A Relação Brasil x Estados Unidos no Campo da Defesa e Espaço

Olá leitor!

Com as notícias que vem saindo na mídia recentemente sobre a aproximação do Brasil na área de Defesa com os EUA, aí incluindo a possibilidade de um novo acordo entre os dois países para uso comercial da Base de Alcântara pelo TIO SAM, trago agora para você uma interessantíssima entrevista com um especialista da Academia da Força Aérea (AFA).

Trata-se do Prof. Humberto José Lourenção, professor associado da AFA que durante a realização do “IX Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ENABED)” realizado em julho desse ano pela Universidade Federal de Santa Cantaria (UFSC), deu a sua opinião as jornalistas Ednubia Ghisi e Elaine Tavares sobre esta aproximação Brasil/EUA na área de Defesa e Espaço.

Vale lembrar leitor que esta entrevista foi realizada antes dos últimos acontecimentos, mas é bastante atual e sugiro ao leitor que procure escutar com atenção e sem ideias preconcebidas, ou seja, com a mente aberta e sem se deixar levar por ideologias políticas de qualquer espécie.

O leitor precisa entender definitivamente que para que um país se destaque nas relações internacionais é preciso que siga alguns conceitos básicos, caso contrário, a nação infantil pagará um alto preço pela sua ignorância e estupidez. Os conceitos são os seguintes:

* Não existem nações amigas, isto é papo furado, cada nação luta pelos seus interesses e quando se aliam em alguma área, isto ocorre por que os interesses passam a ser convergentes.

* Espionagem cientifica, tecnologia e industrial faz parte do jogo, mesmo entre aquelas nações aliadas. Por conta disto é necessário que cada país tenha um sistema de contra-espionagem ativo e eficiente em todos os níveis. Não há como fugir disso.

* Acordos internacionais como este de agora entre o Brasil e os EUA tem de ser elaborados por profissionais do setor comprometidos com os interesses da nação que eles representam e não por políticos e servidores de merda de moral discutível, e isto por razões obvias.

Seguindo esse três conceitos básicos com seriedade e competência, as possibilidade de acordos internacionais em qualquer área trazerem benefícios às nações participantes passam a ser enormes, não tendo a menor importância com quem o acordo seja feito.

No Brasil existe um antiamericanismo tão grande (principalmente entre acadêmicos e militares de diversas fações politicas) que impede o entendimento destes três conceitos básicos, colaborando assim com que acordos péssimos sejam assinados e com a proliferação da corrupção e do chamado entreguismo pelos políticos, resultando assim na perda de boas oportunidades pelo país nesta área.

Na verdade os EUA não são melhor ou pior do que qualquer outra nação do planeta, ou seja, simplesmente defendem os seus interesses e de seu povo com visão, eficiência, seriedade, comprometimento e responsabilidade, coisa que outras nações sérias do mundo também o fazem, e que o Brasil também faria se fosse uma nação séria.

Julgar mal os americanos pela condução eficiente dos seus interesses é continuar não só negando a nossa incompetência como nação, como também estimular a estupidez e a desinformação de nosso povo.   Devíamos sim neste momento esta aprendendo com eles (como outras nações do mundo fizeram e em alguns casos os superaram), mas invés disto continuamos alimentando esta cultura que só colabora para piorar cada vez mais a nossa situação, facilitando com isto a vida das chamadas ‘nações amigas’.

Note leitor que mesmo nessa entrevista em alguns momentos o especialista em questão parece demostrar está influenciado por esta visão deturpada, o que é lamentável. Já passou da hora de nossa sociedade amadurecer culturalmente, só assim construiremos uma nação de verdade.

Duda Falcão

Comentários

  1. Caro Duda, gosto muito dos seus textos e comentários. Mas devo dizer que desta vez, o teor desse seu artigo "mente aberta" contradiz seus comentários do artigo imediatamente anterior. Não adianta ter só a "mente aberta", é necessário levar em consideração o histórico não só do relacionamento Brasil-EUA como do comportamento dos nossos governantes "de merda", e sobre isso calcular as chances de termos ao final um acordo de vantagens recíprocas bem equilibrado. Sobre o primeiro ponto, concordo com o Prof. Humberto Lourenção - há mesmo razões de sobra para desconfiarmos dos EUA. O vazamento do WikiLeaks é apenas uma delas. Fique certo de que num acordo como esse não haverá transferência de tecnologia alguma, e sim, transferência de maquinário e/ou componentes - no máximo. Os segredos industriais, principalmente em se tratando de tecnologia dual (civil & militar), não serão repassados. E se fossem, seriam a um custo altíssimo. Sobre o segundo ponto, nem é preciso comentar nada.

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    1. Caro Márcio!

