INPE Comemora 40 Anos de Recepção de Imagens
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada
na Revista Espaço Brasileiro (Jan – Jun de 2013), dando destacando a Estação de
Recepção e Gravação (ERG) do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Cuiabá (MT), que completou 40 anos de recepção de imagens de satélites.
Duda Falcão
INPE
INPE Comemora 40 Anos de
Recepção de Imagens
A operação permite ao Brasil receber dados e
imagens de satélites que garantem a manutenção
e o desenvolvimento de estudos e atividades
de reconhecimento internacional
Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE)
Há 40 anos, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
instalou a Estação de Recepção e Gravação (ERG) em Cuiabá (MT). A operação,
iniciada em 23 de abril de 1973 com o primeiro rastreio do ERTS-1 – satélite que
originou a série Landsat -, permite ao Brasil receber dados e imagens que
garantem a manutenção e o desenvolvimento de estudos e atividades de
reconhecimento internacional, como os programas do instituto que monitoram o
desmatamento na Amazônia e as queimadas em todo o país.
A estação de Cuiabá realiza o rastreio diário de satélites, o
reconhecimento de seus dados e a posterior entrega das informações brutas ao
Centro de Dados de Sensoriamento Remoto (CDSR), localizado no INPE de Cachoeira
Paulista (SP). Hoje, Cuiabá recebe dados dos satélites Landsat-7,
Resourcesat-1, UK-DMC-2, Terra/Aqua e da série NOAA. A estação já recebeu dados
dos Satélites Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres 1, 2 e 2-B (CBERS, sigla
em inglês), e irá receber os do CBERS 3 e 4.
A infraestrutura para o recebimento dos dados de satélite é
fundamental para o sucesso de toda um cadeia tecnológica que vai da construção
de satélites a sistemas para o processamento e distribuição dos dados aos
usuários, envolvendo pesquisa, inovação e geração de produtos e serviços.
A Estação de Cuiabá foi a terceira instalada no mundo – a primeira
foi nos Estados Unidos e a segunda, no Canadá. Isso é parte importante não só
da história do Programa Espacial Brasileiro e INPE, mas também dos países
vizinhos e do próprio sensoriamento remoto por satélite.
Trajetória – Em 1982,
Cuiabá ganhou mais uma antena com dois canais, bandas X e X. No final da década
de 80, a estação recebeu equipamentos para rastreio dos satélites Spot,
Radarsat e Jers, com tecnologia SMD (dispositivos montados em superfície).
A década de 90 foi marcada pela modernização da sala de operações.
Dentre os fatos marcantes da história da estação, o técnico de operações Luiz
Carlos Nascimento destaca a implantação na nova antena com três canais de banda
X já preparada para receber a série de satélites CBERS, culminando na recepção
da primeira imagem do CBERS-1 (1999), em território nacional, realizada pela
Estação de Cuiabá.
“Um momento importante da década de 2000 foi a grande
modernização que tornou a Estação de Cuiabá totalmente automatizada e apta a
rastrear qualquer satélite que opera em banda X”, conta Luiz Carlos. Ele
recorda ainda alguns desafios enfrentados na história da estação. “O primeiro
incidente de grave proporção foi uma descarga elétrica ocorrida no dia 21 de
dezembro de 1977, quando 70% da estação foram danificados. O então diretor do
INPE, Fernando de Mendonça, convocou uma força tarefa e em poucos dias a
estação estava novamente operacional”, conta.
A criação da estação em Cuiabá está diretamente relacionada aos
avanços conquistados na área de sensoriamento remoto. Governo, cientistas e
empresas usam cada vez mais essa tecnologia em que o Brasil é um dos pioneiros
no mundo. O lançamento do primeiro satélite para observação da Terra – o norte-americano
ERTS-1, em 1972, cujos dados poucos meses depois eram recebidos em Cuiabá –
proporcionou um salto nos estudos sobre meio ambiente e a dinâmica de ocupação
e uso do solo.
A recepção e gravação das imagens de satélites permitiu ao INPE
formar um dos acervos mais antigos do mundo. Isso possibilita o acompanhamento
das mudanças ambientais, urbanas e hídricas ocorridas nas últimas décadas. Estão
disponíveis imagens de 100% do território nacional e 80% da América do Sul (todo
o Uruguai, Paraguai, Bolívia, Guianas, Suriname e parte do Chile, Peru,
Equador, Colômbia, Venezuela e Argentina).
Benefícios – Desde 2004, o INPE disponibiliza , via internet e
gratuitamente, o catálogo com imagens que ajudam na formulação de políticas
públicas em áreas como monitoramento ambiental, desenvolvimento agrícola,
planejamento urbano e gerenciamento hídrico.
A política de acesso livre as imagens, iniciativa pioneira do
INPE, levou outros países a também disponibilizar gratuitamente dados orbitais
de média resolução. As imagens são fornecidas a qualquer usuário do mundo. Os
países da América do Sul cobertos pelas antenas de recepção do INPE em Cuiabá
são os mais beneficiados pela política.
O fornecimento gratuito de imagens de satélite contribuiu para
a popularização do sensoriamento remoto e para o crescimento do mercado de
geoinformação brasileiro. Monitorar desmatamentos, queimadas, a expansão das
cidades, safras agrícolas, o nível dos rios e reservatórios, entre outras
aplicações, é mais fácil e barato quando é possível uma observação ampla e
contínua da Terra, proporcionada por sensores remotos a bordo de satélites em
órbita.
Mais de um milhão de imagens já foram distribuídas pelo INPE a
aproximadamente 15 mil usuários, em mais de duas mil instituições públicas e privadas,
comprovando os benefícios econômicos e sociais da oferta gratuita de dados. O download das imagens é disponibilizado a
partir do endereço http://www.dgi.inpe.br/CDRS/.
Os 40 anos de recepção de imagens foi lembrado durante o 16ª edição
do Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, que aconteceu em abril deste
ano, na cidade de Foz do Iguaçu (PR). Promovido pelo INPE, o evento fomentou e
vem acompanhando o crescimento do uso das imagens de satélites desde que foi realizado
pela primeira vez, em São José dos Campos (SP), há 35 anos.
“O INPE sempre teve como missão o desenvolvimento de atividades
ligadas ao acesso ao espaço e a aplicações dele recorrentes. Em cada uma de
suas áreas de atuação, o instituto sempre buscou desenvolver atividades que
contemplem o ciclo completo da inovação, ou seja, pesquisa básica, pesquisa
aplicada, produto e utilização social”, declarou o diretor do INPE, Leonel
Perondi, no ato de abertura do Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto.
Estação de Recepção e Gravação de imagens de satélites |
Fonte: Revista Espaço
Brasileiro - num. 15 - Jan a Jun de 2013 - págs. 14 e 15
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