Observatório Pernambucano é Credenciado Pela IAU
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada hoje (05/08) no site da “Agência
FAPESP” destacando que Observatório Pernambucano ligado ao Observatório Nacional (ON) é credenciado pela União Astronômica Internacional (IAU).
Duda Falcão
Especiais
Observatório Pernambucano é Credenciado
Pela União
Astronômica Internacional
Por Elton Alisson
05/08/2013
Instalação do município de
Itacuruba é voltada para
pesquisa de
seguimento e
caracterização das propriedades
de asteroides e cometas que
apresentam risco de colidir
com a Terra (OASI)
|
Agência
FAPESP – Na
paisagem árida do município pernambucano de Itacuruba, no Sertão de
Itaparica, a 480 quilômetros de Recife, destaca-se, no alto de um monte,
um observatório astronômico com o segundo maior telescópio no Brasil – o
primeiro está em Minas Gerais. É o OASI – sigla para Observatório Astronômico do
Sertão de Itaparica.
Construído
pelo Observatório Nacional (ON) do Rio de Janeiro e em operação desde 2011, o
OASI foi credenciado em fevereiro pelo Centro de Corpos Menores da União
Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) sob o código Y28 OASI. Com
isso, passou a integrar a listagem oficial dos observatórios astronômicos
reconhecidos pela entidade máxima da astronomia mundial.
“O OASI
recebeu essa designação [Y28.] porque observamos por meio dele objetos
menores descobertos por outros monitoramentos astronômicos internacionais e
enviamos as coordenadas deles para o IAU para o aprimoramento de suas órbitas”,
disse Daniela Lazzaro, pesquisadora do Observatório Nacional, à Agência
FAPESP.
A
pesquisadora apresentou um balanço das atividades do OASI durante a 65ª Reunião
Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada
entre 21 e 26 de julho, em Recife (PE).
De acordo
com Lazzaro, o Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica foi concebido
para atender ao projeto Iniciativa de mapeamento e pesquisa de asteroides nas
cercanias da Terra no Observatório Nacional (Impacton).
Desenvolvido
em colaboração com instituições de pesquisa em astronomia do exterior dedicadas
ao tema, o projeto faz parte de uma rede de programas internacionais de busca e
seguimento de pequenos corpos do Sistema Solar – como asteroides e cometas – em
risco de colisão com a Terra.
Com
diâmetros variados, alguns desses objetos celestes podem colidir com a
superfície terrestre, abrindo crateras e destruindo pequenas ou grandes
áreas, dependendo de seu tamanho.
Alguns dos
desafios para detectá-los por meio de telescópios, segundo Lazzaro, é que são
objetos muito pequenos e não têm luz própria – só refletem a luz do Sol. Muitos
deles são observados apenas quando suas órbitas se aproximam muito ou cruzam
com a da Terra – como aconteceu em fevereiro, na Rússia, quando fragmentos de
um meteoro de 40 metros de diâmetro caíram em uma cidade do sul do país,
ferindo mais de mil pessoas.
Além disso,
embora os quase mil asteroides grandes o suficiente para causar o fim da
humanidade se suas órbitas cruzarem com a Terra já estejam quase todos
mapeados, só se conhecem 5 mil dos 100 mil pequenos corpos celestes que se
estimam existir no Sistema Solar, ressaltou a pesquisadora.
“O grande
problema é que há uma população imensa de pequenos objetos que ainda não foi
detectada. Como os grandes objetos são maiores e mais brilhantes, é possível
observá-los com antecedência. Já no caso dos objetos menores, não”, disse
Lazzaro.
Aumento do Conhecimento
A fim de
entender melhor a origem desses corpos e desenvolver técnicas para identificar
com maior precisão os que apresentam maior risco de colisão com a Terra, nos
últimos anos foram iniciados diferentes programas internacionais de busca
e acompanhamento de pequenos corpos do Sistema Solar.
O Impacton é
voltado à pesquisa do seguimento, determinação da órbita e caracterização das
propriedades rotacionais e físicas de asteroides e cometas.
As cores dos
asteroides, por exemplo, podem indicar se o objeto é composto de ferro,
rocha ou gelo, e se sua estrutura interna é densa ou porosa. Tais
características de composição são determinantes para avaliar as possíveis
consequências do estrago que um pequeno corpo celeste pode causar caso colida
com a superfície terrestre, explicou Lazzaro.