      Parece-me que você não entendeu o que eu disse. O que estou dizendo é que não podemos culpar os americanos pela nossa incompetência e estupidez. Eles ou qualquer outra nação do mundo desenvolvido quando senta para fazer um acordo o fazem com visão, competência, inteligencia e responsabilidade, mas não com intuito de favorecer o seu parceiro e sim a sociedade ao qual eles representam. Cada um que defenda o seu e tenha competência nas negociações. Além do mais, onde um não quer Márcio, dois não brigam, em outras palavras, se o acordo não lhe interessa é só não assiná-lo. O histórico das negociações Brasil-EUA citada por você é desfavorável a nós pela incapacidade, incompetência e mal caratismo de nossos negociadores. Os americanos não tem nada haver com isso. Agora quanto ao acordo que está sendo negociado, até agora o que foi divulgado é que será um acordo de uso comercial da Base. O que isto representará, dependerá uma vez mais dos termos do acordo que for negociado pelos nossos representantes de merda. Haverá entreguismo e perda de soberania? Saberão discutir os termos para se elaborar um acordo que seja interessante para nós? Bom estas são questões que só serão respondidas quando tivermos acesso aos termos do acordo. Entretanto em minha opinião pessoal diante da cultura que impera na política brasileira dificilmente este acordo será benéfico para o Brasil. Porém o fato de ser estabelecido com os americanos não significa que será ruim (outros países tem feitos bons acordos com EUA para o uso comercial de suas bases, os noruegueses que o digam) o que definirá isto será os seus termos, estando ai o motivo de minhas preocupações.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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    2. Marcio!

      Esqueci de complementar. Se há motivos de sobra para desconfiar dos EUA? É claro que há Marcio, bem como de qualquer outra nação desenvolvida que faça acordos com o Brasil. ESPIONAGEM Marcos, como disse no meu primeiro comentário faz parte do jogo, e todas nações o fazem, mesmo entre aquelas que se dizem aliadas, umas com competência e outra sem competência nenhuma. Os bastidores desse jogo envolve muita coisa que não chega a mídia, inclusive mortes. Por isso que acordos precisam ser bem elaborados e as nações terem um sistema de inteligencia e contra-inteligencia bem preparado para evitar que brejas inevitáveis que são abertas por esses acordos seja cobertas por esses sistemas dos países envolvidos, ou mesmo ataques de países que sequer são aliados. Porém Marcos esta é a postura de nações de verdade e sequer somos um país de verdade ainda, somos sim um Território de Piratas, o que facilita ainda mais a operacionalização de agencias interacionais em nosso território, bem como também o de grupos terroristas e o crime organizado nacional e internacional.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  2. Temos no Brasil um sentimento extremamente dual em relação a nações estrangeiras, principalmente EUA. Ou ficamos deslubrados a ponto de preferir produtos cegamente, somente pela etiqueta MADE IN USA, ou o que ocorre mais frequentemente quando temos a oportunidade de estudar um pouco mais é "vilanizar" os EUA como uma potencia má e anti ética que quer roubar nosso pais e nossos recursos... EUA é uma grande nação, organizada e que dá a seus cidadões uma qualidade de vida muito superior ao que conseguimos aqui na média, e temos de parar com o sentimento de orgulho ridículo de país subdesenvolvido, acusando e desmerecendo as nações desenvolvidas, para nos sentirmos menos inferiores como nação, temos sim que aprender com eles e superá-los. Os EUA são uma nação extremamente bem organizada, onde houve muito trabalho duro e sério, e chegaram a um bom nível de desenvolvimento não por acaso. Para começar a entender, devemos ir lá para o período das grandes navegações e analisar quais foram os motivos e qual tipo de gente colonizou cada país... O Brasil é um pais riquíssimo, somos realmente abençoados pelo país que temos e para ser bem sincero, não sei se o Brasileiro mereça o território que tem. O que acredito sinceramente, é que podemos ser uma nação desenvolvida, com qualidade de vida sem igual no mundo, e ainda sim, ser um modelo de colaboração e sustentabilidade. No entanto, precisamos amadurecer como nação e aprender a se posicionar como tal, escolher bons aliados, estabelecer acordos Win-Win, etc. Essa ideia de pais bom e mal, comunistas e capitalistas, essa é uma concepção que não cabe mais, inclusive no meu ponto de vista temos de parar com essa briga ridícula entre LULAS e BOLSONAROS, isso só evidencia nossa imaturidade política, isso NÃO É FUTEBOL!
    Para exemplificar, Israel nasceu como nação em 1948, com alguns milhares de refugiados, perseguidos e sobreviventes do holocausto no meio de um barril de pólvora, entre terras deserticas e pantanos cheios de malária, em 60 anos eles se transformaram em uma nação com a mesma qualidade de vida que EUA (E vendem VANTs para paises como BR, além de comprar empresas estratégicas no BR). Uma das chaves, foi a capacidade de escolher aliados e fazer bons acordos, e os EUA foi e continua sendo o principal aliado, mesmo sem ter nenhuma base no pais.
    Sobre o que o Duda disse, esse cenário é muito sério sim, ainda com o mesmo exemplo, a agência de inteligencia deles é o orgão mais admirado no Pais. Logo na década seguinte da fundação, centenas de ex-oficiais Nazis fugitivos (inclusive no BR e princ. Arg) foram caçados e eliminados em segredo, assim como um reator em construção no Iraque e outro na Síria foram destruídos pela força aérea deles. Só para concluir, tenho certeza que esse acordo pode ser sim positivo para nós, mas para isso, quem deveria estar na ponta das negociações seriam o pessoal da AEB e DCTA, e não políticos, caso contrário pode ser mais um tiro no pé para o PEB, por exemplo, temos uma relativamente boa cooperação com Rússia e China, ja se fala em Programa espacial em conjunto entre BRICS etc, com um acordo desses mal redigido, isso jogaria uma pá de cal nessas possibilidades...

