Uma Estrela Gigantesca Desapareceu do Nada em Uma Galáxia Distante
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (29/06) no
site ‘Gizmodo Brasil’ destacando que uma Estrela Gigantesca desapareceu do nada em uma Galáxia Distante.
Duda Falcão
HOME - ESPAÇO
Uma Estrela Gigantesca Desapareceu do Nada em Uma Galáxia Distante
Por George Dvorsky
Gizmodo Brasil
Publicado em 30 de junho de 2020 - 14:06
Crédito: ESO
Conceito artístico da estrela que desapareceu.
|
Uma estrela excepcionalmente brilhante em uma galáxia
vizinha desapareceu do nada, em um mistério de proporções cósmicas.
De acordo com novas pesquisas publicadas nesta terça-feira (30) no Monthly
Notices of the Royal Astronomical Society, um objeto dentro da galáxia anã
de Kinman desapareceu de vista. Os cientistas levantaram a hipótese de que
seria uma estrela azul maciça, com base em observações astronômicas feitas
entre 2001 e 2011. Porém, a partir de 2019 ela não foi mais detectada.
Os autores do estudo, liderados pelo estudante de
doutorado Andrew Allan do Trinity College Dublin, conjuraram duas explicações
possíveis: ou a estrela experimentou uma queda dramática na luminosidade e está
parcialmente escondida atrás de alguma poeira ou se transformou em um buraco
negro sem desencadear uma explosão de supernova.
Se esta última hipótese estiver certa, representaria
apenas a segunda supernova fracassada conhecida pelos cientistas.
A galáxia anã Kinman está localizada a 75 milhões de
anos-luz da Terra, portanto, não está nem um pouco próxima. Os astrônomos não
conseguem discernir estrelas individuais devido às tremendas distâncias
envolvidas, mas a estrela em questão é uma variável luminosa azul (LBV), que
pode ser detectada mesmo a distâncias extremas.
As LBV são estrelas maciças e imprevisíveis no final de
suas vidas. A natureza variável desta estrela, por meio de suas mudanças
dramáticas nos espectros e no brilho, pode ser vista a partir da Terra. Por
incrível que pareça, a suposta estrela seria 2,5 vezes mais brilhante que nosso
Sol. Ou pelo menos era.
Imagem: NASA, ESA/Hubble, J. Andrews
As observações realizadas entre 2001 e 2011 apontavam
para uma LBV em estágio tardio na galáxia anã de Kinman. Em 2019, uma equipe de
astrônomos quis dar outra olhada para ver como as coisas estavam indo, e o
fizeram usando o Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul (ESO).
Para a surpresa deles, não tinha mais nada por lá – um resultado ao mesmo tempo
animador e desanimador.
“Ficamos todos agradavelmente surpresos ao descobrir que
a assinatura da estrela não estava presente em nossa primeira observação feita
em agosto de 2019 utilizando o instrumento ESPRESSO do Very Large Telescope do
ESO”, disse Allan ao Gizmodo. “Esperávamos inicialmente uma observação de maior
resolução que se assemelhasse às observações do passado, que usaríamos para
nossos modelos.”
Imaginando que havia algo estranho com o ESPRESSO, Allan
e seus colegas decidiram dar outra olhada com o instrumento X-shooter do telescópio.
“Verificamos novamente a observação do ESPRESSO diversas
vezes, mas não conseguimos detectar a assinatura da estrela”, disse Allan.
“Como as condições não eram perfeitas no dia em que esta observação foi feita,
queríamos ter certeza de que a assinatura estava realmente ausente. Desta vez
usamos o instrumento X-Shooter do Very Large Telescope e ficamos felizes em
descobrir que essa observação também apontava para o desaparecimento da estrela.”
Sem nenhuma novidade e com um mistério que de repente
precisava ser resolvido, a equipe mergulhou nos arquivos, olhando para
observações anteriores da galáxia anã.
A suposta estrela maciça passou por um forte período de
explosão que chegou ao fim por volta de 2011. Sabe-se que as LBVs tem ataques
de raiva, resultando em uma súbita perda de massa e um forte aumento de
luminosidade.
