O Que Se Sabe Sobre o Segundo Objeto Interestelar a Visitar Nosso Sistema Solar, Após o Oumuamua
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria postada dia (20/09)
no site “BBC News Brasil” tendo destaque o segundo objeto interestelar a
visitar nosso sistema solar, após o Oumuamua.
Duda Falcão
NEWS BRASIL
O Que Se Sabe Sobre o Segundo Objeto Interestelar a
Visitar Nosso Sistema Solar, Após o Oumuamua
Por Alejandra Martins
BBC News Mundo
20 de setembro de 2019
Foto: GEMINI Observatory/NSF/AURA
Em sua primeira foto, o novo visitante interestelar
mostra sua cauda de cometa. As imagens vermelhas e azuis correspondem a
estrelas distorcidas pelo movimento do cometa.
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Ele foi descoberto por um astrônomo amador e, desde
então, entusiasma os especialistas.
O objeto, segundo observações preliminares, é o primeiro
cometa que nos visita vindo de fora do sistema solar.
O cometa foi chamado C/2019 Q4 (Borisov), em referência a
Gennady Borisov, o astrônomo que o detectou em 30 de agosto, em um observatório
na Crimeia.
A detecção do objeto foi confirmada pelo Centro de
Planetas Menores da Universidade de Harvard (MPC, na sigla em inglês), que
confirmou sua trajetória e observou que essa órbita indicaria inicialmente que
se trata de um visitante interestelar.
Este cometa seria o segundo visitante interestelar
descoberto após 1I/'Oumuamua, mas é o primeiro que é inquestionavelmente um
cometa.
Oumuamua media 170 metros, mas o cometa C-2019 Q4 (Borisov)
tem entre 2 e 16 km de diâmetro, de acordo com observações iniciais.
"Diferente de Oumuamua, cuja natureza, asteroide ou
cometa, ainda está sendo debatida, esse objeto é definitivamente um
cometa", disse o astrofísico Karl Battams, no Twitter.
Se a conclusão preliminar sobre a origem interestelar do
novo objeto for confirmada, o nome do cometa será alterado para começar com 2I,
indicando que é o segundo objeto descoberto com origem fora do sistema solar.
Outros institutos demonstram uma certeza maior em relação
à origem do cometa. O Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias, que fez o
primeiro espectro do cometa, disse à BBC Mundo que não tem dúvidas de que se
trata de um visitante vindo de outro sistema estelar.
Cometas e Asteroides
"Oumuamua pôde ser observado muito pouco e
descobrimos que é tão fraco que as imagens não descartam a possibilidade de
haver alguma atividade cometária", explica Julia de León, pesquisadora do
Instituto de Astrofísica das Canárias e uma das cientistas que fizeram o
primeiro espectro do novo cometa.
Imagem: SCIENCE PHOTO LIBRARY
Ilustração de um cometa genérico. Os cometas são restos
de materiais que deram origem a planetas gigantes e nunca chegaram a ser
incorporados a esses planetas.
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"80% das imagens de Oumuamua não mostram uma
atividade cometária, mas você sempre tem uma margem de erro. Pode ser que fosse
tão leve que não capturamos, mas temos quase certeza de que é um
asteroide."
Asteroides e cometas são dois objetos espaciais
diferentes: asteroides são compostos de rocha e metais. Os cometas, por outro
lado, são compostos de gelo e poeira.
"Os cometas são 'bolas de neve sujas', como definido
por Fred Whipple em 1950, que se formaram na parte externa do disco planetário,
onde a água é congelada devido às baixas temperaturas prevalecentes",
explica o Institute of Astrofísica das Ilhas Canárias.
"Eles são restos dos materiais que deram origem aos
planetas gigantes e nunca foram incorporados a esses planetas."
O Cometa 'é Uma Benção'
Uma das características do cometa C/2019 Q4 (Borisov) que
mais entusiasma os astrônomos é que será possível estudá-lo por pelo menos um
ano e ele só atingirá o periélio, o ponto de aproximação mais próximo do Sol,
por volta de 8 de dezembro.
"A chegada do cometa é muito importante porque, no
caso do Oumuamua, o caçamos quando ele estava fugindo do sistema solar e o
observamos quando ele já estava muito fraco. Isso fez com que os resultados não
fossem muito conclusivos e nos deixou com mais dúvidas do que respostas",
afirmou De Leon.
Imagem: SCIENCE PHOTO LIBRARY
"Mas este caso é uma bênção, o cometa poderá ser
observado por muito tempo porque está chegando ao sistema solar e, além disso,
é diferente de Oumuamua: é um cometa".
Os cometas, como explicado pela astrônoma, são portadores
de compostos orgânicos, gelo e outras substâncias, como o metano, que se espera
que possam ser observados em detalhes.
"O cometa nos permitirá um estudo muito completo por
um longo tempo e nós adoramos isso."
Primeira Fotografia
O cometa acaba de ser fotografado pela primeira vez por
astrônomos no Observatório Gemini em Maunakea, no Havaí.
A imagem no início desta reportagem foi obtida na noite
de 9 a 10 de setembro e mostra uma cauda pronunciada, indicativa de
desgaseificação, característica de um cometa.
