Parece que o Espaço se Tornará Uma Zona de Guerra; Entenda o Que Isso Significa
Olá leitor!
Segue abaixo um preocupante artigo postado dia (30/10) no
site “Canaltech”, destacando que aparentemente o espaço poderá se tornar uma “Zona de Guerra”.
Duda Falcão
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Parece que o Espaço se Tornará Uma Zona de Guerra; Entenda
o Que Isso Significa
Por Patrícia Gnipper
Canaltech
Fonte: The Conversation, Reuters
30 de Outubro de 2019 às 12h15
A indústria aeroespacial está vivendo uma grande
revolução no momento. Empresas privadas estão a todo vapor com suas iniciativas
tanto em parceria com agências espaciais governamentais, quanto em seus
próprios projetos envolvendo exploração científica e comercial do espaço.
Agências espaciais estatais de diversas nações estão vivendo uma nova Corrida
Espacial para se destacar no cenário internacional deste milênio. Contudo, o
espaço também é alvo de interesse para outro tipo de atividade: a militar — o
que pode tornar o ambiente espacial uma verdadeira zona de guerra.
No início de dezembro, uma cúpula na OTAN (Organização do
Tratado do Atlântico Norte, aliança militar intergovernamental) deverá
justamente decidir se o espaço será declarado como "um domínio de
combate". E, se o espaço for mesmo aprovado como uma zona de guerra,
membros da OTAN poderão começar a usar armas espaciais para destruir satélites
e mísseis de nações consideradas inimigas. É sobre isso que falam os
especialistas no assunto Gareth Dorrian, pesquisador da Universidade de
Birmingham, e Ian Whittaker, professor de física na Nottingham Trent
University, em artigo publicado no The Conversation.
Como a Decisão da OTAN Poderá Viabilizar Guerras Espaciais
(Imagem: Getty Images)
Nações como China e Índia já fizeram testes polêmicos envolvendo o
lançamento de mísseis para abater satélites em órbita. E, na Rússia,
recentemente desenvolveram um satélite comercial projetado para se encontrar
com outros na órbita. Mas, ainda que o objetivo desta iniciativa russa tenha
sido pacífico (fazer a manutenção de satélites no ambiente espacial), tais
feitos mostram que tecnologias para interceptar (e até mesmo destruir) objetos na
órbita do planeta já existem, e vêm sendo exploradas em países que não fazem
parte da OTAN — ainda que a Rússia tenha um "acordo de paz" com a
aliança.
"Se um país ou empresa puder manobrar seus próprios
satélites para se aproximarem de outros, poderá fazê-lo para fins militares ou
de sabotagem — possivelmente sem detecção", opina a dupla de
especialistas.
É importante lembrar também que os Estados Unidos, sob o
governo de Donald Trump, estão
montando o Comando Espacial (Spacecom), cuja atividade ainda é um tanto
quanto obscura, mas é fato que a unidade será militar. Trump chegou a afirmar
que "nossos adversários estão treinando forças e desenvolvendo tecnologias
para minar nossa segurança no espaço, e é por isso que meu governo reconheceu o
espaço como um campo de guerra e fez a criação da força espacial como uma
prioridade de segurança nacional".
Uma decisão da OTAN favorável à declaração do espaço como
uma fronteira de defesa reconheceria, formal e oficialmente, que batalhas
poderiam acontecer não mais apenas em terra, no ar e no mar, como também no
ambiente espacial. E, considerando todo este cenário, não é difícil imaginar a
abertura de brechas para que países membros da OTAN utilizem o ambiente
espacial para combater iniciativas de seus rivais, e vice versa. Contudo, a
Reuters chegou a informar que diplomatas da OTAN negaram que tal decisão teria
como objetivo abrir o caminho para guerras espaciais, dizendo que essa decisão,
na verdade, abriria um debate sobre o potencial uso de armas espaciais para
desligar mísseis inimigos ou destruir satélites identificados como espiões, por
exemplo.
Hoje, os membros da OTAN possuem 65% dos satélites que
estão na órbita da Terra, mas a China vem impulsionando seu programa espacial
(e muito!) nos últimos anos — inclusive se
tornou a primeira nação a pousar uma nave no lado afastado da Lua com a missão
Chang'e 4, ainda em andamento. E não é novidade que os EUA e a China vêm
travando uma verdadeira guerra comercial, estremecendo a relação entre os
países, o que, num cenário bastante pessimista, poderia influenciar também
atividades militares.
E, bem, os Estados Unidos fazem parte da OTAN, e a
decisão de declarar o espaço como uma zona de guerra, aliada à criação do Spacecom,
pode dar poder para que os EUA arrumem meios de deter a ascensão da China
enquanto potência espacial, bem como enquanto uma potência militar rival — de
acordo com os diplomatas que conversaram com a Reuters.
