Argentina Tem Soberania Aeroespacial

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria escrita por um jornalista argentino especialmente para a edição de outubro do “Jornal do SindCT”, destacando as bem sucedidas atividades do Programa Espacial Argentino.

Duda Falcão

CIÊNCIA E TECNOLOGIA 3

Argentina Tem Soberania Aeroespacial

Programa nacional é levado a sério

Daniel Merli*,
de Córdoba
Jornal do SindCT
Edição nº 41
Outubro de 2015


No momento em que o país coloca Arsat-2 em órbita e caminha para oferecer Internet e conteúdo audiovisual para toda a América, o programa espacial entra no debate da eleição presidencial. Carmina Pizarro quer ser astronauta. A resposta da garota de 12 anos surpreendeu os pais que tentavam mais uma vez aferir-lhe as ambições profissionais.

Não só pela mudança — de cineasta para astronauta — mas porque a nova opção mostra-se, aos olhos deles, ainda mais distante da realidade. No entanto, na pequena cidade de Capilla del Monte, a 100 quilômetros de Córdoba, Argentina, não só o boom do cinema argentino estimula a imaginação de pré-adolescentes, mas também o sucesso do programa espacial argentino, que ao final de setembro colocou em órbita seu segundo satélite de fabricação própria: o Arsat-2, lançado menos de um ano depois que o pioneiro Arsat-1 atingiu sua posição orbital, no final de 2014. Na província de Córdoba, polo industrial da Argentina, está localizado o Centro Espacial Teófilo Tabanera, que faz a recepção e processamento dos dados enviados pelos satélites argentinos, bem como sua gestão e comando.

Criada em 2006, já sob a liderança presidencial dos Kirchner, a Arsat é a empresa estatal responsável pela gestão de satélites argentinos. Tem seu trabalho coordenado pela Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Conae). Juntos, os dois órgãos governamentais viram seu orçamento saltar de US$ 100 milhões para US$ 1,2 bilhão anuais, entre 2008 e 2013. “A opção política de criar a Arsat veio da decisão estratégica de manter as posições orbitais que nosso país firmou junto à União Internacional de Telecomunicações (UIT) e que, em certo momento do passado, estiveram por ser cedidas a outros países, como a Inglaterra”, explica Cláudio Corigliano, engenheiro da estatal argentina de satélites. Como resultado, o ArSat-1 foi colocado em órbita em outubro de 2014. Em setembro de 2015, o lançamento do Arsat-2 foi transmitido ao vivo da Guiana Francesa pela TV Pública argentina.

Detentor dos direitos de transmissão das séries A e B do Campeonato Argentino, bem como das partidas da seleção de Messi e Tévez, o Canal 7, como é chamado, detém boa audiência no país vizinho e é um dos principais divulgadores do programa espacial argentino, que conta como próximo passo o lançamento, no final do ano, do Tronador 2, primeiro Veículo de Lançamento de Satélite (VLS) produzido na Argentina. A Argentina está prestes a eleger o próximo presidente da República. A presidente Cristina Kirchner tenta fazer de Daniel Scioli seu sucessor, ao passo que a oposição conservadora tem como principal nome Maurício Macri. Uma das principais atrações da TV Pública, o programa de debate 678 – una critica al poder real, abriu sua edição de 11 de outubro, a duas semanas do 1º turno presidencial, registrando o fato de a mídia argentina ignorar o lançamento do satélite Arsat-2, produzido com tecnologia nacional.

Os feitos fizeram a Arsat ser brindada, já em 2014, com o prêmio Operador Satelital Revelação, concedido todos os anos pelas revistas Satellite Finance e SpaceNews e pela consultoria EuroConsult. No âmbito nacional, o desenvolvimento do programa aeroespacial rendeu a Menção Honrosa Senador Sarmiento, a principal comenda do Senado, ao engenheiro Conrado Franco Varotto, diretor da Conae.

Orgulho

“Definitivamente, o momento que vivemos é um reconhecimento do que batalhamos nas últimas duas décadas”, comenta Corigliano. Ele lembra que, além do desafio tecnológico de colocar um satélite no espaço, a aventura espacial possui um forte componente social.

