A Saúde Que Vem do Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo mais um
artigo escrito pelo Sr. José
Monserrat Filho e postado pelo companheiro André Mileski hoje (02/11) em seu no Blog Panorama Espacial.
Duda Falcão
A Saúde Que Vem do Espaço
José Monserrat Filho *
É difícil justificar por que o Brasil, país continental e com tanto povo
carente espalhado por seu imenso território (8,5 milhões de km²), ainda não tem
um sistema de telessaúde e telemedicina por satélite. O uso do espaço em apoio
aos serviços de saúde já é comum até em países menores que o nosso, como
Alemanha (357 mil km²), Austrália (7.7 milhões de km²), Índia (3,3 milhões de
km²), Nigéria (7.3 mil km²), Paquistão (796 mil km²) e outros. Pode ser uma
rede de pequenos satélites.
Abordei essa questão nos quatro encontros conjuntos sobre o tema “A
Telemedicina para a Universalização da Saúde”, realizados na Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), de 28 a 30 de outubro, com ativa participação
de renomados especialistas de vários países. Refiro-me aos 20º Congresso Internacional
e 7º Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, ao 1º Simpósio Rio sobre
Telessaúde e ao 4º Seminário do Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes.
A grande imprensa brasileira não cobriu nem noticiou o fato, mas nem por isso ele
deixou de ser extremamente relevante, tanto pelos temas debatidos, experiências
e avanços revelados, como pelo alto nível nacional e internacional dos
participantes. Muitos dos melhores especialistas do mundo no assunto discutiram
sobre como agir mais depressa, com mais urgência, cobrindo enormes distâncias,
para salvar mais vidas, prevenir e enfrentar surtos, epidemias, pandemias e
endemias, e assegurar uma vida mais saudável para milhões de seres humanos.
Lá estavam o Presidente e o Diretor Executivo da International Society
for Telemedicine & eHealth – ISfTeH (Sociedade Internacional de
Telemedicina e eSaúde), respectivamente Drs. Andy Fischer (Canadá) e S. Yunkap
Kwankam (Camarões); os Drs. Marcial Garcia Rojo (Espanha), Presidente da
Associação Ibero-Americana de Telessaúde e Telemedicina; Yulun Wang, Presidente
da Associação Americana de Telemedicina; Pedro Lara de Arruda, do Centro de
Política Internacional para o Crescimento Inclusivo, do Escritório de Política
de Desenvolvimento das Nações Unidas; Maurice Mars, da Universidade Kwazulu
Natal, África do Sul; K. Ganapathy, da Rede Apollo de Telemedicina, Índia;
Murrugara Velarde, da Associação Peruana de Telemedicina; Antonio
Marttos, da Universidade de Miami, EUA, e do Comitê Olímpico Internacional/Rio;
Andre Petitet, da França; Olajide Joseph Adebola, Presidente da Sociedade
de Telemedicina e Telessaúde da Nigéria; Ayotunde Joseph Ade-agbo Owosho,
também da Nigéria; Daniel Opoku, de Gana; Betina Bruun, da Dinamarca; Gabriel
Catan, de Israel; Luis Velez Lapão, de Portugal; Katelin Gresty e
Marie-Pierre Ggnon, do Canadá; Pirkko Kouri, da Universidade da Savonia,
Finlândia; Claudia Bartz, Conselho Internacional de Enfermagem, EUA, e
Titilayo Doroty Odetola, EUA; Anna F. Schmaus-Klughammer e Patrick L. Scheid,
da Alemanha;Timo Frett e Markus Lindlar, da Agência Espacial Alemã; Meena
Rafiq, do Reino Unido; Ronald Buyl, da Bélgica; Alan Taylor, da Austrália; Ron
Emerson, Diretor Global da Healthcare Polycom; além de outros experts.
O Dr. Mikhail Naenzon, da
Agência Nacional de Telemedicina da Rússia, apareceu na tela do auditório,
falando direto de Moscou sobre as atividades de sua instituição, e o Dr. Rifat
Latifi, da Universidade do Arizona (Tucson), EUA, e da Fundação Virtual
Internacional e-Hospital, não podendo vir, enviou um vídeo muito informativo,
mostrando as realizações em saúde de dois dos países mais pobres da Europa,
Albânia e Kosovo – esse após a guerra de 1998-99, que o dizimou.
O Conselho Brasileiro de
Telemedicina e Telessaúde promoveu o
Congresso Brasileiro, sob a Presidência do Dr. Cláudio Souza e a
Vice-Presidência da Dra. Ana Estela Haddad, tendo como Diretor Científico o
Prof. Luis Ary Messina, Coordenador Nacional da Rede Universitária de
Telemedicina (RUTE). A RUTE tem 118 núcleos em operação no país e terá 120 até
o fim do ano.
Índia e Maranhão foram eleitos para sediar, respectivamente, o 21º
Congresso Internacional, e o 8º Congresso Brasileiro de Telemedicina e
Telessaúde.
