Tecnologia Desenvolvida em Campos dos Goytacazes Chegará ao Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria publicada dia (20/09)
no site do "Jornal Terceira Via", de Campos dos Goytacazes (RJ), destacando as
atividades espaciais em curso no “Centro de Referência em Sistemas Embarcados e
Aeroespaciais (CRSEA)” do Instituto Federal Fluminense (IFF) desta cidade do interior
do estado do Rio.
Duda Falcão
CAMPOS DOS GOYTACAZES
Tecnologia Desenvolvida em
Campos Chegará ao Espaço
Município também vai integrar rede nacional de
rastreamento de satélites
Jornal Terceira Via
Data: 20/09/2016 - 15:21:05
Foto: Silvana Rust
Campos sai na frente dos demais polos de tecnologia
aeroespacial do país e vai ganhar em cerca de um mês a primeira Estação
Terrestre de uma série de dez que formarão a Rede Integrada Brasileira de
Rastreamento de Satélites (RIBRAS). A tecnologia do projeto é 100% campista,
desenvolvida pelo Centro de Referência em Sistemas Embarcados e Aeroespaciais
(CRSEA) do Instituto Federal Fluminense (IFF). Outro experimento desenvolvido
pelo CRSEA, desta vez inédito no mundo, é um sistema que torna mais barata a
comunicação espacial, que envolve a construção e operação do nanosatélite
14-BISat, que deve chegar ao espaço até o fim do ano. Mas os pesquisadores da
cidade não pararam por aí. Eles ainda participam de uma missão internacional,
com outros 33 países, que consiste no desenvolvimento de componentes e
lançamento de 50 nanossatélites. As pesquisas vindas dos laboratórios do IFF
podem ser o primeiro passo para consolidar Campos como referência no país em
desenvolvimento de tecnologia aeroespacial.
O diretor do Polo de Inovação Campos do IFF e pesquisador
do CRSEA, Rogério Atem, explica que a rede de estações terrestres, a missão
internacional e o nanosatélite 14-BISat são projetos distintos, mas que se
complementam. Os equipamentos terrestres servirão para coletar dados enviados
pelos pequenos satélites experimentais. Eles serão embarcados na Holanda e
lançados de Kourou, na Guiana Francesa.
Ainda segundo Rogério, os satélites da missão
internacional QB50 têm o objetivo de estudar a baixa termosfera, parte da
atmosfera ainda pouco conhecida, que fica entre 90 e 350 km de altitude. A QB50
conta com 34 países como Bélgica, China, Estados Unidos, Portugal e a
representação brasileira ficou por conta de quatro professores e 15 alunos do
IFF de Campos.
“Como o lançamento de satélite é uma coisa cara, a
Estação Espacial Europeia (organização intergovernamental dedicada à exploração
do espaço) combinou com os 34 países que participam da missão internacional que
o lançamento será subsidiado por ela. Nós pagamos apenas 20 mil euros, que do
ponto de vista da atividade aeroespacial é algo muito barato. No entanto,
teremos que embarcar um experimento obrigatório, que será um projeto
desenvolvido na Alemanha para fazer medição de oxigênio na baixa termosfera. Por
outro lado, a gente ganhou o direito embarcar um experimento próprio, que é o
14-BISat”, esclareceu Atem.
Os 50 nanosatélites da QB50 tiveram componentes
desenvolvidos pelos 34 países envolvidos missão. Eles pesam entre dois e quatro
quilos e medem entre 10 e 30cm.
BOX 14-BISat
Paralela à missão internacional, Campos fará em parceria
com Portugal um segundo experimento envolvendo dois nanosatélites: o campista
14-BISat, em homenagem a Santos Dumont, e o lusitano GAMASat, um tributo ao
navegador e explorador português Vasco da Gama. O projeto vai permitir que
transmissões de dados do espaço para a Terra e entre unidades no espaço sejam
realizadas sem a necessidade uma infraestrutura de telecomunicações de alto
custo, como acontece atualmente.
“O nosso experimento será uma espécie de internet
espacial. Funciona da seguinte forma: o nosso satélite e o satélite de Portugal
são os dois servidores ou provedores. Outros 19 nanosatélites seriam os
‘clientes’. O projeto existe para que os satélites ‘clientes’ se comuniquem
entre si e os servidores se comuniquem com a Terra. Aqui embaixo nós temos
facilidade de transmissão, mas lá em cima não. A transmissão do espaço para a
Terra é muito cara, ela é limitada e lenta. Nosso projeto vai flexibilizar essa
transmissão”, disse Atem.
Enquanto os satélites de grande porte desenvolvidos pelos
Estados Unidos, Rússia e China, por exemplo, custam em torno de US$ 500
milhões, o 14-BISat demandou apenas R$ 1,5 milhão. O pesquisador lembra, no
entanto, que o projeto campista não faz 100% das operações dos outros, mas o
índice fica em cerca de 70% da capacidade de operação. “Comunicação entre
satélites existe há décadas, mas, ao baixo custo, como estamos fazendo, não”,
garantiu.
O 14-BISat e o GAMASat estão sendo desenvolvidos, desde
2012, em conjunto com a Universidade do Porto, em Portugal, a empresa
portuguesa Tekever Aerospace, com o apoio da Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC).
BOX Estações Terrestres
As 10 estações terrestres de alta precisão desenvolvidas
em Campos, também com orçamento de R$ 1,5 milhão, que irão compor a Rede
Integrada Brasileira de Rastreamento de Satélites (Ribras), foram financiadas
pela Agência Espacial Brasileira. O projeto começou a ser idealizado em 2013 e
inclui a integração das estações e torres, bem como o desenvolvimento de
softwares de tracking, automação e controle, além da orquestração otimizada da
rede.
O Polo de Inovação Campos do IFF, que fica na localidade
de Martins Lage, receberá a primeira estação, cuja torre está em faze final de
montagem. Rogério Atem adianta que as outras unidades serão instaladas em
locais como Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Instituto Federal da Bahia
(IFBA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do
ABC (UFABC), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC).
“A primeira unidade deve começar a operar dentro de 30
dias. Como este é um trabalho relativamente lento, a previsão é de termos outras
três ou quatro espalhadas pelo Brasil funcionando em 2017”, adiantou Rogério
Atem.
Também de acordo com o diretor do Polo de Inovação,
Campos já possui uma estação para rastrear satélites, também instalada em
Martins Lage, que está em operação há cerca de um ano, mas que não fará parte
do sistema Ribras. Por meio dela, os pesquisadores coletam informações
meteorológicas.
Fonte: Site do Jornal Terceira Via - 20/09/2016
Excelente notícia. Parabéns a todos os envolvidos. Isso demonstra que com competência e um uso otimizados dos parcos recursos é possível realizar e levar adiante grandes projetos.
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