“Se a
estrutura interna de um corpo celeste for porosa, ao atravessar a atmosfera ele
vai se fragmentar e chegar à Terra em pedaços menores. Já se a estrutura for
muito densa, cairá inteira na superfície terrestre e o estrago causado deverá
ser muito maior”, disse a pesquisadora. Já o seguimento de um objeto pequeno
possibilita determinar com maior precisão sua órbita e, eventualmente, avaliar
o risco de atingir a Terra.
Em abril de
2011, por exemplo, o telescópio do OASI observou um asteroide próximo à Terra,
a uma velocidade de oito quilômetros por segundo, e identificou que tinha
um período de rotação em torno de seu próprio eixo de 7,33 minutos, enquanto a
média é de seis a oito horas.
“O asteroide
estava extremamente rápido, tanto em relação à velocidade com que passou
próximo à Terra como em relação ao tempo de rotação em torno de seu próprio
eixo”, contou Lazzaro.
Os
resultados da observação desse asteroide foram apresentados em 2012 em um
congresso internacional de astronomia realizado no Japão. E contribuíram para o
credenciamento do Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica pela União
Astronômica Internacional.
“Para o IAU,
é preciso monitorar pelo menos 90% desses objetos, mas a maioria deles é
imediatamente perdida logo após a descoberta, porque todo mundo quer descobrir
asteroides e ninguém quer fazer o seguimento deles”, disse Lazzaro. “Nós
fazemos o seguimento, embora também esperemos descobrir alguns asteroides”,
ponderou.
Sertão de
Itaparica
De acordo
com a pesquisadora, para escolher o local para instalar o observatório
astronômico, foi feito um levantamento com base em dados meteorológicos para a
identificação de regiões no Brasil com menos noites com chuva e em latitudes
mais ao Sul possível, uma vez que já há muitos telescópios realizando
mapeamentos de objetos celestes menores no Hemisfério Norte.
Os
pesquisadores identificaram que a região compreendida pelo noroeste de Goiás,
passando por Pernambuco e até o sul do Piauí era a que mais atendia aos
critérios meteorológicos e de localização para receber o observatório.
O Sertão de
Itaparica, no entanto, acabou sendo escolhido porque, além de ter muitas noites
abertas e secas – sem nuvem –, conta com baixas turbulência
atmosférica, luminosidade e poluição e está longe do mar. Além
disso, o município de Itacuruba se mobilizou para atrair o observatório.
“A cidade já
tinha um clube de astronomia, e a prefeitura queria montar um observatório
municipal, aberto ao público em geral, para incentivar o turismo escolar na
região”, disse Lazzaro.
“Quando
souberam que estávamos procurando um lugar para instalar o observatório, a
prefeitura e várias instituições da região nos procuraram e ofereceram uma
parceria porque, embora o nosso projeto fosse científico, também seria uma
forma de atrair o turismo escolar. Além disso, nós também oferecemos a
possibilidade de abrir as portas do observatório alguns dias para visitação”,
afirmou.
As primeiras
imagens científicas do telescópio do OASI foram feitas em 17 de março de 2011.
Construído na Alemanha e com custo de R$ 1 milhão, o equipamento pode ser
operado remotamente por pesquisadores do Observatório Nacional, no Rio de
Janeiro.
Para isso, o
telescópio possui uma estação meteorológica embarcada que fornece dados das condições
atmosféricas do Sertão de Itaparica em tempo real que permite aos pesquisadores
avaliar quando podem deixar a cúpula do observatório aberta
para captar imagens.
O espelho
principal do telescópio mede um metro – menor apenas que o telescópio do
Observatório Pico dos Dias (OPD), em Brasópolis, a 37 km de Itajubá, em Minas
Gerais, cujo espelho principal mede 1,6 metro.
Fonte: Site da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP)
Comentário: É bom saber notícias sobre esse projeto, já
que em nossa opinião o mesmo é realmente significativo, mas até então muito
pouco havia sido divulgado sobre os seus resultados gerando com isso desconfianças
entre alguns profissionais do setor. Entretanto leitor, teremos de aguardar
mais para ter maiores informações sobre os reais resultados alcançados pelo
projeto Impacton.
Comentários
Postar um comentário