Universidades e entidades
públicas e privadas de 16 estados tiveram
destacada atuação: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, RJ, Rio Grande do Sul, Rio Grande
do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Importantes instituições
brasileiras participaram dos Congressos:
Agência Espacial Brasileira (AEB), Capes, Centro Integrado de Estudos e
Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS), Centro Regional de Estudos
para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), CNPq, Comitê Rio 450
Anos, Finep, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia em Medicina Assistida por Computação Científica (INCT-MACC),
Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCTI), Ordem dos Advogados
do Brasil/RJ e SP; Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS); e Rede Nacional
de Ensino e Pesquisa (RNP).
“A Telessaúde no Brasil e a
Inovação Tecnológica na Atenção Primária”,
livro de 450 páginas, lançado na ocasião, foi organizado por Ricardo Alexsandro
de Medeiros Valentim, Bruno Gomes de Araújo, Tâmara Albuquerque Leite Guedes e
Alexandre Medeiros de Figueiredo, com a participação de 54 autores de todo o
país, e publicado pela Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Edufrn).
O Brasil sediou esse grande
encontro de telessaúde e telemedicina
porque já alcançou grandes progressos nesta área. Temos o Programa Nacional
TELESSAÚDE BRASIL REDES NA ATENÇÃO BÁSICA, que compõe o Programa de
Requalificação das Unidades Básicas de Saúde (UBS), criada em 2011. O
TELESSAÚDE BRASIL nasceu em 2007 com o Projeto Piloto em apoio à Atenção
Básica, envolvendo nove núcleos localizados em universidades do país. Em 2011,
expandiu o financiamento para núcleos intermunicipais e estaduais. Hoje,
funciona em todos os estados. E tem cerca de 6 mil pontos de Telessaúde,
instalados em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de 2.600 municípios, e 50 mil
profissionais de equipes de atenção básica/saúde da família que podem acessar
os serviços de Telessaúde. O Manual Instrutivo do Programa, publicado pelo
Ministério da Saúde, neste ano, explica que o TELESSAÚDE BRASIL visa
“potencializar a qualificação da Atenção Básica/Estratégia de Saúde da Família,
ao estimular o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para
atividades à distância relacionadas à saúde”. Diz mais: “O TELESSAÚDE pode
possibilitar a interação entre profissionais de saúde, bem como o acesso remoto
a recursos de apoio educacional, clínico e diagnóstico.”
O TELESSAÚDE passou, em
2012, a disponibilizar teleconsultorias por telefone em apoio aos médicos da Atenção Básica participantes dos
Programas: Mais Médicos para o Brasil, Valorização da Atenção Básica (PROVAB) e
Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ), e às equipes do Programa Melhor em
Casa. Isso facilita o acesso à informação e agiliza a tomada de decisões para
resolver questões de saúde e dúvidas clínicas, dispensando o agendamento
prévio.
O uso dos serviços de
teleducação e telediagnóstico cresceu muito nos últimos quatro anos. O mesmo precisa acontecer com a teleconsultoria, pois ela
pode ampliar a capacidade de resolver os problemas por parte do solicitante
necessitado.
O TELESSAÚDE BRASIL terá
chance de crescer ainda mais e com
eficiência ainda maior se contar com um sistema espacial de apoio. Por que não
criar uma rede de satélites dedicados ao Programa Telessaúde e Telemedicina?
Daí a minha proposta de se constituir um grupo de trabalho (GT) para estudar a
possibilidade e a viabilidade de elaborar o projeto de uma rede de satélites
para prestar serviços de telemedicina, reunindo especialistas do governo, da
academia e da indústria. Quem se habilita a liderar esse processo?
Vale também sugerir que o
BRICS crie um projeto de telemedicina por satélite. O BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) já
pôs em sua agenda a ideia de promover a cooperação espacial. Por que não
começar essa colaboração com um serviço de primeiríssima necessidade não só
para seus cinco países-membros, mas também para dezenas e dezenas de outros
países em desenvolvimento? Foi o que propus no painel “A telessaúde e os
BRICS”.
A telemedicina por satélite
pode tanto gerar considerável poupança para os contribuintes dos serviços de
saúde, como melhorar mais rapidamente a saúde dos pacientes.
* Vice-Presidente da
Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor
Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da
Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e Chefe da Assessoria de
Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB). Este artigo
expressa tão somente a opinião do autor.
Fonte: Blog Panorama Espacial - http://panoramaespacial.blogspot.com.br/
Sim, tem um Comentário , como um bom paulistano , que trabalha até em dias de feriado , venho refutar o post corrente e dizer que a Área da Nigéria são 923.768 KM² e não o que foi dito acima, obrigado a todos da Equipe Espaço Brasileiro.
ResponderExcluirAgradecemos a excelente contribuição na composição do tema e na compreensão desta nova oportunidade, com base na iniciativa brasileira integrada às ações mundiais, com possibilidade de geração de custo evitado alto na atenção à saúde em locais remotos e sem acesso praticamente por especialistas.
ResponderExcluirOlá Messina, RUTE!
ExcluirDá parte do Blog não há o que agradecer, estamos aqui para divulgar.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)