“INPE Tem Muito a Contribuir Com Satélite Geoestacionário”, Diz Senador Aníbal Diniz
Olá leitor!
Segue abaixo uma entrevista do Jornal do SincdCT com o
Senador Aníbal Diniz (PT-AC) realizada durante a visita do petista ao Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e postada na edição de nº 32 (Novembro)
deste jornal.
Duda Falcão
Ciência e
Tecnologia
“INPE Tem Muito a Contribuir Com
Satélite
Geoestacionário”,
Diz Senador Aníbal Diniz
Plano nacional de Banda Larga
(PNBL)
Antonio Biondi
Jornal do SindCT
Edição nº 32
Novembro de 2014
“Em
se tratando de desenvolvimento espacial e tecnologia satelital no Brasil,
qualquer passo a ser dado ou decisão a ser tomada pelo governo devem ser
precedidos de uma boa e fluida conversa com o INPE”.
Nesta
entrevista exclusiva ao Jornal do SindCT, o senador Aníbal Diniz (PT-AC)
defende que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tenha maior
participação na construção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações
(SGDC), o qual terá papel decisivo na implantação do Programa Nacional de Banda
Larga (PNBL).
Apesar
disso, o senador defende o modelo adotado pelo governo, que confere papel
central à joint-venture Visiona. Relator, no Senado, da avaliação do PNBL a ser
apresentada pela Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), Diniz vislumbra
melhores resultados para o programa a partir de 2015, especialmente em relação
à qualidade e capilaridade do serviço: “Creio que o programa tenha gerado
impactos importantes entre 2010 e 2014. Mas nossa meta tem de ser conquistar
avanços certamente maiores de 2015 a 2018”.
A
última audiência pública relativa ao PNBL na CCT do Senado estava prevista para
4 de novembro. “Em seguida, devemos fechar o relatório até o final de novembro,
para aprová-lo entre o final do mês e o início de dezembro. Dados esses passos,
em seguida iremos convidar os órgãos responsáveis para apresentar o relatório
final e as respectivas recomendações”, explica o senador.
Em vias de concluir o relatório que será apresentado pelo
senhor na CCT, qual avaliação se desenha a respeito do PNBL?
O
PNBL é uma política de altíssimo impacto, que foi gestada com o intento de
oferecer uma Internet banda larga com boa velocidade e qualidade, chegando a
todas as regiões, e com o objetivo de gradativamente alcançar todos os
municípios.
Possui,
assim, um alcance incrível em termos de inclusão digital, desenvolvimento
econômico e melhorias sociais em todas as regiões do país. Uma de nossas
preocupações é de que os objetivos e metas não foram atingidos plenamente. Há
muitas pendências e reclamações. Nas audiências públicas que realizamos com
vistas a essa análise por parte da CCT do Senado — especialmente naquelas
realizadas no Nordeste e Norte do país — nos deparamos com uma grita muito
grande quanto à falta de qualidade do serviço. Isso reforça a avaliação de que
o programa ainda não atingiu todos seus objetivos e potenciais. Buscaremos,
portanto, apontar todos os esforços necessários para que se possa garantir a
completa implementação dessa política.
O PNBL pode desempenhar um papel especialmente importante
na região Norte, não?
Diante
de todas as características do Norte, suas dimensões continentais, sua enorme biodiversidade,
seus povos, cultura e saberes, a região pode trazer uma grande contribuição ao
Brasil, gerando muita visibilidade para o país, fortalecendo os projetos e
propostas do desenvolvimento sustentável e com inclusão da sociedade. Mas, para
que isso se torne realidade, é preciso conectividade. Um desafio que se torna
ainda mais grandioso para o PNBL diante das características naturais da região
e do modo pelo qual está estruturada a rede de transportes e logística. O
satélite ora em construção pela Visiona vai permitir incluir no PNBL
especialmente a região Norte — que do ponto de vista comercial não interessa
para as grandes operadoras privadas de telecomunicações. O desenvolvimento do
SGDC é de extrema importância para o PNBL, para a região Norte e para as
comunicações e a defesa do país.
