Vem Aí o Primeiro Satélite Lunar Brasileiro de Pesquisa

Olá leitor!

Segue abaixo mais uma interessante matéria publica dia (14/12) no “Diário Oficial do Estado de São Paulo” destacando a fantástica missão lunar da USP São Carlos.

Duda Falcão

Vem Aí o Primeiro Satélite
Lunar Brasileiro de Pesquisa

Integrado por cientistas da USP e pesquisadores de empresas e de diversos
centros de estudos aeroespaciais, Projeto Garatéa-L lançará, em 2020, sonda
para estudar os efeitos do ambiente espacial sobre a vida

Rogério Mascia Silveira
DOSP
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
14/12/2016

Sonda – Cientistas querem gerar inovação e soberania e inserir
o País em corrida tecnológica já iniciada na Europa e nos EUA.

Lançar, em dezembro de 2020, a primeira sonda interplanetária brasileira rumo à órbita lunar. Eis a proposta de um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e de pesquisadores de centros de estudos públicos e privados nacionais e de empresas de tecnologia (startups).

Batizado de Garatéa-L, o projeto pioneiro e multidisciplinar é coordenado pelo engenheiro aeroespacial Lucas Fonseca, docente convidado da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP) e pelo astrobiólogo Douglas Galante, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). Originária do tupi-guarani, a palavra Garatéa significa ‘busca-vidas’ e traduz um dos principais objetivos da expedição científica: investigar os efeitos do ambiente espacial sobre diferentes formas de vida existentes na Terra.

A letra L, acrescentada no final do nome do projeto, faz menção à Lua, um ambiente onde as condições de sobrevivência são consideradas extremas, devido à radiação, às variações de temperatura e à inexistência de barreiras de proteção à vida existentes na Terra, como a atmosfera e o campo magnético, formado pelos metais líquidos presentes em seu subsolo.

Essenciais – São muitas as respostas a serem buscadas com a missão. Segundo seus idealizadores, Fonseca e Galante, algumas delas serão essenciais em planejamentos futuros de missões tri - puladas a corpos celestes, considerando o atual desconhecimento sobre quais efeitos o corpo humano sofreria após passar um mês ou mais tempo na Lua ou em Marte.

Além da dupla, os principais pesquisadores participantes do projeto são Fábio Rodrigues, do Instituto de Química (IQ) da USP; Daniel Varella, da EESC-USP; Otávio Durão, Fátima Matiello e José Sérgio de Almeida, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Luís Loures e Lídia Shibuya, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); Thais Russomanno, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); e Vanderlei Parro, do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).

Interplanetárias – Estudar em tempo real os efeitos do chamado espaço profundo em colônias de micro-organismos abrigadas em um nanossatélite do tipo CubeSat é um dos pilares principais do projeto. Esse viés de astrobiologia do projeto ajuda a ciência a tentar explicar a origem, a evolução e o futuro de diferentes formas de vida na Terra, assim como investigar essa questão em outros astros. “A busca por vida fora da Terra necessariamente passa por entender como ela pode lidar com – e eventualmente sobreviver a – ambientes de muito estresse, como é o caso da Antártica, dos Andes e do Deserto do Atacama, onde já fizemos estudos. Agora iremos repeti-los na órbita lunar”, explica Galante.

Fonseca, seu parceiro na coordenação do Garatéa-L, foi o único cientista brasileiro a integrar a Missão Rosetta, projeto da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês). Em 2004, o consórcio europeu de pesquisa lançou uma nave em direção à órbita do cometa 67P/Churyumov- -Gerasimenko. Dez anos depois, os cálculos realizados estavam certos – e um robô saído da sonda conseguiu aterrissar, coletar materiais do solo, como água, e fotografar. Desde então, as viagens interplanetárias evoluíram e aumentou a compreensão sobre como ocorreu à formação dos planetas do sistema solar, entre outras questões.

Foto: PAULO CESAR DA SILVA
Fonseca – Sonda (lançada por balão atmosférico) é
capaz de subir a 35 quilômetros de altura.

Balão – Formado na EESC-USP em 2007, Fonseca atualmente divide com o engenheiro eletricista Daniel Varella, docente da instituição e também participante do Garatéa-L, a coordenação do grupo extracurricular Zenith. Baseada na EESCUSP e composta por 30 alunos de graduação e pós, a equipe dedica-se a diversos estudos aeroespaciais, em especial, projetar e construir balões atmosféricos, um tipo de experimento que norteará diversas etapas do CubeSat brasileiro.

Capaz de subir até 35 quilômetros de altura antes de estourar, esse tipo de balão possibilita diversas experiências com engenharia e áreas afins do Garatéa-L, como radiação ionizante e ultravioleta em bactérias e pigmentos e a coleta em tempo real de dados atmosféricos. No dia 19, às 11 horas, o grupo Zenith lançará, no câmpus II da USP São Carlos, um balão atmosférico. Quem quiser pode assistir e acompanhar, inclusive ajudar a resgatar a sonda depois da queda. Mais informações a respeito podem ser obtidas no Facebook do grupo (ver serviço).

Internacional – Em 2013, depois de cursar pós-graduação na França e trabalhar para o governo alemão, Fonseca retornou ao País e criou sua empresa, a Airvantis, cujo projeto principal é o Garatéa-L, isto é, desenvolver e lançar o primeiro CubeSat nacional interplanetário. Esse modelo de sonda espacial surgiu no meio acadêmico na década de 1990, sendo hoje usado pela NASA (agência espacial dos Estados Unidos) e por 250 universidades de 70 países.