Aí fica a questão: se, neste mesmo cenário pessimista em
que uma nação como a China, que não faz parte da OTAN, atacasse um satélite de
um estado-membro (como os EUA), isso seria compreendido como um ataque a toda a
aliança, acionando o Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte? Esse artigo exige
que os membros auxiliem qualquer outro membro que esteja sujeito a ataques
armados — compromisso que foi convocado após os ataques de 11 de setembro de
2001, quando os EUA mobilizaram tropas para o Afeganistão contando com o
auxílio de colegas da OTAN.
Como Ataques Espaciais Poderiam Ser Realizados
Os pesquisadores Dorrian e Whittaker levantaram algumas
ideias de como sabotagens e ataques de guerra poderiam acontecer no espaço,
tecnicamente falando. "Um método envolveria disparar um feixe intenso de
radiação de microondas em um objeto", que poderia ser um satélite, e isso
permitiria a desativação de seu funcionamento sem criar nuvens de detritos
orbitais — como aconteceria com o disparo de um míssil. "Você pode fazer
com que um ataque pareça um acidente e negar envolvimento", diz a dupla.
Eles lembram que o uso de "interferência de
rádio" para interromper comunicações remonta à Segunda Guerra Mundial.
"Ao inundar um receptor de rádio com ruídos de rádio, pode-se ocultar a
recepção de sinais genuínos e tornar o sistema inoperante; é como tentar
identificar a luz de uma vela contra o brilho dos faróis de carros",
explicam. E, ainda que os satélites sejam testados quanto à interferência de
ruídos de rádio antes de serem lançados, "se um satélite 'hostil'
direcionasse deliberadamente transmissões de rádio em banda larga no satélite
alvo, as comunicações poderiam ser completamente interrompidas", garantem.
Vamos lembrar dos testes ASAT (anti-satélites) já
conduzidos pela China e pela Índia para chegar à outra ideia de ataques
espaciais que a dupla de pesquisadores levantou. Em 2007, os chineses abateram
um satélite na órbita da Terra, gerando uma nuvem com mais de 2.300 pedaços
rastreáveis de detritos. Já em
março deste ano, foi a vez da Índia de fazer um teste ASAT similar e, em
agosto, pelo
menos 50 pedaços do satélite destruído ainda podiam ser detectados.
(Imagem: Dotted Yeti/Shutterstock)
Satélites destruídos na órbita geram uma imensidão de
detritos perigosos.
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Agora vem o pulo do gato: na visão dos pesquisadores
Dorrian e Whittaker, uma nação poderia ser mais esperta do que simplesmente
abater um satélite inimigo na órbita, o que seria uma declaração de guerra, e
poderia lançar uma missão ASAT em segredo, abatendo um satélite próprio, pois
isso geraria detritos — e, aí sim, detritos poderiam atingir o satélite alvo,
destruindo-o ou ao menos interrompendo seu funcionamento. "Se apontado
para um satélite adversário, esse míssil seria bastante óbvio e poderia ser rastreado
por outras nações por meio de radares. Um método mais sutil seria destruir um
satélite próprio e ter como objetivo produzir o máximo de detritos possível,
que ficariam no caminho orbital do alvo pretendido. Isso poderia parecer um
acidente", analisam.
Lasers também poderiam ser usados em uma guerra espacial.
Eles têm potencial de desativar painéis solares de satélites, que, sem energia,
não conseguiriam mais se comunicar com o controle terrestre. Mas nada de
imaginar cenas de ficção científica neste caso: os pesquisadores explicam que
"enquanto os filmes de sci fi nos condicionaram a acreditar que lasers
espaciais usariam luz visível, comprimentos de onda mais curtos produzem mais
energia; é improvável que qualquer observador na superfície veja diretamente quaisquer
efeitos de uma guerra espacial" — a menos que um satélite seja destruído e
seus detritos entrem queimando na atmosfera.
O uso de armas nucleares e de destruição em massa no
espaço, no entanto, é proibido pelo Tratado do Espaço Sideral, que prevê o uso
do ambiente espacial para fins pacíficos, somente — o que pode não acontecer
mais caso a OTAN determine que o espaço é uma área onde é possível haver
combates militares. E se você estiver pensando "mas o que eu tenho a ver
com isso?", a resposta é simples: ataques a satélites na órbita da Terra
podem afetar a vida de todos, como, por exemplo, perturbando o funcionamento de
GPS, interrompendo sinais de televisão, e até mesmo bagunçando sistemas
financeiros.
Fonte: Site Canaltech - https://canaltech.com.br
Comentário: Pois é leitor, há que ponto chega à estupidez
humana. Talvez no final das contas o arrogante Astrofísico Michel Mayor esteja realmente
certo quando disse que os humanos não iriam migrar para fora do Sistema Solar, afinal
desse jeito nos auto-destruiremos antes disto acontecer.
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