Na esteira deste período particular de explosão, é
possível que “estejamos vendo o fim de uma erupção LBV de uma estrela
sobrevivente, com uma leve queda na luminosidade, uma mudança para temperaturas
efetivas mais quentes, e algum obscurecimento de poeira”, conforme escreveram
os autores no estudo. Portanto, a estrela ainda pode estar ativa, mas muito
fraca para que possamos detectá-la da Terra.
Outra explicação possível é que a estrela caiu em um
enorme buraco negro sem uma explosão de supernova – o que os astrônomos chamam
de uma supernova fracassada.
“Isto seria consistente com algumas das atuais simulações
computacionais que prevêem que algumas estrelas não produzirão uma supernova
brilhante quando morrerem”, disse Allan ao Gizmodo. “Isso acontece quando se
forma um enorme buraco negro e ele não está girando muito rápido. No entanto,
um colapso para um buraco negro sem produzir uma supernova só foi observado uma
vez no passado, na galáxia da NGC 6946 onde uma estrela maciça menor pareceu
desaparecer sem uma explosão brilhante.”
Se realmente aconteceu uma transição sem supernovas para
um buraco negro, isso marcaria o primeiro exemplo conhecido com uma estrela
maciça em uma galáxia de baixa metalicidade, uma descoberta que “poderia conter
pistas importantes sobre como as estrelas poderiam cair em um buraco negro sem
produzir uma supernova brilhante”, disse Allan.
“É uma descoberta muito interessante que é relatada no
artigo, com uma análise muito cuidadosa e bem feita”, disse Beatriz Villarroel,
uma doutora da IAC Tenerife e do Instituto Nórdico de Física Teórica, ao
Gizmodo. “As LBVs são estrelas instáveis, e a análise apresentada pelos autores
certamente contribui para a compreensão destes objetos cheios de
quebra-cabeças. Neste caso particular, é provável que eles tenham observado o
fim de uma forte erupção com uma estrela sobrevivente”, disse Villarroel, que
não estava envolvida no novo estudo.
Como um aspecto relevante, o novo artigo não deve ser
confundido com um artigo similar de coautoria de Villarroel de 2019. Em vez
de acompanhar o desaparecimento das LBVs, Villarroel e seus colegas
acompanharam um fenômeno conhecido como transientes vermelhos, no qual os
pontos vermelhos ficam mais brilhantes e depois recuam de vista.
Imre Bartos, um físico da Universidade da Flórida, disse
que temos muito a aprender sobre estrelas maciças e como elas morrem, dada sua
raridade e curta expectativa de vida.
“O consenso atual é que as estrelas não conseguem
terminar suas vidas como buracos negros mais pesados do que cerca de 65 vezes a
massa do Sol”, disse Bartos, que não estava envolvido no novo estudo, ao
Gizmodo. “Se o desaparecimento da estrela é de fato devido ao seu colapso para
um buraco negro mais pesado, teremos que repensar nossa compreensão de como as
estrelas vivem e morrem.”
Ao que ele acrescentou: “Neste ponto, ainda há incertezas
sobre este resultado e é importante estudar mais a fundo essa observação, de
modo que observações adicionais e uma busca minuciosa por desaparecimentos
semelhantes são fundamentais.”
Para apoiar a hipótese da supernova fracassada,
Villarroel disse: “precisamos procurar objetos que permanecem desaparecidos por
décadas”. E dada a “escala de tempo muito curta envolvida nas observações do
artigo atual, isso me faz pensar que vamos ver mais [atividade] daquela estrela
novamente”, disse ela ao Gizmodo.
Essa é uma possibilidade animadora, exigindo que os
astrônomos treinem seus telescópios em direção à galáxia anã Kinman. Este
mistério está longe de ser resolvido, mas se Villarroel estiver correta, ainda
há potencial para que esta estrela, se ela ainda existir, brilhe mais uma vez.
Fonte: Site Gizmodo Brasil - https://gizmodo.uol.com.br
Comentários
Postar um comentário