"2019 Não Será Um Ano Fácil": Entrevista Com o Ministro Marcos Pontes
Olá leitor!
Uma entrevista com o Ministro Marcos Pontes foi publicada
ontem (03/04) no site da Revista Galileu onde o mesmo diz que 2019 não será um ano
fácil para a C&T.
Duda Falcão
GALILEU - REVISTA - BRASIL
"2019 Não Será Um Ano Fácil": Entrevista
Com o
Ministro Marcos Pontes
À frente do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações (MCTIC), Pontes terá de lidar com um orçamento cada vez mais
reduzido
para a produção de pesquisas no país.
Por André Bernardo
03/04/2019 - 10h16
Atualizado 10h16
(Foto: Wikimedia Commons)
Marcos Pontes, Ministro de Ciência, Tecnologia,
Inovações
e Comunicações.
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Amissão do primeiro brasileiro que teve o privilégio de
visitar o espaço não era das mais simples. Formado em Engenharia pelo Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Marcos Cesar Pontes era o responsável por
realizar eventuais reparos nos equipamentos da espaçonave caso algo desse
errado. “Não tive um minutinho de folga lá em cima”, diz o militar da reserva
que completa 56 anos neste mês e que subiu a bordo do foguete russo Soyuz em
2006. Durante os oito dias em que ficou hospedado na Estação Espacial Internacional
(EEI), ele afirma que trabalhou uma média de 18 horas diárias — realizou oito
experimentos científicos e teve três momentos de comunicação com a Terra.
À frente do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações (MCTIC) desde o dia 2 de janeiro, Pontes também não terá vida
fácil. Na última semana, um decreto assinado por Jair Bolsonaro atingiu
diretamente a pasta comandada pelo ex-astronauta: ao reduzir as verbas do
Orçamento da União, o MCTIC perdeu R$ 2,1 bilhões (o equivalente a 42,27% do orçamento
reservado para investimentos). A medida se soma à série de cortes que a ciência
brasileira sofreu nos últimos anos: em 2018, o orçamento do MCTIC já estava 25%
menor do que em relação a 2017.
Em entrevista ao Jornal da USP, João Luiz
Filgueiras de Azevedo, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), afirmou que um rombo de R$ 300 milhões no orçamento do órgão
de fomento à pesquisa ameaça inviabilizar o pagamento de bolsas de
estudo e financiamentos de projetos científicos ainda neste ano.
O ministro Marcos Pontes reconhece o cenário de grandes
dificuldades para os pesquisadores brasileiros. "Sabemos que, do ponto de
vista orçamentário, 2019 não será um ano fácil, mas já estamos trabalhando para
recuperar o prestígio da ciência brasileira e mostrar a importância estratégica
do MCTIC para o desenvolvimento do país", afirma à GALILEU.
Confira a entrevista completa a seguir:
Qual é o maior desafio que o senhor tem hoje à
frente do ministério?
Restrições orçamentárias e burocracia para pesquisa são
dois grandes desafios que vamos enfrentar com determinação. Sabemos que, do
ponto de vista orçamentário, 2019 não será um ano fácil, mas já estamos
trabalhando para recuperar o prestígio da ciência brasileira e mostrar a
importância estratégica do MCTIC para o desenvolvimento do país. Tenho certeza
de que, com muito trabalho, chegaremos a 2020 em melhores condições para elevar
os investimentos e promover ações que estimulam a inovação no país.
O CNPq sofreu sucessivos cortes que afetaram as
bolsas de estudos. Qual é o impacto disso na pesquisa científica?
Sem pesquisa não há inovação. A gestão passada enfrentou
esse mesmo desafio em relação ao pagamento de bolsas e lançamento de novos
editais. Essa questão está atrelada ao orçamento aprovado no ano passado e não
temos como fazer alterações. Mas vamos nos empenhar para recuperar os
investimentos em pesquisa, inclusive com um diálogo constante com a equipe do
ministro da Economia, Paulo Guedes.
O senhor tem mantido diálogo com associações de
pesquisadores? Como elas poderão colaborar na sua gestão?
Sim, desde a transição tenho conversado com
representantes da comunidade científica. Reforço que governo e comunidade
científica devem formar um time pela ciência brasileira. É um trabalho conjunto
em defesa da ciência, da tecnologia e do desenvolvimento do Brasil. O esforço
conjunto do MCTIC com a comunidade científica do país será o motor para elevar
os investimentos.
Dá para produzir ciência de qualidade no país com
um orçamento de 1,3% do PIB?
Queremos fazer mais com o apoio do setor produtivo. É
importante ressaltar que, apesar das restrições orçamentárias, os pesquisadores
brasileiros têm feito um trabalho extraordinário. Para ter ideia, somos o 13º
país em produção de artigos científicos. Só em 2017, os pesquisadores
brasileiros publicaram 68.741 artigos científicos. Em contrapartida, estamos na
64ª posição no ranking global de inovação. O que nós queremos fazer é
transformar esse conhecimento em produtos e serviços que melhorem a qualidade
de vida da população e gerem riquezas para o país.
O senhor prometeu revisar a lei “para permitir que
universidades públicas recebam investimentos privados”. Que tipo de parceria
poderá ser feita?
Queremos ampliar o número de projetos de pesquisa
financiados por empresas dentro das universidades brasileiras. Isso já
acontece, mas apenas um pequeno número recebe aportes privados. Nosso objetivo
é elevar esse investimento e, junto com as mudanças trazidas pelo Marco Legal
de Ciência, Tecnologia e Inovação, construir um ambiente positivo para
atividades de pesquisa e inovação.
Fonte: site da Revista Galileu - 03/04/2019 - http://revistagalileu.globo.com
Comentário: Pois é leitor, essa notícia coloca em cheque
a C&T do país neste ano de 2019, inclusive aí o nosso “Patinho Feio”, e com
isso até mesmo o teste de voo de qualificação do nosso VS-50 está arriscado de não
ocorrer mais em 2019, o que atrasaria ainda mais o voo do tão esperado veículo alemão/brasileiro
VLM-1 entre, evidentemente, a continuidade de outros projetos do PEB. Aproveitamos para agradecer ao nossa leitora Mariana Amorim Fraga pelo envio dessa entrevista.
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