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  3. Oswaldo Loureda , do ponto de vista que mais de 87% dos Brasileiros sofrem com o complexo Português de Vira-Lata , país esse que nos Colonizou e Herdamos a nossa língua mãe que a cada dia vem sendo substituída pelo Inglês, então o nosso famoso parceiro EUA , que tanto "gosta do Brasil" que desde o primeiro lançamento de Satélite em 1957 até hoje nunca ajudou o Brasil a construir um Foguete Orbital, então eu acredito mais nas parcerias com a China e na possível parceria com a Rússia, aí sim , os Vermelhos são mais Sociais com o Brasil , o Tio Sam é só tudo para Ele , e nada para o Brasil, então pra mim não acredito que o Brasil terá sucesso nessa União com os EUA. façam as contas de quantas décadas os EUA nunca fez nada em pró do progresso do Brasil na área Aero-Espacial.

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  4. Meu amigo, vc apresenta justamente o comportamento que descrevi. Agora, calçando os sapatos, do Tio Sam, e vendo o Brasil sempre flertando com a história da bomba nuclear, um programa espacial militar até recentemente (e ainda militar no campo de lançadores, que é justamente onde não recebemos apoio, e até alguns embargos na aquisição de peças made in USA) fazendo acordos de venda de armas (Avibras, Engesa e Mectron) para Iraque, Iran, Arábia Saudita, Paquistão, e mais recentemente se alinhando com Rússia, China, Iran... onde nossa presidenta, vai a ONU condenar a coalizão contra o ISIS, e pedir mais diálogo com os terroristas??? O peso do ITAR é mais que justificado, ainda acho que eles são super moderados com o Brasil, sempre buscando cooperação do Brasil no campo de satélites científicos e de sensoriamento remoto. Por exemplo, o acordo da ISS, pq melou??? picuinha nossa. O próprio JPL já enviou, e continua enviando todos os anos pesquisadores ao INPE por meio de cooperações (que poderiam ser mais largas se não fosse nossa burocrácia, enquanto eles levam semanas para aprovar um acordo de cooperação em uma missão em cooperação com o INPE, aqui levamos 1 ano). Ok, vamos fazer parceria com os camaradas Ucranianos, legal, colocamos 1/2 bilhão cada e ta tudo ok. Para os Srs terem ideia como o Brasileiro não sabe fazer acordo, o Tsyklon 4 é o Tsyklon 3 com pequenas modificações, com aumento do tanque do terceiro estágio, substituição das válvulas do motor que eram pirotécnicas de simples ação, por outras com capacidade de até 5 actuações, um sistema de controle melhorado, todas inovações que já estavam programadas pela empresa... E eles encontraram um povo carnavalesco super amistoso que toparam pagar o desenvolvimento todo e mais um pouco, pq esse custo de desenvolvimento NUNCA chegaria a 1/2 bilhão. Para se ter ideia, a SPACEX gastou até ganhar o contrato com a NASA para abastecimento da ISS, algo na faixa de 400M US$, sendo que esse dinheiro foi usado para desenvolver 100% do Falcon 1, e uns 80% do Falcon 9 e a Dragon, desenvolvendo seu próprio sistema de controle, navegação, motores, blindagem, tanques em Al 8XXX... Ai pergunto, e na Ucrânia, será que a mão de obra é mais cara? Será que eles tiveram de desenvolver motores do zero, tanques, será que eles tiveram de fabricar algum ferramental novo se quer???
    No meu ponto de vista, deveriamos construir uma base jurídica que tornasse esse tipo de acordo livre dos vai e vens políticos, livre de tendências e preferências dos servidores e realmente sólido a ponto de não gerar danos a imagem internacional. E sinceramente, deveriamos sim nos fortalecer como LA, como parte do BRICS, mas deveriamos focar em parcerias mais estratégicas, e que realmente nos trouxessem mais benefícios.

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