Brasil e Rússia Reforçam Laços de Cooperação na Área Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria do site Sputnik News e postada
dia (13/04) no site da Agência Espacial Brasileira (AEB), destacando que Brasil
e Rússia reforçam laços de cooperação na área espacial.
Duda Falcão
Brasil e Rússia Reforçam Laços
de Cooperação na Área Espacial
Em entrevista à Rádio Sputnik, o Presidente da AEB Falou
Também Sobre o Primeiro Voo de Yuri Gagarin.
Sputnik
13/04/2015
A cooperação espacial entre Rússia e Brasil está num
nível cada vez mais elevado, com grandes ganhos para os dois países.” A
afirmação é de José Raimundo Coelho, diretor-presidente da AEB – Agência
Espacial Brasileira, na data em que se comemora o voo pioneiro de Yuri Gagarin
ao espaço.
José Raimundo Coelho se manifestou por ocasião do Dia do
Cosmonauta e da Cosmonáutica na Rússia, em homenagem a Gagarin, o primeiro ser
humano a viajar ao espaço, em 12 de abril de 1961. Na entrevista que concedeu à
Sputnik Brasil, o físico destacou que a Rússia vem implantando no Brasil o seu
sistema de navegação por satélite, Glonass, mediante acordos da Roscosmos com
universidades. Além disso, a Agência Espacial Russa vem franqueando acesso aos
cientistas brasileiros e lhes permitindo aprofundar seus conhecimentos.
O diretor-presidente da AEB também enfatizou na
entrevista que, “com apoio da Agência Espacial Brasileira, o Laboratório
Nacional de Astrofísica (LNA) e a Roscosmos assinaram na quinta-feira, 7 de
abril, em Itajubá, Minas Gerais, um acordo para instalação de um telescópio de
monitoramento de lixo espacial”.
Nas palavras de José Raimundo Coelho, “o benefício deste
acordo para o Brasil é essencialmente a utilização dos dados, manutenção e
controle da estação de monitoramento”.
O Laboratório Nacional de Astrofísica terá o primeiro
telescópio no país com participação no projeto Sistema Eletro-Óptico Panorâmico
para Detecção de Detritos Espaciais (PanEOS), que será o segundo do projeto em
operação. O primeiro fica nas montanhas de Altai, na Rússia.
Sobre o feito pioneiro da ciência soviética de 12 de
abril de 1961, o diretor-presidente da AEB afirma que “o voo de Yuri
Gagarin tem várias implicações de ordem técnica e de ordem de visualização da
importância do programa espacial no mundo todo. Do ponto de vista técnico, é
uma grande conquista, porque a Rússia foi capaz de enviar um astronauta ao
espaço, o que foi um grande feito. É claro que a presença de uma pessoa, pela
primeira vez, no espaço tem uma ordem de grandeza enorme para o programa
espacial do mundo todo, e isso levou outros países a querer fazer a mesma
coisa. Com isso, aconteceu aquela grande corrida entre a na época União
Soviética e os Estados Unidos, que levou a conquistas tecnológicas e
científicas de grande porte. O pioneirismo da Rússia e da União Soviética é
exemplar nessa área.”
O Dr. José Raimundo Coelho faz um histórico do início da
conquista espacial:
“O acesso ao espaço, do ponto de vista científico, foi
iniciado por um russo chamado Konstantin Tsiolkovsky, um cientista importante
que disse para o mundo todo, com sua ciência, que era possível e como se
deveria fazer. Temos o maior apreço por essa iniciativa. Digamos que a Agência
Espacial Brasileira está sempre se congratulando com essa data.”
A respeito da cooperação entre Brasil e Rússia na
pesquisa espacial, o presidente da AEB relaciona os momentos marcantes desse
relacionamento:
“Há vários momentos que marcaram essa cooperação. Nós
tivemos um acidente no nosso programa espacial em 2003, e depois disso fizemos
uma parceria com a Rússia para nos ajudar a recuperar nosso modelo de Centro
Espacial de Lançamento e também dos nossos lançadores que serão utilizados a
partir do Campo de Lançamento de Alcântara. Houve ainda a possibilidade de
alguns de nossos engenheiros, principalmente da Força Aérea, ficarem na Rússia
por algum tempo e depois trazerem vários conhecimentos adquiridos ao longo
desse tempo, e também alguns russos que ficaram aqui no Brasil. Esse foi o
início da nossa relação na área espacial.”
José Raimundo Coelho revelou ainda que, mais
recentemente, os dois países têm reforçado a sua relação na área espacial por
meio de um convênio, de um acordo que a AEB assinou com a agência Roscosmos,
tendo como princípio o acordo que deu origem também a uma iniciativa
excepcional: a instalação de algumas estações de calibração em universidades e
institutos no Brasil que servem para os russos calibrarem a precisão do sistema
Glonass.
Ele explica que o Glonass é um sistema de navegação tipo
GPS, e que é também utilizado para a calibração do GPS – os dois em atividade
conjunta entre a Rússia, os Estados Unidos e o Brasil. Segundo o físico, o
fundamento básico de uma cooperação como essa é o de os dois países estarem
focados em iniciativas que são de interesses mútuos:
“Qual o interesse da Rússia em colocar essas estações
aqui no Brasil? Ela precisa colocar essas estações em vários lugares do mundo
para poder manter o seu sistema o mais preciso possível, e nós aceitamos essa
cooperação, que é muito importante para a Rússia mas é importante para nós
também porque nós colocamos isso em ambientes universitários e de pesquisas, e
esses ambientes são próprios para a recepção de informações e de pesquisas
nessa área. É bom para a Rússia e é bom para o Brasil” – explicou.
Ainda mais recentemente aconteceu outra iniciativa no
relacionamento Brasil-Rússia na área espacial. “É a observação de detritos
espaciais”, conta José Raimundo Coelho. “É fundamental que nós mantenhamos sob
controle essa quantidade enorme de milhões de detritos espaciais para poder, de
alguma maneira, ter alguma noção do que está no espaço e onde nós possamos colocar
nossos satélites e nossas estações espaciais para que não sejam atingidos pelos
detritos. Esses detritos viajam em órbita da Terra numa velocidade de quase 30
mil km/h, e qualquer pequeno detrito do tamanho de uma bolinha de tênis, se
colidir com uma nave espacial ou com um satélite, pode causar um dano
irrecuperável. É necessário se montar um sistema no planeta que observe a
movimentação desses detritos e oriente os nossos satélites e nossas estações
para que não colidam com esses detritos. Essa é a ideia. Nós instalamos isso em
um local importante do ponto de vista técnico e tecnológico para a Rússia, mas
também importante para o conhecimento e o desenvolvimento de pesquisas em torno
desses dados e de suas aplicações. Essa é a grande vantagem, trabalhar com
iniciativas que sejam de interesse mútuo.”
Confira aqui o
entrevista na Rádio Sputnik.
Fonte: Site da Agência Espacial Brasileira (AEB)
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