Satélite Brasileiro em Parceria Com a China Reduzirá Dependência dos EUA
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (06/12) no “Portal
UOL” destacando que o satélite brasileiro em parceria com a China reduzirá a
dependência dos EUA.
Duda Falcão
UOL Notícias - Ciência
Satélite Brasileiro em Parceria Com a
China Reduzirá Dependência
dos EUA
Mirthyani Bezerra
Do UOL, em São Paulo
06/12/2014 - 06H00
INPE/Divulgação
CBERS-4
é o quinto do programa da parceria sino-brasileira,
que existe desde 1988.
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A apenas dois
dias de completar um ano do fracasso do lançamento do satélite CBERS-3, o
Brasil e a China se preparam para lançar na madrugada deste domingo (7), o
CBERS-4, o quinto do programa de sensoriamento remoto resultante da parceria
sino-brasileira, que existe desde 1988. Caso a operação tenha êxito, o
Brasil voltará a produzir imagens próprias da Terra e do seu
território. Desde o começo de 2010, com o fim das operações do CBERS-2B, o
Brasil não possui um satélite próprio para esse fim e por isso compra algumas
das imagens registradas pelos Landsats das agências norte-americanas, segundo
informações da Agência Espacial Brasileira (AEB).
O lançamento --
que estava previsto inicialmente para dezembro de 2015, mas foi antecipado
devido ao incidente com o CBERS-3 -- deve acontecer entre 10h30 e 11h30 (0h30 e
1h30 do mesmo dia no horário de Brasília), no Centro de Lançamento de Satélites
de Taiyuan, na província de Shanxi, a 760 quilômetros a sudoeste de Pequim,
capital da China. A missão poderá ser acompanhada pela internet através de um link no
site no INPE (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais).
Segundo a AEB,
ter um satélite próprio é de extrema importância para o monitoramento do
desmatamento da Amazônia, das fronteiras e para colher informações sobre
expansão agrícola e desenvolvimento urbano. As imagens do CBERS podem ser
acessadas gratuitamente por qualquer usuário na internet.
Sobre as imagens
disponibilizadas pelos Landsats, a agência não soube informar qual o custo para
os cofres públicos e, através de sua assessoria de imprensa, afirmou que o
governo brasileiro adquire as imagens através de uma cooperação com o governo
norte-americano.
A geóloga e
professora do programa de pós-graduação em sensoriamento remoto da UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Silvia Beatriz Alves Rolim,
explica que algumas das imagens disponibilizadas são gratuitas.
"Inspirados no exemplo brasileiro de disponibilizar gratuitamente as
imagens, o governo norte-americano também não cobra por algumas delas. Eles têm
uma gama de satélites, por isso algumas imagens mais exclusivas são mais caras
e por isso cobradas."
Os investimentos
feitos pelo Brasil para lançar os satélites CBERS-3 e 4 foram da ordem de US$
320 milhões (o equivalente a R$ 830 milhões). Os dois países dividem igualmente
os custos do programa. Antes dos CBERS-3 e 4 foram lançados com sucesso o
CBERS-1 (1999), CBERS-2 (2003) e CBERS-2B (2007).
O foguete que
tem a missão de colocar o CBERS-4 em órbita (a uma altitude de 778 quilômetros
da Terra) é o Longa-Marcha 4B, o mesmo modelo chinês usado no ano passado para
o lançamento da versão 3 do satélite, cuja uma falha na propulsão foi a causa do fracasso da
missão. A Agência Espacial Brasileira garante, no
entanto, que todos os testes necessários foram feitos por técnicos brasileiros
e chineses para que o lançamento deste ano seja um sucesso.
O CBERS-4 tem
tecnologia parecida com a versão 3 e está equipado com um conjunto sofisticado
formado por quatro câmeras: WFI (Imageador de Amplo Campo de Visada), MUX
(Imageador de Média Resolução), IRS (Imageador Infravermelho) e PAN (Imageador
de Alta Resolução). O MUX é uma das principais inovações desta versão do CBERS,
por ser a primeira câmera para satélite inteiramente desenvolvida e produzida
no Brasil, capaz de registrar imagens no azul, verde, vermelho e infravermelho,
em faixas distintas.
A professora
Silvia Beatriz Alves Rolim conta que o sucesso da missão significa autonomia
para o Brasil no mapeamento e monitoramento dos recursos naturais renováveis e
não renováveis, na proteção e monitoramento das fronteiras, no planejamento
urbano e territorial, no monitoramento de mudanças climáticas, além de
autonomia do desenvolvimento de satélites e de tecnologia de mapeamento e
monitoramento.
"Quando
dependemos de um satélite de outro país, dependemos do país. Se os Estados
Unidos não quiserem, ou não puderem mais disponibilizar as imagens, ficamos à
mercê dessa possibilidade. Quando, por exemplo, há um acontecimento
meteorológico importante, como um furacão, é natural que eles direcionem seus
equipamentos para esse tema e não nos disponibilizem as imagens com a
frequência que precisamos. Por isso, nos tornamos reféns", afirma.
O professor de
Física e Astronomia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo),
Walmir Cardoso, corrobora essa explicação. "O Brasil tem uma das maiores
florestas do mundo, é uma região gigante, e monitorar essa área é fundamental
para nós. Precisamos ter satélites porque eles colhem informações que nos
interessam diretamente. Além disso, esse tipo de tecnologia necessária para a
fabricação de satélites não se compra. Quem tem não vende e nem repassa essa
tecnologia. Então, cabe aos países desenvolvê-la", afirma.
A geóloga da
UFRGS é otimista quanto ao futuro do sensoriamento remoto e das pesquisas nessa
área no Brasil. "O cenário é bem positivo. Temos capacitação e condições
de desenvolver parcerias com outros países. O governo tem investido nessa área,
mas toda ajuda é bem vinda, pois essa é uma área estratégica para o Brasil.
Acredito que estamos no caminho certo", diz.
Fonte: Site do Portal UOL - http://noticias.uol.com.br
Comentário: Gostaríamos de agradecer ao leitor Bernardino
Silva pelo envio desta notícia.
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