Europeus Adquirem 21 Foguetes Brasileiros
Olá leitor!
Segue abaixo uma excelente matéria da jornalista Virgínia Silveira publicada hoje (06/10) no jornal “Valor Econômico” destacando que europeus adquiriram 21 foguete brasileiros.
Duda Falcão
Europeus Adquirem 21 Foguetes Brasileiros
Virgínia Silveira
Para o Valor, de Estocolmo e
São José dos Campos
06/10/2011
O Brasil se transformou em um dos principais provedores internacionais de foguetes de sondagem, veículos suborbitais que podem transportar experimentos científicos para altitudes superiores à atmosfera terrestre, por períodos de até 20 minutos. O Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e a estatal sueca Swedish Space Corporation (SSC) compraram 21 motores-foguete do veículo de sondagem VSB-30, utilizado com sucesso em mais de 11 lançamentos no Brasil e na Suécia.
O negócio, segundo o diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), responsável pelo desenvolvimento desses foguetes, brigadeiro Francisco Carlos Melo Pantoja, está avaliado em € 3 milhões. Dos 21 motores comprados, segundo ele, oito são conjuntos completos - o foguete e mais dois motores - e outros cinco são do motor S-30, que será integrado em outro foguete usado pelos europeus, o americano Orion.
Segundo o presidente da SSC, os foguetes de sondagem brasileiros e especialmente o VSB-30, que já recebeu uma certificação internacional, são considerados os melhores do mundo em sua categoria. O VSB-30 substituiu o foguete inglês Black-Arrow, que deixou de ser produzido em 1979, depois de 266 lançamentos, sendo o último em 2005.
O lançador brasileiro vem sendo usado pelo Programa Europeu de Microgravidade desde 2005 e, no próximo dia 24 de novembro, fará seu 12º vôo a partir do Centro de Lançamento de Esrange, em Kiruna, na Suécia. O interesse dos europeus pelos foguetes de sondagem brasileiros, desenvolvidos com a participação do DLR, no entanto, envolve outros modelos além do VSB-30.
Segundo o presidente e CEO da SSC, Lars Persson, a missão espacial Shefex II que levará, entre outros experimentos, um veículo hipersônico europeu, avaliado em 8 milhões de euros, será feita pelo foguete brasileiro VS40 M, um veículo de sondagem mais potente e veloz que o VSB-30. O VS40 M também foi adquirido pelo DLR alemão a um custo de 900 mil euros, segundo o IAE.
O lançamento do experimento Shefex II (Sharp Edge Flight Experiment) à bordo do VS40 M está previsto para fevereiro de 2012, mas uma equipe do IAE já está Base de Andoya, na Noruega, desde o mês passado, trabalhando na pré-montagem do foguete. O VS-40 M também lançará um experimento brasileiro, que consiste em uma placa de carbeto de silício. O material será utilizado na estrutura do Satélite de Reentrada Atmosférica (SARA), outro projeto do IAE.
O presidente da SSC disse que a empresa também está interessada em comprar o foguete brasileiro VLM, que está em fase de desenvolvimento e poderá lançar microssatélites de 100 a 150 quilos. Persson disse que a empresa estima um mercado anual de 10 lançamentos com o VLM.
"No futuro nós pretendemos utilizar o VLM, porque ele é uma ótima opção para lançar satélites pequenos e com um custo de lançamento bem mais barato que o dos grandes foguetes", explicou. O motor do VLM está sendo desenvolvido pela empresa brasileira Cenic, que utiliza a tecnologia de fibra de carbono, responsável por uma redução de 60% no peso do motor do foguete.
Já o mercado global de foguetes de sondagem sub-orbitais, considerando apenas as aplicações civis, é de mais de 100 lançamentos anuais, para cargas úteis (experimentos científicos e tecnológicos) na faixa de 50 a 200 kg de massa e em altitudes de 100 km. Em média, segundo estimativa feita pelo diretor do IAE, cada lançamento custa da ordem de US$ 1 milhão, mas existe uma expectativa de um crescimento para 1500 vôos anuais se o preço do kg de carga útil for reduzido para US$ 250.
A parceria com a SSC no programa de foguetes de sondagem, segundo Pantoja, é vista com bons olhos, pois a empresa já está envolvida com a comercialização de foguetes no mercado europeu e desta forma oferece mais possibilidades de venda do produto brasileiro fora do país.
O VSB-30, por exemplo, tem a aprovação da Agência Espacial Européia (ESA) para realizar vôos na Europa transportando cargas científicas do Programa Europeu de Microgravidade. O foguete foi o primeiro produto espacial brasileiro a ser comercializado no mercado externo e também o primeiro a receber uma certificação de nível internacional.
