Pesquisadores Brasileiros Desvendam Raios Invertidos, Que Sobem em Vez de Cair
Olá leitor!
Segue abaixo uma noticia postada dia (04/10) no site
“Inovação Tecnológica” destacando que Pesquisadores Brasileiros desvendam raios
invertidos, que sobem em vez de cair.
Duda Falcão
MEIO AMBIENTE
Brasileiros Desvendam Raios Invertidos, Que Sobem em Vez
de Cair
Inovação Tecnológia
Com informações da Agência Fapesp
04/10/2019
Imagem: Elat/INPE
Os raios invertidos têm sido documentados se originando
em estruturas altas, como torres de telecomunicações, em direção às nuvens.
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Raios Descem e Sobem
Os raios sobem ou os raios caem?
De fato, há raios que caem, chamados descendentes, e há
raios que sobem, chamados ascendentes, ou invertidos. Raios descendentes são
muito mais comuns do que os ascendentes e ambos têm a mesma intensidade.
Um tipo de raio "invertido", que em vez de
descer das nuvens e tocar o solo, como ocorre com a maioria das descargas elétricas,
parte de uma estrutura alta na superfície e se propaga em direção às nuvens,
começou a ser observado no Brasil nos últimos anos.
Responsáveis pelos primeiros registros do fenômeno no
país, pesquisadores do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Carina Schumann e Marcelo
Magalhães Saba conseguiram agora desvendar os mecanismos envolvidos na formação
desses raios ascendentes.
"Constatamos que os raios ascendentes são iniciados
a partir da ponta de uma torre ou para-raios de um edifício alto, por exemplo,
na sequência de um raio descendente [para baixo] e a uma distância de até 60
quilômetros," contou Marcelo.
Câmeras Para Fotografar Raios
Para chegar a essas conclusões, o grupo observou e
registrou 110 raios ascendentes ocorridos durante tempestades de verão no Pico
do Jaraguá, em São Paulo, e em Dakota do Sul, nos Estados Unidos, entre 2011 e
2016.
Para isso, foi usada uma combinação de câmeras
fotográficas digitais e de vídeo de alta velocidade - capazes de registrar de
10 a 40 mil imagens por segundo -, medidores de campo elétrico e de
luminosidade e uma câmera de ultra-alta velocidade, que registra até 100 mil
imagens por segundo.
As câmeras com essas velocidades de aquisição de imagens
são necessárias para esse tipo de estudo porque o tempo que leva para ocorrer
um raio "para baixo" e outro "para cima" é muito pequeno,
da ordem de centenas de milissegundos. Sem câmeras com essas velocidades é
impossível distingui-los.
Raios Ascendentes e Raios Descendentes
Imagem: Carina Schumann et al. -
10.1038/s41598-019-46122-x
Os resultados das análises, juntamente com dados de
sistema de medição de campo elétrico, indicaram que são os raios descendentes
positivos - que deixam um saldo de carga negativa na nuvem - que frequentemente
iniciam raios ascendentes.
Esses raios descendentes positivos costumam ocorrer no
final da tempestade. Logo após o contato da descarga com o solo, eles costumam
apresentar uma corrente de longa duração e baixa intensidade. Essa corrente
produz uma perturbação forte e rápida na sua distribuição de cargas na nuvem de
tempestade. É essa perturbação que normalmente gera condições para a iniciação
do raio ascendente.
"Os raios positivos descendentes produzem, dentro da
nuvem, descargas negativas com extensão horizontal de muitos quilômetros. Essas
descargas negativas podem passar por cima de torres altas e induzirem cargas
positivas em suas pontas. Se a intensidade de carga elétrica induzida for
suficiente podem surgir, das pontas das torres, descargas ascendentes que
formam os raios 'para cima'," disse Marcelo.
O Pico do Jaraguá, nas imediações da cidade de São Paulo,
é o segundo lugar com maior número de registros de raios ascendentes no mundo,
atrás apenas de uma localidade nos Alpes Suíços. Com 1.135 metros de altitude,
o Jaraguá registra entre 30 e 40 raios ascendentes por ano, principalmente no
verão, mas também no inverno, quando há frentes frias.
"Já registramos a ocorrência de raios ascendentes no
Pico do Jaraguá no inverno. Mas são mais frequentes na transição da primavera
para o verão e do verão para o outono", disse.
Proteção dos Para-Raios
De acordo com os pesquisadores, raios descendentes são
muito mais comuns do que os ascendentes e ambos têm a mesma intensidade. Os
raios ascendentes, porém, costumam ter duração 40% maior e, felizmente, não
apresentam risco de atingir humanos, pois são originados na ponta das torres.
Mas, enquanto o impacto de um raio descendente é mais
distribuído, uma vez que em metade dos casos uma mesma descarga toca pontos
diferentes no solo, o de um raio ascendente é mais localizado, na ponta das
estruturas altas, que podem sofrer danos.
Com a tendência de construção de torres e prédios cada
vez mais altos, a ocorrência desse tipo de raio tende a aumentar, ponderou o
pesquisador: "Os raios ascendentes não existiriam sem a presença de
estruturas altas."
Os pesquisadores estão avaliando, agora, como um
para-raios responde a um raio descendente, uma vez que, assim que esse tipo de
raio se aproxima, a estrutura lança para o alto uma descarga para conectá-la a
ele. "Isso pode ser importante para definir a área de proteção de um
para-raios, por exemplo," disse Marcelo.
Bibliografia:
Artigo: On
the triggering mechanisms of upward lightning
Autores: Carina Schumann, Marcelo M.
F. Saba, Tom A. Warner, Marco A. S. Ferro, John H. Helsdon Jr., Ron Thomas,
Richard E. Orville
Revista: Nature Scientific Reports
Vol.: 9, Article number: 9576
DOI: 10.1038/s41598-019-46122-x
Fonte: Site Inovação Tecnológica - http://www.inovacaotecnologica.com.br
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