tecnologia
no País de uma maneira nunca antes alcançada", afirma.
A Espera
Como o Brasil não tem um Veículo Lançador de Satélites (VLS) em pleno
funcionamento, teria que recorrer à Rússia para lançar a sonda. Esse seria um
dos maiores custos. "É como se planejássemos uma expedição para escalar
uma montanha com moderno equipamento de alpinismo (cordas, GPS etc), mas não
tivéssemos um veículo (um simples jipe) para chegar até a montanha.
Precisaremos de uma carona", compara Naelton Mendes de Araújo, astrônomo
da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro. "Pode parecer 'colocar
o cavalo à frente da carroça', mas é bem melhor do que ficar esperando
indefinidamente o nosso VLS ficar operacional".
Mas a espera pelo projeto ASTER também é grande. Faz quase cinco anos
que a missão foi concebida originalmente pelos pesquisadores Elbert Macau
(LAC-IINPE) e Othon Winter (UNESP), em 2008. Desde então, diversas
universidades abraçaram a história, componentes foram desenhados e até a
parceria com a Rússia, definida.
A Parceria
A escolha pela Rússia se deu após a análise da viabilidade da ideia pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Na comparação de custos com a
Agência Espacial Americana (NASA) e a Agência Espacial Europeia (ESA), a
agência russa (ROSCOSMOS) levou a melhor. Assim, em 2010, o então diretor
associado de espaço e ambiente do INPE, Haroldo de Campos Velho, reuniu-se com
representantes do Instituto de Pesquisas Espaciais da Academia Russa de
Ciências e outras instituições para discutir a possibilidade de uma parceria
estratégica, em reuniões realizadas em Moscou e em São José dos Campos (SP). Os
números delineados poderiam viabilizar o projeto, segundo Campos.
O BRASIL FORNECERIA PARA A MISSÃO:
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A RÚSSIA OFERECERIA AO PROJETO:
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- Parte da carga
útil (experimentos de exobiologia, espectógrafo de massa, laser rangefinder);
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- Design da
plataforma para missão de "deep-space";
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- Estrutura da
plataforma;
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- Sistemas para
controle e comunicação em "deep-space";
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- Propulsor iônico;
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- Lançamento e
rastreio da sonda.
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- Testes e
integração de sub-sistemas.
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O Financiamento
De acordo com Campos, o projeto foi bem recebido pela
Agência Espacial Brasileira, mas reestruturações no comando da AEB e do INPE
teriam atrasado o início da implementação. "Para tornar todo o processo
mais confortável, a AEB enviou uma carta ao diretor do INPE (Leonel Perondi),
manifestando o interesse na missão. Com a resposta do INPE, iniciar-se-ão as
ações para o desenvolvimento (financiamento) da missão. Não há uma proposta
pronta, mas a intenção é solicitar recursos inclusive para agências de fomento
(CNPq, FINEP) e órgãos regionais", explica.
Em janeiro deste
ano, a AEB lançou o novo Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), que
contempla todas as ações do programa espacial entre 2012 e 2021. Nele, porém,
não se encontra menção ao projeto ASTER nem alocação de recursos para a missão.
"A AEB vê com simpatia esse projeto, mas ele é do INPE. A gente não quer
se intrometer nas questões internas do INPE. A missão ASTER implica em um
orçamento que não existe hoje. A missão ASTER é muito importante. Qualquer um
que entenda do assunto sabe disso, mas a questão mais importante hoje é saber
quem é que vai pagar por isso", avalia José Monserrat Filho, chefe da
Assessoria de Cooperação Internacional da AEB.
Em 2013, o
investimento de recursos próprios da AEB será de R$ 622,6 milhões, segundo o
PNAE. Conforme Monserrat, contudo, o INPE terá que buscar outras formas de
financiamento: "Neste momento, o governo brasileiro não tem condições de
manter este projeto. Não há dinheiro disponível. Ninguém é contra. Ninguém quer
criar obstáculos. A ideia é, através do INPE, buscar apoio financeiro na
iniciativa privada, e pública também, como a Petrobras. Seria ótimo se a
Petrobras pudesse financiar esse projeto, por exemplo. Sem verba, não tem nada
aprovado. A base de apoio financeiro não existe".
Mesmo
assim, Winter acredita em um desfecho positivo: "Os projetos científicos
já estão sendo desenvolvidos, o propulsor etc. Mas são projetos. Colocar tudo
isso em ação, só depois da aprovação oficial". O cronograma inicial previa
o lançamento da sonda em 2015. Depois, 2016, 2017. Atualmente, Campos afirma:
"Estamos trabalhando para que o lançamento ocorra em 2018". Por
enquanto, a missão ASTER não sai do papel.
Fonte: Portal TERRA - 17/03/2013
Comentário: Apesar de torcermos muito por essa missão e de
darmos sempre aqui no blog destaque a esse projeto (por acreditarmos ser o
mesmo um divisor de águas para O PEB), a verdade é que esse projeto tinha e tem
pouquíssimas chances de sair do papel. Não há vontade política para isso, dinheiro,
ao contrario do que diz a matéria, tem e de sobra, mas estão aplicados nos
projetos populistas do governo DILMA ROUSSEFF. Leitor, R$ 40 milhões para uma
missão como essa é um valor irrisório, tão pequeno que chega até ser inacreditável
se levamos em conta as missões estrangeiras semelhantes. Mas enfim, essa é a realidade
brasileira. A informação de que o investimento de recursos próprios da AEB em
2013 será de R$ 622,6 milhões (segundo
o que consta no PNAE) trata-se na verdade do investimento feito nas obras do sitio
da ACS, no Projeto do Satélite Geoestacionário, nas obras de complementação do
CLA e do CLBI e o orçamento das atividades do Programa que não chega nem a R$
190 milhões, esse sim o verdadeiro orçamento da AEB para o exercício de 2013 (veja aqui o orçamento - Política Espacial - Atividades - pag. 92). Assim sendo
leitor, se não houver uma mobilização da sociedade e da comunidade científica,
ou mesmo interesse da iniciativa privada ou da Petrobrás, como citado na
matéria, esse projeto estará condenado a ser engavetado como os outros projetos
de sondas espaciais que surgiram no Brasil na década passada, sem nem mesmo ter
chegado ao conhecimento público, sendo a missão do Monitor de Clima Espacial (MCE)
a única exceção a essa regra. Lamentável. Aproveitamos para agradecer ao leitor
DanielSSM pelo envio dessa matéria.
Se for pra falar sério, essa missão nem existe.
ResponderExcluirMas como esse "governo", de sério não tem nada...