No Brasil, INPE e ITA mantêm pesquisas com CubeSats – e entregarão o da missão Garatéa-L em setembro de 2019. O nanossatélite nacional será formado por seis cubos, cada um com dez centímetros de lado e dispostos em duas fileiras de três unidades cada uma. A sonda viajará para a órbita lunar na nave-mãe britânica Pathfinder com outros quatro dispositivos semelhantes fabricados por outros países, com diferentes objetivos.

Para ir à Lua, o projeto brasileiro foi selecionado em edital científico promovido neste ano pela SSTL, empresa privada britânica, com apoio da ESA, e pela agência espacial do Reino Unido (UK Space Agency). A Pathfinder seguirá para o espaço no foguete indiano PSLV-C11, o mesmo da bem-sucedida missão lunar Chandrayaan-1, realizada em 2008.

Soberania – O projeto tem custo estimado de R$ 35 milhões, dinheiro que será captado em órgãos de fomento à pesquisa (instituições públicas e privadas e empresas). “Queremos gerar inovação e soberania e inserir o Brasil em uma corrida tecnológica já iniciada na Europa e nos Estados Unidos”, explica Fonseca. “Em vez de importar uma sonda, vamos construí-la no País, para desenvolver muitas das tecnologias necessárias e formar pessoal especializado”, ressalta.

Eventuais interessados em participar ou acompanhar o Garatéa-L devem entrar em contato pelo site ou pela fan page do projeto no Facebook (ver serviço). “Além de parceiros científicos, o grupo busca empresas de quaisquer áreas para patrocinar o projeto, considerando o seu ineditismo e diversas outras questões, como as possibilidades de explorar a jornada inédita e também as imagens geradas da órbita lunar em tempo real”, destaca. “Empreender sem depender apenas de dinheiro estatal é outra aposta do projeto”, finaliza Fonseca.

SERVIÇO

Missão Garatéa-L – garatea.space

Facebook – facebook.com/missaogaratea

EESC-USP – www.eesc.usp.br

Grupo Zenith – zenith.eesc.usp.br

Lançamento de balão atmosférico goo.gl/bUWLTp


Fonte: Diário Oficial do Estado de São Paulo - II-São Paulo - pág.126 - Secção I - 14/12/2016

Comentário: Pois é leitor em minha opinião a confirmação da realização da Missão Garatéa-L pelo Grupo ZENITH da USP São Carlos foi a grande notícia no ano de 2016 das atividades espaciais brasileiras. Muitos dirão, mas Duda e a notícia sobre a assinatura de contrato do DCTA para a produção dos motores S50 pela Avibras (veja aqui), não seria esta a notícia do ano???? Bom leitor realmente seria se em torno do projeto do VLM-1 não houvesse tantas incertezas e tantos urubus de cores diversas urubuzando este projeto, enquanto que no projeto da Garatéa-L, não só existe competência técnica e motivação, bem como gente realmente imbuída em fazer a diferença. Em outras palavras, a Missão Garatéa-L é um questão de tempo para se tornar realidade e o VLM-1, por enquanto, devido ao emaranhado de problemas de diversas origens que o cerca, não passa de uma fantasia. Além do mais, a Missão Garatéa-L pode atuar como um exemplo motivador para que outros grupos aeroespaciais universitários do país se interessem pela plataforma cubesat como meio de realizar missões científicas de espaço profundo cada vez mais ambiciosas, uma missão marciana ou venusiana, por exemplo, ou até mesmo uma outra missão lunar que inclua um rover, quem sabe leitor, né verdade??? Não há limites para imaginação, foi o desejo de realizar, de fazer a diferença, de construir um futuro melhor para suas sociedades, que impulsionou nos últimos 100 anos o desenvolvimento humano nas nações de verdade, não com fantasias, mais com atitude, seriedade, dinamismo e comprometimento em prol do todo, este é o segredo do sucesso de uma nação, coisa só possível para aquelas sociedades que realmente entendem o significado da Cidadania. A missão Garatéa-L nasceu fruto do desejo de um Eng. Aeroespacial que jogou tudo pro alto (largando um futuro promissor dentro de uma das maiores e bem sucedidas Agencia Espaciais do mundo), para voltar a este Território de Piratas e dar a sua contribuição como Cidadão Brasileiro, ajudando no desenvolvimento e na formação de novos profissionais para o setor espacial, um exemplo impar e que pouco se viu neste país. O Eng. Lucas Fonseca para muitos poderá ser visto como um otário ou até mesmo um louco por deixar uma situação estável e muito confortável de futuro promissor para se aventurar nesta empreitada sem qualquer garantia de êxito, mas está ai a diferença entre aquele que ama o que faz e tem consciência da sua importância como profissional para o futuro do seu país e de seu povo e aquele que entrou no setor colocando a frente o desejo cada vez maior do retorno financeiro. O Blog BRAZILIAN SPACE parabeniza o Eng. Lucas Fonseca e a todos envolvidos por esta grande iniciativa e deseja que o ano de 2017 seja um ano cheio de realizações no desenvolvimento desta fantástica missão. Siga o exemplo galera, acreditem que vocês também podem fazer a diferença. FELIZ ANO NOVO para todos.

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