Foto: GEMINI OBSERVATORY/NSF/AURA
Quando a órbita de um cometa o leva ao sistema solar
interno, parte do gelo e gás do cometa são aquecidos pelo Sol e se expandem
para formar uma nuvem em torno do centro sólido, ou núcleo, segundo a NASA.
Embora o núcleo possa ter apenas alguns quilômetros de
diâmetro, a nuvem, chamada de coma ou cabeleira, pode ter milhares de
quilômetros de diâmetro.
Na medida em que a força da luz solar e outras radiações
empurram o material da coma, elas sopram o material para formar uma cauda, que
pode ter milhões de quilômetros de comprimento.
Essa pressão de radiação é a razão pela qual a cauda de
poeira e gás sempre aponta para longe do Sol, mesmo quando o cometa está se
afastando dele.
Órbita Hiperbólica
A órbita do cometa C/2019 Q4 (Borisov) sugere que o
objeto se originou fora do sistema solar.
Imagem: JPL
Este desenho da órbita hiperbólica do cometa Borisov (a
esfera amarela na imagem) foi divulgado pelo Laboratório de Propulsão a Jato da
NASA (JPL).
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O cometa parece ter uma órbita hiperbólica.
Quando uma órbita desenha um círculo perfeito, ela tem
uma excentricidade de 0.
As órbitas elípticas dos planetas se desviam de um
círculo com valores de excentricidade que variam de 0 a 1.
Órbitas hiperbólicas não fecham e têm uma excentricidade
maior que 1. As velocidades ao longo da órbita hiperbólica são maiores que as
necessárias para escapar da influência gravitacional de outro objeto central em
questão.
Essa órbita descreve dois objetos que passam sem que um
deles seja capturado pelo outro.
A órbita hiperbólica do cometa descoberto por Borisov tem
uma excentricidade de 3,2.
Imagem: SCIENCE PHOTO LIBRARY
Ilustração da órbita hiperbólica de um cometa. Neste
caso, é a órbita do cometa Kohoutek, cuja aproximação mais próxima ao Sol
ocorreu em dezembro de 1973.
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Estudo Pioneiro nas Canárias
Uma das grandes perguntas que os cientistas procuram
responder é se a composição do visitante interestelar é semelhante ou diferente
da dos cometas do nosso sistema solar.
Nas primeiras horas do dia 13 de setembro, os astrônomos
Julia de León, Miquel Serra-Ricart e Javier Licandro, junto com outros
pesquisadores, usaram o instrumento OSIRIS no Grande Telescópio das Canárias
(GTC), com 10,4 m de diâmetro, instalado no Observatório Roque de los
Muchachos, em La Palma.
A observação foi um desafio técnico, explicou De León.
Foto: DANIEL LÓPEZ / IAC
O primeiro espectro do cometa foi obtido por
pesquisadores na Espanha por meio do Gran Telescopio Canarias (GTC).
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"Tem sido tecnicamente muito complicado, porque
agora esse objeto é visto apenas ao amanhecer e com altitudes muito baixas,
apenas 20, 25 graus, o que é muito, muito próximo do horizonte. E é um desafio
mecânico orientar um telescópio de 10 metros como o GTC", disse.
O espectro obtido indica que o cometa "é do mesmo
tipo que os cometas do nosso sistema solar, o que indica claramente que possui
uma composição semelhante", disse De León.
Mas o astrônomo esclareceu que esses resultados são
apenas o começo, pois o que foi obtido foi um "espectro de reflexão".
"As superfícies planetárias, os asteroides, não
emitem luz. Eles refletem a luz do sol em sua superfície. É o que chamamos de
espectro de reflexão", disse à BBC Mundo.
"Foi o que obtive. Peguei a luz que vem do Sol, que
está refletindo na superfície do cometa e alcançando meu telescópio".
Mas o problema é que nessa faixa óptica não há muitas
características que ajudem a diferenciar.
"Precisamos ir até o infravermelho, até outros
comprimentos de onda, ou ao ultravioleta, que é o próximo passo que tenho em
mente, para observar o cometa em comprimentos de onda mais curtos, em direção
ao azul" .
Para fazer esses estudos, De León explicou que os
astrônomos aguardam o cometa estar mais próximo e mais brilhante.
"E aí, o que queremos, em vez de observar a luz
refletida, é observar os gases, os compostos que estão evaporando quando se
aproximam do Sol e emitem luz", disse.
E o que aconteceria se essa análise do espectro de gases
indicasse uma composição diferente da dos cometas do nosso sistema solar?
"Seria uma bomba. Indicaria quais são os materiais
nos discos protoplanetários de outras estrelas, em outros sistemas
solares."
Fonte: Site do BBC News Brasil - http://www.bbc.com/portuguese
Comentário: Pois é leitor, enquanto a tecnologia astronômica
e espacial humana estiver avançando, novas descobertas como essa se tornarão cada
vez mais comuns e novos questionamentos serão feitos. Faz parte, é assim que a
nossa civilização vem avançando desde que surgiu na face deste planeta e
continuará assim até que sejamos extintos.
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