Qual a ligação do PNBL com o desenvolvimento do setor
aeroespacial?
Total.
O Brasil possui dimensões continentais, e isso gera uma série de diferenças,
especificidades e capacidades entre as regiões do país. Com o PNBL, isso não é
diferente, de modo que se faz impossível atingir todo o Brasil, todas suas
regiões, somente por meio da fibra ótica. Nesse sentido, a tecnologia satelital
se impõe como um investimento igualmente essencial para o sucesso do PNBL. Ademais,
a perspectiva de se construir um satélite voltado tanto ao PNBL quanto à defesa
se coloca como uma decisão muito acertada. E a inserção da Telebrás nesse
projeto, ao lado da Embraer na Visiona, surge, portanto, como uma medida
necessária e estratégica, para desenvolver as comunicações do Brasil em geral,
bem como na sua área de defesa.
O INPE não deveria participar de forma mais direta da
construção do satélite SGDC?
A
meu ver, sim. Em se tratando de desenvolvimento espacial e tecnologia satelital
no Brasil, qualquer passo a ser dado ou decisão a ser tomada pelo governo devem
ser precedidos de uma boa e fluída conversa com o INPE. A possibilidade de
acerto fica maior com a presença e parceria do INPE.
A criação da Visiona, com a construção do satélite por
parte da empresa, não acaba levando a um esvaziamento do papel dos órgãos
públicos, para além da Telebrás, no projeto do SGDC?
Isso
não prejudica a perspectiva do desenvolvimento de tecnologias estratégicas por
parte do Brasil? A princípio, não. Uma coisa não elimina a outra. Quero crer
que a parceria entre a Telebras e a Embraer para a criação da Visiona tenha
sido o melhor caminho para a construção do SGDC, que é fundamental para levar
internet de boa velocidade, em banda larga, para as regiões de difícil acesso,
mais isoladas e menos desenvolvidas do Brasil. Mas o remédio tem que ser na
dose certa para não se tornar veneno. O Brasil tem um vasto conhecimento de
tecnologia satelital desenvolvido pelo INPE e seu quadro técnico científico, e
tenho certeza de que o bom senso conduzirá para um arranjo tipo PPP (Parceria
Público-Privado) em que a Visiona pode contribuir com o modelo de gestão,
contratações simplificadas e maiores oportunidades comerciais e o INPE com sua
expertise em tecnologia de desenvolvimento espacial e aplicação da política
industrial.
O modelo adotado, com a criação da Visiona, permitirá
efetivamente que o Brasil domine as tecnologias embarcadas, a ponto de poder
produzir futuramente satélites de forma soberana e independente?
O
Brasil já dispõe de vasto conhecimento nessa área com décadas de investimentos
em desenvolvimento espacial através do INPE. Aliás, São José dos Campos é a
grande vitrine do desenvolvimento aeronáutico e espacial com as presenças do
ITA, do INPE e da Embraer. A construção do SGDC é uma decisão estratégica da
maior importância para a inclusão digital através do Programa Nacional de Banda
Larga e para a soberania nacional através da Banda X destinada às ações de
defesa. O SGDC, que entrará em órbita em 2016, vai permitir a incorporação de
tecnologia, sim. Mas isso não é o suficiente para os anseios e a capacidade da
comunidade científica nacional. Ninguém é contra o projeto do SGDC, mas, com
certeza, os próximos passos da estratégia espacial brasileira devem ser dados
em sintonia com o acúmulo científico e tecnológico que hoje dispomos. O
Laboratório de Integração e Teste (LIT), por exemplo, está preparado para
prestar serviços de testes de satélites sem deixar nada a desejar aos
laboratórios dos países mais avançados do mundo em tecnologia satelital. É
claro que ele deve estar incluído nos projetos futuros. O INPE, como um todo,
tem muito a contribuir nessa área, e seria um desperdício de energia e
inteligência não tê-lo como parceiro em todos os projetos que virão após o
SGDC. A Visiona contribuirá com este modelo, promovendo a inserção do país no
mercado internacional.
