Radioamadorismo e Cubesats: Em Busca da Integração
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo postado dia 23/12/2014 no site do “Grupo ad-hoc de Gestão e Defesa Espectral (GDE/LABRE)” destacando os radioamadores e as equipes de cubesats estão em
busca de uma integração.
Duda Falcão
News
Radioamadorismo e Cubesats:
Em Busca da Integração
GDE/LABRE
23/12/2014
Com participação de Edson Pereira, PY2SDR
Protótipo do Satélite NanosatC-BR1.
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O uso de
frequências do Serviço de Radioamador por satélites educacionais da categoria cubesat com aplicações
radioamadoras é tendência mundial, uma vez que não existe no momento um
segmento espectral específico para os satélites educacionais.
A histórica
relação entre universidades e organizações radioamadoras no desenvolvimento
tecnológico e educacional é um dos elementos que contribuem para esta
tendência.
No primeiro
lançamento mundial de cubesats em 2003, dois deles foram desenvolvidos por
unidades de ensino japonesas em integração com a AMSAT (Amateur Satellite Corporation): o CUTE-1 ou OSCAR-55 e
Cubesat IX-IV ou OSCAR-57 (OSCAR de Orbiting Satellite Carrying Amateur Radio).
Os próprios
radioamadores configuram uma sociedade tecnológica pioneira no campo satelital.
Seu primeiro satélite, o OSCAR 1, foi lançado pelos EUA apenas 4 anos após o
Sputinik, em 1961. O primeiro satélite brasileiro também foi radioamador, o
Dove OSCAR-17,
lançado em 1990.
Como
consequência desta atividade coube à IARU, a União Internacional de Radioamadorismo
(International Amateur Radio Union), a coordenação internacional de frequências
utilizadas por satélites no espectro destinado ao Serviço de Radioamador.
No entanto o
recente aumento no número de projetos de cubesats que não possuem envolvimento
da comunidade radioamadora tem gerado preocupações nas organizações
radioamadoras e nas administrações de telecomunicações, especialmente nos
aspectos legais de operação e ocupação espectral com descaracterização da
natureza do serviço.
Visando mitigar
os problemas e reduzir o risco do uso indevido das frequências, a IARU e a
AMSAT estimularam a integração entre as organizações de representação dos
radioamadores e as unidades de ensino e pesquisa.
A expectativa é
que as operações sigam as normas de comunicações de cada país e as premissas da
IARU, assim como exista maior divulgação dos projetos para a comunidade e
missões satelitais com aplicações radioamadoras.
Como questões de
gestão espectral envolvem o GDE (grupo de Gestão e Defesa Espectral da LABRE), o grupo criou em maio
de 2014 uma lista de discussão na Internet chamada edusats-br. Nela integrantes
dos vários projetos de satélites brasileiros começaram pela primeira vez a
interagir com os radioamadores, entender as demandas mútuas e trabalhar pela
esperada integração. A coordenação do segmento de satélites pelo GDE coube a
Edson Pereira, PY2SDR.
A interação não
ficou apenas no aspecto virtual. No primeiro semestre de 2014 o grupo realizou
reuniões e visitas ao ITA, INPE e Colégio Embraer abordando o tema
radioamadorismo espacial, tecnologia e educação. No segundo semestre um seminário foi realizado na Convenção Nacional de
Radioamadorismo (organizado pela LABRE/SP), contanto com a presença de vários projetistas de
satélites, estudantes, professores e radioamadores.
Os Primeiros Sinais de Parceria Operacional
Em junho de 2014
o INPE e a UFSM lançaram o NanosatC-BR1, um cubesat 1U (10x10x10cm) com missão
científica e educacional. O lançamento foi anunciado na lista edusats-br e os
radioamadores brasileiros foram os primeiros a receber os sinais de telemetria
em CW transmitidos pelo satélite na primeira órbita sobre o território nacional.
A recepção dos
primeiros sinais foi de grande valor para a missão, uma vez que pelos dados de
telemetria fornecidos pelos radioamadores, os engenheiros do INPE puderam
confirmar o primeiro estado de saúde do cubesat, o que posteriormente
possibilitou comandá-lo para o modo nominal de operação, transmitindo dados das
cargas úteis científicas.
Os coordenadores
do projeto NanosatC-BR1 agradeceram publicamente os radioamadores pelo auxílio,
além de ter sido uma ótima oportunidade de divulgação do próprio projeto para a
comunidade de radioamadores: “Eles estão vibrando com o projeto que é o primeiro satélite brasileiro
que pode ser rastreado por eles na frequência em que atuam. São muito
experientes rastreando satélites radioamadores internacionais e estão vibrando
com esta oportunidade de rastrear e contribuir para a segurança de um satélite
brasileiro. E nós mais ainda com este apoio. Já são praticamente parte da
equipe tal a interação que temos tido" (Dr. Otávio Durão
(INPE) em nota ao excelente blog Brazilian Space).
As Primeiras Aplicações em Radiocomunicações
A LABRE/GDE
durante o ano de 2014 também se aproximou de dois outros interessantes
projetos: o AESP-14, cubesat de 1U desenvolvido por alunos do ITA com missão de
testar no espaço uma estrutura de cubesat integralmente desenvolvida no Brasil;
e o ITASAT-1, um cubesat de 6U com missão científica e educacional.
Estes cubesats,
com lançamentos previstos para 2015, incluirão missões radioamadoras. O AESP-14
transmitirá sequências aleatórias de textos predefinidos para recepção das
estações radioamadoras. O ITASAT-1 possuirá um transponder digital por
armazenamento (store-and-forward)
desenvolvido por radioamadores brasileiros que permitirá comunicação via
satélite usando mensagens curtas de texto entre estações radioamadoras ao redor
do planeta. Maiores informações serão difundidas no transcorrer dos projetos.
Fonte: site do GDE/LABRE - http://www.radioamadores.org/
Comentário: Pois é leitor, essa parceria das equipes
brasileiras com os nossos radioamadores já está rendendo frutos e certamente continuará
avançando nos próximos anos. Sucesso a todos. Aproveitamos para agradecer publicamente ao Dr.
Otávio Durão pelo envio deste artigo.
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