O desenvolvimento do VSB-30 foi feito com investimentos da ordem de 700 mil euros e o Centro Aeroespacial DLR arcou com 100% desse valor. O foguete custa cerca de 320 mil euros. "Os ganhos dessa parceria não podem ser vistos somente sob o ponto de vista financeiro. Essa sinergia tem gerado conhecimento e transferência de tecnologia para os dois lados", comentou Pantoja.
Com faturamento de 180 milhões de euros por ano e 660 colaboradores em 11 países, a SSC é especializada no desenvolvimento de câmeras imageadoras para satélites de observação da Terra, prestação de serviços de recepção de dados de satélites, pesquisas em ambiente de microgravidade e vigilância marítima através de radares, câmeras e sensores.
Fonte: Jornal Valor Econômico - 06/10/2011
Comentário: Maravilhosa notícia nos trás a bela e bem informada jornalista Virgínia Silveira. Aliás, (modesta parte) como já vínhamos antecipando em nossos comentários que algo assim poderia acontecer e vou mais além, não se surpreendam se nessa lista de foguetes que interessam aos europeus (VSB-30, VS-40, VS-30/Orion e VLM) seja incluído em um futuro bem próximo uma versão modernizada do VS-30. Gostaria daqui da Bahia de parabenizar a todos os servidores do IAE, civis e militares, por essa conquista, principalmente aos Brigadeiros Pantoja e Kasemodel pela luta que eles desprenderam para alcançar essa vitória. Esperando e torcendo para que nenhuma idéia brilhante que não seja para ajudar saia de Brasília. Avante IAE, vocês merecem. Gostaria de agradecer ao leitor André C. Castro pelo envio dessa matéria.
Bela noticia, tenho orgulho de todos que trabalhando nestes projetos e que o programa espacial tenha vida longa, eu ainda quero estar vivo e ver nosso centro espacial forte em todos os aspecto.
ResponderExcluirOlá Luis Porto!
ResponderExcluirSeja bem vindo. Olha, essa é a esperança de todos amigo, e mesmo com a falta de uma atitude adequada do governo, o programa continua avançando. É verdade que não como deveria, mas pelos menos avança. Vamos continuar lutando com esse energúmenenos por um bom tempo ainda, porém "esmorecer jamais".
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Mais quem atenderá essa demanda? o IAE ? Isso pode sobrecarregar o instituto e prejudicar o desenvolvimento dos outros projetos.
ResponderExcluirA melhor saída é passar pra industria a fabricação desses foguetes.
Olá Ramir!
ResponderExcluirE será amigo, a comecar pelo VSB-30 e seguido pelo VLM, que se o governo não atrapalhar, já nascerá sendo integralmente desenvolvido desde o início em parceria com a indústria brasileira. Já o VS-40, esse dependerá ainda do seu sucesso no lançamento do Shefex II em fevereiro de 2012, mas não tenho dúvida que o mesmo será bem sucedido e estará entrando em breve definitivamente para a linha de produção industrial, devido a sua grande versatilidade. Além dele, desconfio que o IAE vem desenvolvendo uma versão modernizada do VS-30 e um novo foguete de sondagem baseado no motor S-50 do VLM, que deverá ser chamado de VS-50. Vamos aguardar.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
O comentário do leitor Ramir tem muita razão de ser. A produção em escala é um desvio de função. O IAE não é fábrica de foguetes e sim um instituto de pesquisa e desenvolvimento. Juridicamente o IAE não pode vender foguetes! Julgo que essa informação da venda de foguetes deveria ser melhor explicada. Quem, de fato, é o vendedor? pra onde irá o dinheiro da venda?
ResponderExcluirOlá Unknown!
ResponderExcluirVeja bem amigo, os foguetes do IAE não são fabricados pelo instituto e sim por empresas contratadas sob a supervisão do instituto. O que acontece é que ainda não foram fechadas e muito provavelmente nem iniciadas as negociações entre o governo e essas empresas, para então se partir para o processo de industrialização em série desses foguetes, isso inclui o VSB-30. No caso do VLM, ele já nascerá na indústria, com o apoio do conhecimento desenvolvido pelo IAE. O que deve ter ocorrido nessa compra dos foguetes é que os alemães e suecos devem ter solicitado essa demanda e o IAE então solicitou junto ao pool de empresas envolvidas a produção dos mesmos. Ou seja, o dinheriro deverá ser passado as indústrias.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)