Estudo de Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) Publicado na 'Revista Nature Astronomy', Aponta Que a 'Reconexão Magnética e Turbulência' Explicam os Raios Cósmicos Superenergéticos
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então, no dia de ontem (04/01) foi postada uma notícia
no site Inovação Tecnológica destacando
que um artigo publicado na sessão "Destaques
da Pesquisa" da ‘Revista Nature
Astronomy’ por um grupo de pesquisadores da Universidade de São
Paulo (USP), aponta que a Reconexão Magnética e Turbulência explicam
os Raios Cósmicos Superenergéticos. Entendam melhor essa história pela matéria abaixo.
Brazilian Space
PLANTÃO
Reconexão Magnética e Turbulência Explicam Raios
Cósmicos Superenergéticos
Com informações
da Agência Fapesp
04/01/2024
[Imagem: Tania
E. Medina-Torrejón et al. - 10.3847/1538-4357/acd699]
Distribuição das partículas nos pontos de reconexão magnética do jato, com as linhas de força do campo magnético distorcidas por efeito de turbulência. |
Energia dos Raios Cósmicos
Raios
cósmicos chegam à Terra o tempo todo, vindos do Sol, de outras regiões da
Via Láctea ou mesmo de galáxias distantes. Mas esses raios primários também
geram raios cósmicos locais, que se formam na própria atmosfera terrestre pela
interação das partículas que vêm de longe com a matéria local.
Para raios
cósmicos de energias menores, de até 1011 elétrons-volts (eV), a
frequência é de um por metro quadrado por segundo. Mas existem raios cósmicos
de energias extremamente altas, que podem chegar a 1020 eV. Estes
são bem mais raros e aparecem com uma frequência de um por quilômetro quadrado
por século.
Para se ter ideia
do que significam 1020 eV, basta dizer que, no Grande Colisor de
Hádrons (LHC), o maior colisor de partículas da atualidade, o máximo de energia
conferida a uma partícula é da ordem de 1013 eV. Isso significa que
os raios cósmicos de energia extremamente alta são até 10 milhões de vezes mais
energéticos.
O modelo-padrão
da física explica a aceleração das partículas de energias menores por ondas de
choque: Propelidas pela frente de onda, as partículas sofrem sucessivas
colisões, o que as acelera cada vez mais. Porém, esse modelo parece não funcionar
para as partículas de energias extremamente altas.
E, nesses casos,
uma explicação alternativa precisa ser encontrada. Foi o que fez agora um grupo
de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em um artigo que teve uma
recepção tão favorável que constou da sessão "Destaques da Pesquisa"
da revista Nature Astronomy.
Núcleos Ativos de Galáxias
Os pesquisadores
estudaram especificamente a aceleração de partículas em jatos relativísticos -
próximos à velocidade da luz - oriundos de núcleos ativos de galáxias, a
estrutura central que se acredita ser "acionada" por um gigantesco
buraco negro.
"Por
simulação computacional, nós verificamos que a aceleração das partículas em
jatos de núcleos ativos de galáxias é causada por reconexão
magnética e maximizada por efeitos de turbulência," contou Elisabete
Dal Pino, membro da equipe.
Devido à rotação
do disco
de acreção formado pela matéria que colapsa no buraco negro existente no
núcleo ativo de galáxia, os jatos rebatidos pelo buraco negro nos dois sentidos
da direção ortogonal ao disco são dotados de campos magnéticos helicoidais. A
simulação recriou uma porção do jato próxima ao buraco negro e injetou nela as
partículas de teste.
Como as linhas de
campo de polaridades opostas se atraem, isso produz uma incessante
reconfiguração do campo. As partículas são aceleradas nos locais de reconexão
magnética principalmente por meio do chamado 'processo de Fermi', analogamente
ao que acontece na aceleração por ondas de choque.
"Essa
explicação foi proposta pela primeira vez em 2005, por mim e por Alex Lazarian,
pesquisador da Universidade de Wisconsin. Nesse processo, partículas
aprisionadas entre as linhas de campo magnético que sofrem reconexão colidem
várias vezes com flutuações magnéticas. Isso acarreta a aceleração e o
crescimento exponencial da energia dessas partículas. No jato, as turbulências
no interior do fluxo, distorcendo as linhas de força, criam pontos de reconexão
cada vez mais rápida. Aceleradas nessas regiões de reconexão através das linhas
de campo, as partículas alcançam velocidades muito próximas à da luz,"
detalhou Elisabete.
A aceleração por
reconexão pode explicar as ocorrências dos fenômenos mais energéticos
observados nos jatos de núcleos ativos de galáxias, com a emissão de raios gama
e neutrinos.
Bibliografia:
Artigo: Particle
Acceleration by Magnetic Reconnection in Relativistic Jets: The Transition from
Small to Large Scales
Autores: Tania
E. Medina-Torrejón, Elisabete M. de Gouveia Dal Pino, Grzegorz Kowal
Revista:
Nature Astronomy
Vol.: 952,
Number 2
DOI:
10.3847/1538-4357/acd699
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