Tragédia na Base de Alcântara Completa 10 Anos

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria exibida no programa Fantástico do dia 11/08 e postada hoje (12/08) no site “G1” do globo.com, destacando os dez anos da Tragédia com o VLS-1 na Base de Alcântara, onde (em nossa opinião) os verdadeiros responsáveis continuam impunes militando nos bastidores da podridão Política Brasileira.

Duda Falcão

FANTÁSTICO

Tragédia na Base de Alcântara
Completa 10 Anos

A última tentativa de uma missão espacial 100% produzida no
Brasil foi há exatos dez anos. E terminou em tragédia.

Edição do dia 11/08/2013
11/08/2013 - 22h01
Atualizado em 12/08/2013 - 00h21

Será que um dia o Brasil vai chegar ao espaço? Com um satélite brasileiro, lançado por um foguete brasileiro, a partir de uma base brasileira?

A última tentativa de uma missão espacial 100% produzida no Brasil foi há exatos dez anos. E terminou em tragédia.

Garcia, Sidney, Eduardo, Gil, Rodolfo, José Pedro: imagens guardadas pelas famílias mostram alguns dos homens que tiraram do papel os sonhos espaciais do Brasil. Com salário modesto, equipes pequenas e muitas horas longe de casa.

Aos tropeços, com pouca gente e pouca verba, o Brasil tenta levar adiante o seu programa espacial. Mas Garcia, Sidney, Eduardo, Gil, Rodolfo, José Pedro não vão participar. Eles estão todos mortos. Fazem parte das 21 vítimas fatais de um incêndio na base de Alcântara, no Maranhão. O acidente completa, no dia 22 de agosto, dez anos.  O desastre caiu no esquecimento do público.  O que paras famílias, dói muito.

“As pessoas perguntam: ‘quem foi seu marido?’. ‘Faleceu no acidente do VLS’, eu digo. ‘Que acidente foi esse? quando foi? O que que aconteceu? Ele era astronauta?’, elas perguntam”, conta Adriana Almeida, viúva de José Eduardo de Almeida.

“As pessoas não lembram mais do que aconteceu, isso é muito triste. Eu não consigo apagar isso da minha cabeça”, diz Dóris Cezarini, Antônio Sérgio Cezarini.

“Você tem a impressão de que vai morrer junto. Porque é muito difícil”, afirma Aparecida Fernandes Garcia, viúva de Gines Ananias Garcia.

Os 21 profissionais trabalhavam no VLS - o Veículo Lançador de Satélites. Um foguete, o principal projeto do programa espacial brasileiro.

Faltavam só três dias para o lançamento, quando o VLS pegou fogo, ainda na plataforma. A uma hora da tarde, vinte e seis minutos e seis segundos da sexta-feira, 22 de agosto de 2003.

“Ouvimos uma ignição. Aí eu olhei pra trás, falei ‘caramba...’ Aí foi o desespero, só vi queimando lá aquele foguete lá, pensei puxa vida, minha equipe lá. Três estão lá dentro. E a torre queimando”, conta José dos Santos Ferreira, sobrevivente do acidente.

O combustível pegou fogo. A reação em cadeia incendiou tudo. O ponto inicial foi num dos quatro motores que, juntos, eles formam o chamado 'primeiro estágio', que tira o foguete do chão. O veículo tem ainda outros três motores, nos estágios mais altos. Todos pegaram fogo.

“O que aconteceu no momento do acidente foi que uma pequena peça, um detonador, que é uma peça pequenininha, que é o que liga o motor, acende o motor. Essa peça em particular, ela detonou, ou seja, ligou o motor intempestivamente antes do lançamento. Mas não se sabe por que ela disparou”, afirma Paulo Murilo Castro de Oliveira, Membro da Comissão de Investigação do Acidente.

Teria sido sabotagem? “Toda a investigação policial a respeito de sabotagem foi feita pela própria Aeronáutica, a conclusão deles é que não houve sabotagem e nós acreditamos piamente que realmente não houve”, afirma Paulo Murilo Castro de Oliveira.

Os mortos, todos civis, foram enterrados com honras militares.  O então presidente Lula discursou. O nosso Ministro da Defesa vai enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei propondo uma indenização de reparação para as famílias das vitimas.

Cada família recebeu R$100 mil. Mas os parentes acham que têm direito a mais - um valor compatível com o que as vítimas ganhariam ao longo da vida profissional. Entraram na Justiça. O processo já dura nove anos.

“Do ponto de vista do dano material, o que nós pedimos é dois terços da remuneração por mês que faltava para que pessoa vitimada completasse 70 anos, 75 anos. São indenizações que, na média, pode chegar a três milhões por família”, explica José Roberto Sodero Vitório, advogado dos parentes das vítimas.

