Novo Método Identifica Famílias de Asteroides
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (07/08) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que novo método
desenvolvido por um grupo internacional de astrônomos liderados por
pesquisadores brasileiros identifica famílias de asteroides com maior
precisão.
Duda Falcão
Notícias
Novo Método Identifica Famílias de
Asteroides Com Maior Precisão
Por Elton Alisson
07/08/2013
Ilustração: NASA
Desenvolvido por grupo internacional liderado por pesquisadores brasileiros, inovação combina posição orbital, cor e luz emitida para identificar membros de famílias de asteroides |
Agência
FAPESP – Um grupo
internacional de astrônomos, liderado por pesquisadores do Grupo de Dinâmica
Orbital e Planetologia da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual
Paulista (UNESP), campus de Guaratinguetá, desenvolveu um novo método para
identificar famílias de asteroides.
Resultado de
um projeto de pesquisa, feito com apoio da FAPESP, o método
foi apresentado durante um encontro da Divisão de Astronomia Dinâmica (DDA) da
Sociedade Americana de Astronomia (AAS, na sigla em inglês), realizada nos dias
5 a 9 de maio em Paraty, no Rio de Janeiro, e foi descrito em um artigo
publicado em julho na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical
Society.
“O novo
método permite identificar membros de famílias de asteroides com melhor
precisão do que os existentes hoje”, disse Valério Carruba, professor da Unesp
de Guaratinguetá e primeiro autor do estudo, à Agência FAPESP.
As famílias
de asteroides são formadas por partes de asteroides de grandes dimensões que,
ao colidirem, se despedaçam em fragmentos de tamanhos diferentes. Ao serem
ejetados, esses fragmentos tendem a viajar em trajetórias semelhantes em torno
do Sol e se afastam gradualmente uns dos outros ao longo do tempo.
Alguns
pedaços acabam em órbitas instáveis, que os desviam para perigosas incursões no
Sistema Solar, e outros objetos passam a integrar as populações de asteroides
próximos da Terra.
A fim de
identificar famílias de asteroides, segundo Carruba, atualmente são utilizados
modelos baseados no levantamento de objetos rochosos que estão próximos a um
asteroide de grande porte, dada uma certa distância entre eles.
O problema
desses métodos, de acordo com o pesquisador, é que eles levam em conta apenas
os chamados 'elementos próprios', isto é, a posição orbital dos objetos
rochosos. Não levam em conta outros aspectos importantes
para identificá-los e classificá-los como membros de uma família de
asteroides. Entre esses aspectos estão cores e a quantidade de luz que refletem
– chamada albedo geométrico –, uma vez que os asteroides de uma mesma família
possuem a mesma cor em luz visível e refletem quantidades semelhantes de luz.
Em função
disso, muitos objetos identificados atualmente como membros das famílias de
asteroides existentes são, na realidade, “intrusos” (interlopers, em
inglês) que passaram a ocupar ou já ocuparam a mesma região orbital.
Em
colaboração com colegas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do
Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, além do SouthWest Research Institute,
dos Estados Unidos, da Universidade Pierre e Marie Curie e do Observatório
de Paris (Syrte), ambos na França, Carruba desenvolveu agora um método que
combina a posição orbital, as cores e o albedo geométrico para identificar
famílias de asteroides.
Com o novo
método, de acordo com Carruba, é possível diminuir bastante a probabilidade de
classificar objetos intrusos como membros de determinadas famílias.
“O novo
método tem alta eficiência para identificar objetos que têm alta probabilidade
de fazer parte de famílias reais de asteroides, pois permite delimitar o número
de interlopers. Isso melhora a identificação dos limites orbitais
ocupados para cada grupo”, explicou.
Dados de
Missões Espaciais
De acordo
com Carruba, o desenvolvimento do método para identificar famílias de
asteroides foi possibilitado pelos dados fornecidos pelas missões espaciais
Sloan Digital Sky Survey (SDSS) e Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) –
ambas realizadas nos últimos anos pela agência espacial americana (NASA, na
sigla em inglês).
Mais
ambicioso levantamento astronômico em andamento, a missão SDSS é composta por
diversos telescópios que observam o céu em várias bandas. Desde que foi
iniciada, em 2000, a missão já reuniu dados de mais de 200 mil objetos, como
asteroides. Os objetos são relacionados nos chamados Catálogos de Objetos
Móveis (MOC, na sigla em inglês), disponibilizados pela NASA na internet, para
acesso público.
Por meio
desses catálogos, os pesquisadores têm acesso aos dados de fotometria de
asteroides, como suas cores e a luz que emitem em várias bandas. O problema é
que existem alguns tipos espectrais de asteroides que não podem ser
identificados somente com base na fotometria porque, apesar de apresentar
o mesmo tipo de espectro visível, têm distintos valores de albedo
geométrico.
“Informações
sobre a luz refletida pelos asteroides podem ser usadas de maneira complementar
para identificar um objeto como pertencente a uma determinada família de
asteroides”, ressaltou Carruba. “Porém, até 2002 nós só dispúnhamos desses
dados para, aproximadamente, dois mil objetos”, ponderou.
A partir de
2011, contudo, a missão WISE passou a disponibilizar dados de albedo geométrico
de mais de 100 mil asteroides. O telescópio utilizado na missão usa comprimento
de onda no infravermelho para realizar observações.
Quanto maior
o objeto, mais calor desprende e, quando o tamanho de um asteroide pode ser
medido, é possível determinar suas propriedades reflexivas. Dessa
forma, asteroides circulando o Sol em órbita semelhante, que se acreditava
pertencer a uma única família, podem, na verdade, ser membro de famílias
distintas.
“Ainda não
estão disponíveis informações sobre a posição orbital, cores e albedos
geométricos de todos os asteroides”, disse Carruba. “Mas, mesmo com esse número
reduzido de objetos menores, é possível determinar com maior precisão as
famílias de asteroides”, afirmou.
Idade das Famílias
O novo
método foi testado e aplicado para todas as famílias de asteroides situadas
no cinturão principal de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter,
conhecidas até o começo de 2013.
O método
também permitirá calcular com maior rigor a idade das famílias de
asteroides.
Isso porque,
segundo Carruba, para ter uma boa noção da idade de uma família de asteroides é
preciso ter uma estimativa precisa da dispersão orbital de seus membros,
como o que o novo método possibilita desenvolver.
“Se não há
uma boa estimativa da dispersão da família de asteroides, dos objetos que
realmente fazem parte dela e do tipo espectral do seus membros, o cálculo da
idade pode ser errado. Isso tem implicações muito importantes na nossa
compreensão dos processos evolutivos que moldaram o cinturão principal de
asteroides”, disse Carruba.
O artigo A
multidomain approach to asteroid families’ identification
(doi:10.1093/mnras/stt884), de Carruba e outros, pode ser lido na Monthly
Notices of the Royal Astronomical Society por assinantes em http://mnras.oxfordjournals.org/content/433/3/2075.abstract?sid=9deb1321-2e70-4bef-a30e-a1a87dd94704
Fonte: Site da Agência FAPESP
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