No relatório do senhor sobre o PNBL, como o papel da
Telebrás nesse processo deverá ser apresentado?
A Telebrás
desempenhou um papel fundamental no PNBL até aqui. Diante da crise mundial
vivenciada nos últimos anos, e de contingenciamentos realizados pelo governo
federal, os investimentos não foram suficientes para que a empresa
desenvolvesse tudo que dela se esperava. Assim, precisamos assegurar esses
recursos e força adicional para a empresa, no sentido que ela possa fazer a
inclusão digital e social que o país necessita. Se dependermos somente das
operadoras privadas, a banda larga jamais vai chegar a todas as regiões e
municípios do país. Precisamos da Telebrás para realizar a coordenação dessa
política, para fortalecer a governança do projeto e para chegar onde o serviço
não dá lucro.
SindCT Reúne-se Com Senador e Faz Duras
Críticas à ACS, à Visiona e ao Modelo
do Governo Para Setor Aeroespacial
Críticas à ACS, à Visiona e ao Modelo
do Governo Para Setor Aeroespacial
A
diretoria do SindCT reuniu-se com o senador Aníbal Diniz em 16 de outubro, em
São José dos Campos. Na ocasião, os diretores entregaram ofícialmente ao
relator da avaliação do PNBL um texto contendo duras críticas ao modelo adotado
pelo governo federal no desenvolvimento do setor aeroespacial do país.
“A
realidade é que, após décadas de desmonte do INPE e do DCTA, o Programa
Espacial Brasileiro está ameaçado de terceirização e privatização”, afirma o
documento. Disponível no site do SindCT, o documento afirma, em referência à
Base Aérea de Alcântara-MA, à Alcântara Cyclone Space (ACS) e ao foguete
Cyclone IV, que “a comunidade científica que trabalha no INPE e no DCTA repudia
estes programas como investimentos brasileiros em desenvolvimento tecnológico”.
Para
o sindicato, tais iniciativas não podem ser consideradas como desenvolvimentos
científicos brasileiros, além de não preverem efetiva transferência
tecnológica. O documento classifica a ACS como “crime de lesa pátria” e
“aventura irresponsável sem a mínima garantia de retorno comercial”. Para o
SindCT, a formatação dada pelo governo brasileiro ao SGDC, por meio da Visiona,
“é absurdamente sem sentido”, ao criar “uma estrutura desnecessária, que se
vale da contratação de egressos do INPE para constituição de seu corpo
técnico”.
Na
avaliação do sindicato, “a Visiona apresenta-se como a via de solução para as
necessidades de satélites do país, mas não tem lastro científico ou experiência
na área”, ao passo que, “ao longo de sua existência, o INPE se tornou espaço
nacional de excelência do desenvolvimento espacial”. No documento a Visiona é
classificada como um “engodo”, por não contemplar a premissa estratégica de
domínio tecnológico e autonomia pelo país.
O
documento conclui afirmando a defesa do Programa Espacial Brasileiro, do INPE e
do DCTA, destacando nesse sentido “a necessidade de implementação das ações
propostas pela comunidade científica” em diversos documentos, elencados no
ofício e que ajudaram a compor o Programa Nacional de Atividades Espaciais.
Participaram da reunião com Aníbel Diniz, representando o SindCT, o presidente
Ivanil Elisiário Barbosa, os diretores Francisco Rímoli Conde (ex-presidente) e
Luiz Elias Barbosa e o ex-diretor Acioli de Olivo. (Antonio
Biondi)
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 32ª - Novembro de 2014
Comentário: Já disse em comentários anteriores o que penso sobre esta visita deste
senador petista ao INPE, mas enfim... para quem ainda acredita nesses energúmenos tá ai a
entrevista.
O jornal sindical de uma das castas brasileiras dando manchete a esse assunto...
ResponderExcluirQuanta perda de tempo.
Lembrem-se que apesar da sigla, esse NÃO é um sindicato dos trabalhadores em CT. O nome completo é: "Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial", ou seja: a elite da casta.
Acordem !!!