Apagão de Mão de Obra Ameaça Competitiv. de Indústrias

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada de ontem (31/03) do jornal “O VALE”, destacando que apagão de mão de obra ameaça competitividade de indústrias no Vale do Paraíba.

Duda Falcão

NOSSA REGIÃO

Apagão de Mão de Obra Ameaça
Competitividade de Indústrias

Empresas instaladas na Região Metropolitana do Vale do Paraíba
encontram dificuldades para contratar engenheiros e técnicos;
segundo especialistas, esse problema tende a se
agravar nos próximos dois anos.

Chico Pereira
São José dos Campos
March 31, 2013 - 06:05

Foto: Rogério Marques
Engenheiro Humberto Holanda em câmara
de testes da Mectron, em S. José

Vão faltar engenheiros e técnicos para suprir a demandas das empresas da Região Metropolitana do Vale do Paraíba pelos próximos dois anos.

O problema já vem sendo detectado por companhias na região que enfrentam dificuldades para encontrar profissionais qualificados no mercado. Com isso, sobram vagas nas corporações.

Não há números regionais sobre a situação. Mas estimativas feitas pelo SENAI e pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) apontam que o Brasil vai precisar formar 150 mil engenheiros e 7,2 milhões de técnicos até 2015, se não quiser perder competitividade.

Do total de técnicos, informou o SENAI, 6,1 milhões já estão no mercado de trabalho, mas precisam continuar a se capacitar e qualificar.

“Temos 42 vagas abertas em todos os níveis e estamos com dificuldade para encontrar os profissionais”, afirma Henrique Weeck, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da unidade da FIBRIA em Jacareí.

Parcerias - Segundo ele, por se tratar de uma empresa de produção de celulose, cuja mão de obra não está disponível facilmente no mercado, a FIBRIA fez uma parceria, em 2000, com a Universidade Federal de Viçosa (MG) para capacitar seus quadros.

Essa tem sido uma das saídas encontradas pelas empresas para driblar a falta de pessoal qualificado (leia texto nesta página).

O engenheiro aeroespacial Humberto Consolo Holanda, 23 anos, levou em conta os programas de qualificação oferecidos pela MECTRON, de São José, para aceitar a proposta de emprego.

Formado no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) no ano passado, ele começou na empresa em janeiro para trabalhar com o desenvolvimento de projetos.

“O estímulo de crescer na organização, por meio de programas de qualificação, me fez aceitar o desafio da empresa”, diz Holanda.

Parceria com Universidades é Nova Aposta

Empresas da Região Metropolitana do Vale do Paraíba estão recorrendo a parcerias e programas internos de qualificação para preparar os profissionais de seus quadros.

Esta tem sido uma saída encontrada pelas companhias para atrair, reforçar e reter mão de obra qualificada.

Parte da Organização Odebrecht desde 2011, a MECTRON passou a oferecer aos seus funcionários programas de formação dentro da própria estrutura organizacional.

É o caso, por exemplo, do ‘Jovem Parceiro’, programa de trainees cujo objetivo é encontrar e integrar jovens que se identifiquem com valores da Organização Odebrecht e queiram fazer carreira nas empresas do grupo.

Milos Fonseca, gerente de Marketing da MECTRON, que tem sede em São José dos Campos, explica que a empresa tem aumentado o número de funcionários com o incentivo à qualificação.

“Precisamos de profissionais que saibam trabalhar com ambientes cada vez mais tecnológicos e desafiadores.”

Crescimento - Andréa Vernacci, gerente de Educação Corporativa e Atração da NATURA, conta que a empresa investe em programas, como o ‘Minhas Escolhas’, para aumentar as oportunidades de crescimento dos profissionais contratados.

“Flexibilizamos o processo, ampliamos a visibilidade das vagas para os colaboradores e criamos um comitê dedicado a avaliar candidatos internos e externos e seu alinhamento aos valores e propósitos da NATURA”, diz ela.

O resultado prático dessa postura, segundo Andréa, tem sido uma melhora substancial no aproveitamento interno dos funcionários no Brasil, que saltou de 36% para 70% em 2011 e 72%, em 2012. “Mais do capacitar, a NATURA quer formar pessoas para a vida”.

Entrevista com Luiz F. Torres, diretor de DHO da FIBRIA

As empresas estão enfrentando dificuldade para contratar profissionais qualificados?

Há uma deficiência crônica de mão de obra no país, o que me entristece muito, pois sempre estudei em escolas públicas e tenho visto a queda da qualidade na formação nas últimas décadas. As empresas acabam tendo que suprir essa deficiência com programas internos ou parcerias com instituições de ensino.

No caso da FIBRIA e de companhias que trabalham com tecnologia de ponta, esse problema ainda é mais evidente?

Sempre buscamos pessoal qualificado em razão de termos, como outras empresas, abrangência internacional. Precisamos de tecnologias muito avançadas e, para o negócio ser eficiente, é necessário a qualificação e a excelência na operação. Mas não é nada fácil suprir essa demanda.

O Vale do Paraíba é considerado um polo tecnológico e industrial. Também aqui essa qualificação está escassa?

Sim, as empresas na região estão com dificuldades para contratar. A concorrência por bons profissionais é grande na região. Isso gera uma disputa no mercado por bons profissionais, que acabam sendo mais valorizados.

Como atrair essa mão de obra qualificada?

A qualificação é essencial para a indústria encontrar mercado. Por isso, o investimento nessa área feito pelas empresas não é pouco. Na FIBRIA, apostamos em programas internos de qualificação, parcerias com instituições de ensino e na busca por pesquisa e desenvolvimento de ponta que motivem os profissionais a ponto de permanecerem na empresa por um bom tempo.

As escolas técnicas e a universidade estão distantes do setor industrial?

O problema nessa área persiste. A academia, de um modo geral, ainda está muito longe da indústria. Para mim, a competitividade do setor industrial passa por três pontos: tributário, logístico e educacional. Não penso a indústria brasileira se deixarmos de lado um destes pontos. Dá para aprimorar muito o que se faz na educação, seja técnica ou superior.


Fonte: Site do Jornal “O VALE” - 31/03/2013

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