Além dos cem mil já pagos, as famílias recebem pensões mensais, proporcionais ao salário de cada vítima. No mês passado, uma surpresa: “A gente inesperadamente recebeu este documento aqui em casa”, diz  Doris Cezarini.

Os valores das pensões estão sendo questionados pelo Ministério do Planejamento. E existe a possibilidade de as famílias  terem de devolver dinheiro.

“Aí você vê realmente o quanto não foi valorizada a vida deles”, diz a viúva Aparecida Garcia.

Em um outro acidente espacial, também em 2003, a solução foi mais rápida. Em menos de um ano, sem entrar na Justiça, as famílias dos sete astronautas mortos no ônibus espacial Columbia receberam, em valores atuais, quase R$ 8 milhões cada uma. Os americanos interromperam as missões por três anos para investigar e implementar normas de segurança.

No Brasil, dez anos depois do incêndio em Alcântara, o maior foguete brasileiro nunca completou uma missão.

São José dos Campos, a 100 quilômetros de São Paulo, é o centro nervoso do programa espacial brasileiro. É lá que ficam o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE, que fabrica satélites. E o Instituto de Aeronáutica e Espaço, IAE, que fabrica os foguetes.

“Nós lançamos o primeiro satélite em 1993, o segundo satélite em 1998.foram desenvolvimentos totalmente nacionais”, afirma Leonel Fernando Perondi, diretor do INPE.

“O VLS é o nosso carro-chefe, o nosso desenvolvedor de tecnologia. E nós estamos fazendo outros veículos, desenvolvendo, lançando, fazendo experimentos, para nos capacitar a termos o acesso ao espaço com um veículo nacional”, conta Tenente-coronel Alberto Walter da Silva Melo Júnior, responsável pela construção do VLS.

Veículo que, se um dia voar, deve ser lançado de Alcântara, no Maranhão.

Para chegar até a base de lançamentos de Alcântara, é preciso pegar a balsa a partir de São Luís. Depois, ainda tem uma hora de estrada até que finalmente a gente atinja o quartel general do programa espacial brasileiro.

Um futuro voo a partir de Alcântara funcionaria assim: o motores do primeiro estágio tiram o foguete do solo. Quando o combustível acaba, o motor seguinte é acionado. E o primeiro estágio cai no mar. O processo é repetido a cada tanque que se esgota. Até que o foguete chega à órbita desejada, e perde a proteção do bico, onde o satélite estava guardado. Em seguida, um último motor ajeita o satélite até a posição final, para que ele entre em órbita.

Antes do lançamento, o foguete precisa ser montado e ajustado. Era isso que os técnicos estavam fazendo há dez anos, quando foram surpreendidos pelo fogo.

O foguete entrou em ignição antes da hora. Ele tava montado. O que aconteceu: ele queria voar, ele queria decolar. Só que essa estrutura, que na hora do lançamento é retirada, ainda estava toda aqui. Ele acabou arrastando toda a estrutura e é por isso que nas imagens a gente vê que caiu tudo.

O relatório recomendou a modernização da plataforma. Uma das principais inovações da nova torre de Alcântara é uma torre de apoio, para fuga dos funcionários. Se acontece alguma emergência, eles podem correr para torre de apoio. Onde eles têm três opções para escapar. A primeira opção é a escada. A segunda opção é um poste, como aqueles do corpo de bombeiros. E a terceira é inovadora: é um tubo de tecido em que a pessoa se joga em pé e vai escorregando até lá embaixo. Quando aconteceu o acidente em 2003, essas opções não estavam disponíveis.

Mas o problema maior do programa espacial brasileiro não foi resolvido, na opinião de Paulo Murilo, físico que investigou o acidente. “Não tem um gerenciamento único do programa como um todo”, afirma 

Segundo a agência espacial, o Veículo Lançador de Satélites deve finalmente decolar em 2014, em um voo-teste.

Fantástico: O que o senhor diria pras famílias dos funcionários que vão trabalhar em Alcântara, que podem estar com medo que aconteça a mesma coisa que aconteceu em 2003?

“A segurança é o nosso primeiro objetivo. Um acidente como aquele é extremamente improvável que aconteça”, afirma Tenente-Coronel Alberto Walter da Silva Melo Júnior, responsável pela construção do VLS.

“Eu peço para esses familiares que possam assistir e estar junto com a gente torcendo para o êxito da missão pois é uma maneira justificar até o que aconteceu em 2003 ”, diz coronel César Demétrio Santos, comandante do Centro de Lançamentos de Alcântara.

“Eu gostaria, pelo meu marido, para que a morte dele não tenha sido em vão. Que ele tenha morrido por alguma coisa, por um objetivo. e que isso aconteça”, diz Doris Cezarini.

“Gostaria de ver um novo VLS subindo, com sucesso, funcionando, com o nome dos 21 estampados nele como prometido”, afirma Adriana Almeida, viúva de José Eduardo de Almeida.