“O Arsat-1 vai oferecer televisão aberta e Internet a 2.500 escolas rurais que não estão cobertas pela fibra ótica”. O Arsat-2 teria demonstrado, segundo ele, “que o Arsat-1 não foi uma casualidade e que o país conta com a capacidade de projetar, fabricar e gerir qualquer tipo de programa satelital”. Graças ao Arsat-2, “estamos em condições de oferecer serviços de Internet desde o Canadá até a Antártica”, afirmou Matías Bianchi, diretor da Arsat, em entrevista à Rádio Nacional Rock FM, pública.

“A região conta com um público de 1 bilhão de pessoas, para quem, além de Internet, serão oferecidos os produtos audiovisuais da Argentina, que responde por 70% da produção de conteúdos de fala hispânica da América Latina”, explica Corigliano. Logo após o lançamento do segundo satélite, o candidato governista Daniel Scioli participou de ato político em Córdoba e destacou o “orgulho que temos todos os argentinos de ter visto sair ao espaço o Arsat-2”. Scioli se comprometeu a manter o projeto do Arsat-3, já em construção, com o objetivo de ampliar e qualificar a oferta de acesso à informação.

“Isso é soberania comunicacional”, arrematou. Nas inserções eleitorais na TV, ele afirma que o país vai liderar o acesso à Internet na América do Sul. “A Arsat está projetando seu futuro com o objetivo de posicionar o país no mercado mundial de oferta de serviços de telecomunicação, ao mesmo tempo em que puxa o desenvolvimento da indústria nacional”, diz Corigliano. Nessa nova etapa, os argentinos “demandarão a incorporação de novas tecnologias, em que não descartamos a possibilidade de associar-nos a outros produtores internacionais ou até com outros países da América Latina que queiram se associar a novos projetos aeroespaciais, gerando intercâmbio de conhecimento e fortalecendo a união do Cone Sul”.

*O autor é jornalista. Especial para o Jornal do SindCT.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 41ª - Outubro de 2015

Comentário: Pois é, só resta mesmo parabenizar ao Governo Argentino, a sua Sociedade Civil e ao seu povo como um todo pela aposta no futuro, por conduzir seu Programa Espacial com seriedade por mais de uma década, e a nós brasileiros só nos resta ver a “banda passar”, fazer o que, né? Tudo de ruim o PEB enfrenta em seu dia-a-dia, é estupidez em cima de estupidez chegando-se até mesmo as raias da burrice em alguns casos, a total falta de comprometimento, o total descaso político, gestões irresponsavelmente políticas para agradar a debiloides que estão no poder e por ai vai. Enquanto isso notícias como esta acima e notícias como “Se Aprobó la Ley que Declara al Desarrollo de la Industria Satelital Como Política de Estado” que chegam da Argentina, mostram a diferença entre o Compromisso e a Fantasia.

Comentários

  1. Varias cosas...
    Los Arsat no se comandan desde Córdoba, sino desde Benavidez (Buenos Aires). El centro de comando de Córdoba (CETT) es para los satélites científicos de la Conae.

    El Arsat 3 no se está construyendo aún. Apenas ha comenzado su etapa de diseño.

    Arsat y Conae son cosas distintas. Arsat es una empresa comercial, Conae es una agencia estatal de la cual Arsat NO depende. Por lo tanto esa suma de presupuestos (orçamento) es incorrecta.

    El primer Tronador 2 con mucha suerte pueda llegar a ser lanzado para el 2017/18.

    Y lo mejor de todo, nombra a 678 como un programa de debate y crítica al "Poder", cuando en realidad se trata de un aparato facista de escrache y difamación a todos los que piensan distinto que el gobierno.

    El manoseo político de estos programas es tal, que terminan generando el rechazo de mucha gente, a pesar de que los mismos son muy importantes para el desarrollo tecnológico del país.

    Por suerte la Conae es conducida por un profesional de carrera como Varotto, que no se presta para estos juegos políticos y es la mayor garantía de que el plan espacial siga su rumbo, gobierne quien gobierne.

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