Reportagem do Fantástico
Rede Globo - 11/08/2013


Fonte: Site G1 do globo.com

Comentário: Pois é leitor BRA ZIL ZIL ZIL ZIL, esse é o resultado de um país onde a sua sociedade não tem a mínima compreensão do que seja cidadania e responsabilidade para com as questões nacionais. Devíamos senti vergonha, e colocar na cadeia (esquecendo as chaves) os verdadeiros responsáveis por esse desastre, que são conhecidos, mas que militam impunes pelos bastidores da podre política brasileira com a cara mais limpa. Observar e ouvir o depoimento dessas duas senhoras, esposas de dois brasileiros de um grupo de 21 profissionais que deram as suas vidas por um sonho e pelo Brasil, e que agora estão sendo tratadas estupidamente por esse órgão do governo (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG), imoral, irresponsável, inconsequente, formado por gente da pior espécie que deveriam estar usando “Modelito Xadrez”, não é só revoltante, como também constrangedor, e me aperta o coração. Lamentável!

Comentários

  1. Tudo lamentável...

    O Lula chorando ao lado das viúvas prometendo rios e fundos para as famílias e o programa espacial.

    O projeto Cruzeiro do Sul, que daria um salto na capacidade tecnológica brasileira para que em 2022, ano do bicentenário da independência teríamos uma família de foguetes invejáveis.

    O programa que não vai levar a nada com a Ucrânia.

    E por ai vai...

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  2. Estas foram pessoas dedicadas e competentes que poderiam estar sendo bem remuneradas trabalhando inclusive fora do Brasil. No entanto, preferiram ficar no nosso programa espacial na tentativa de construir um sonho.Pagaram com as vidas e agora,como de costume, estão esquecidas.Suas famílias peregrinando pelos corredores da burocracia e da indiferença.É lamentável mas, no nosso país é assim. Quanto mais você faz menos você vale.Fossem oportunistas, aproveitadores, carreiristas estariam ricas e seriam reverenciados como vencedores.Se o nosso VLS decolar um dia penso que deveriam ser as primeiros a serem lembradas juntamente com outras que, não foram vitimadas naquele dia mas, também são abnegadas.

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  3. “MINHA TEORIA – Alcântara foi sabotada para impedir o PEB
    Desde a década de 1980, o Brasil trabalha na construção de um foguete nacional capaz de colocar satélites em órbita. Em 1997, foi testado o primeiro protótipo do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1). Explodiu poucos segundos após a decolagem. Em 1999, outro teste e mais uma explosão. Na terceira tentativa, em 22 de agosto de 2003, nem deu tempo de começar a contagem regressiva. O foguete explodiu três dias antes do lançamento, quando estava sendo preparado na base de Alcântara, no Maranhão. O comando da Aeronáutica investigou e concluiu que o acidente foi causado por uma falha elétrica. O problema é que o relatório oficial não convenceu todo mundo. Especialistas em pesquisas espaciais desconfiam que o programa brasileiro foi sabotado. Um complô estrangeiro teria completado a sua missão em território nacional?
    Para entender o nascimento da teoria, é preciso voltar a agosto de 2003. Logo depois do incidente, enquanto os destroços ainda queimavam, já havia fontes militares descartando a hipótese de sabotagem. Oficialmente, o defeito no foguete ocorreu sozinho. Os mais desconfiados rapidamente alertaram que uma detonação espontânea seria difícil, pois ainda faltavam três dias para o lançamento e o combustível fora escolhido de forma a minimizar o risco de explosões. Até aqui, tudo é fato. Os conspirólogos trabalham em cima das próximas informações, uma mistura de episódios reais e especulações. Embora tenha eliminado a possibilidade de sabotagem, a Aeronáutica havia cancelado o lançamento algumas vezes, sem dar nenhuma explicação. Dias antes, os militares brasileiros também fizeram um levantamento sobre estrangeiros registrados em hotéis de São Luis. Há quem diga que cerca de 20 americanos estavam hospedados em Alcântara naquela semana, algo incomum na pequena cidade. É possível destruir um foguete com o apertar de um botão, aproveitando uma falha de segurança na informática? Pedro Antonio Dourado de Rezende, professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília, acredita que sim. “Bastaria uma rápida e certeira transmissão, até por radiofreqüência de um ponto escondido em algum canto da base, neste caso indevassável, para que um serviço de inteligência estrangeiro pudesse ‘crackear’ a comunicação brasileira visando uma sabotagem dessa magnitude, sem deixar pistas”, disse em um artigo publicado no site Observatório da Imprensa.

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  4. Alguém tem dúvida de que foi sabotagem ? É só ler os livros de Noam Chomsky para entender como agem os "brother do Norte ". Fui!!!!

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