IAE Viabiliza Experimentos Científicos em Foguetes

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada no “Boletim SBGF - número 2 de 2011” da Sociedade Brasileira de Geofísica (SBGF) destacando que o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) viabiliza experimentos científicos do "Programa Microgravidade" da Agência Espacial Brasileira (AEB) através da utilização de foguetes de sondagens.

Duda Falcão

PESQUISA

Instituto de Aeronáutica e Espaço
Viabiliza Experimentos Científicos
em Foguetes de Sondagens

Com o objetivo de viabilizar experimentos científicos e tecnológicos nacionais, O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) Participa do programa Microgravidade, junto à Agência Espacial Brasileira (AEB). Instituições interessadas em realizar experiências dentro do programa, para lançamentos suborbitais, ou na Estação espacial internacional – ISS, devem apresentar suas propostas através dos Anúncios de Oportunidade (AO’s) da AEB.

A próxima missão do Programa Microgravidade esta prevista para ser realizada em 2013 devido à existência de dois fatores limitantes: o desenvolvimento e a qualificação de seus experimentos. Para o vôo, a previsão é que o foguete leve a bordo dois experimentos, além de um módulo do IAE para efetuar medição de temperatura, acústica e vibração em vôo.

Segundo Flávio de Azevedo Corrêa Junior, coordenador no IAE das atividades do Programa Microgravidade, “estas operações visam não só a manutenção do programa de lançamentos de foguetes científicos do IAE, mas também o exercício dos campos de lançamento do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA)”. O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, considerado como um dos melhores pontos do mundo para lançamento, em órbita equatorial, de lançadores de satélites – graças à sua privilegiada posição geográfica próxima à linha do Equador – vem operando com sucesso em missões suborbitais.

Em 12 de dezembro de 2010 foi realizada no CLA a Operação Maracati II que levou, a bordo do foguete de sondagem nacional VSB-30, a plataforma alemã MICROG1A a uma altitude de 242 km. Essa plataforma foi adquirida junto à Agência Espacial Alemã para o Programa Microgravidade (ver box).

Entre os dez experimentos conduzidos pelas universidades e instituições científicas brasileiras que participaram da Operação Maracati II, para a realização de pesquisas em ambiente de microgravidade, pode-se destacar: o “Estudo de Controle e Dissipação de Calor em Equipamentos Eletrônicos a Bordo de Satélites” desenvolvido pela UFSC, o “GPS Aeroespacial – Dispositivo para Navegação e Posicionamento de foguetes e Satélites” e o “Estudo do Efeito da Microgravidade em Plantas (Cana-de-Açúcar)” ambos executados pela UFRN.

”O que importa nesses experimentos são o tempo e a qualidade do ambiente de microgravidade, que no caso da MICROG1A foi de 354 segundos de duração, atingindo uma qualidade próxima a 10⁻⁶ g. Nesse ambiente único fenômenos mascarados pela ação da gravidade passam a ser observados. O vôo total do VSB-30 ficou em torno de 20 minutos até sua amerissagem [aterrissagem em água], tendo sido efetuado o resgate pela Foeça Aérea Brasileira”, explica Flávio Corrêa Junior.

“Um foguete pode habilitar pesquisas não apenas relativas ao ambiente de microgravidade, mas também em relação ao seu entorno durante o vôo, como o estudos de alta atmosfera. magnetosfera, ionosfera, gravimetria, navegação, geofísica, geoposicionamento, entre outros. Dento dos estudos de microgravidade, existe uma enormidade de áreas de pesquisa em que o uso de foguetes de sondagem pode ser envolvido, como a física, química, biologia, ciências médicas, térmicas e de materiais”, afirma Flávio Corrêa Junior.

Além do IAE, o Programa Microgravidade também recebe o apoio da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e do Instituto Nacional de pesquisas Espaciais (INPE). Mais informações sobre os Anúncios de Oportunidade (AO’s) para o Programa Microgravidade podem ser acessadas no portal da AEB (www.aeb.gov.br/mini.php?secao=microgravidade).

Propostas para vôo de experimentos que não envolvam o ambiente de microgravidade podem ser encaminhadas para análise do IAE diretamente por meio do e-mail da coordenadoria de imprensa (comunicaiae@iae.cta.br).

Brasil e Alemanha: Parceiros Espaciais

Remonta ao inicio da década de 1970 a dinâmica cooperação entre o Instituto de aeronáutica e Espaço (IAE), do Brasil, e a Agência Espacial Alemã (DLR). Através de seu grupo chamado MORABA, que atua como base móvel de lançamentos de foguetes científicos, o DLR já praticou diversos lançamentos no Brasil e em outros lugares do mundo.

“De modo a podermos efetuar lançamentos para o Programa Microgravidade rapidamente, foram adquiridas duas plataformas  alemães por meio do nosso acordo de cooperação junto ao DLR. As plataformas possuem pára-quedas com sistema de recuperação para resgate em mar e um sistema de controle de velocidade angular, sendo também responsáveis pela telemetria de bordo, pela proteção dos experimentos ao ambiente de vôo e pelo provimento de energia (se necessário). Embora alemães, essas plataformas contam com uma parcela nacional de tecnologia voltada ao desenvolvimento de suas redes elétricas e às integrações/interfaces com os experimentos da AEB. Atualmente estamos em processo de nacionalização dessas plataformas junto a indústria nacional”, comenta Flávio Corrêa Junior.

Visto que a Alemanha não produz propulsores para foguetes, os vôos de microgravidade desenvolvidos pela agência alemã utilizam propulsores estrangeiros, inclusive brasileiros. O Brasil também é parceiro da Alemanha junto a outros projetos científicos europeus, como o SHEFEX desenvolvido para o estudo de materiais na reentrada atmosférica. “A evolução dos protótipos da família SHEFEX implica no emprego de diferentes propulsores, cada vez mais potentes, produzidos no Brasil, como é o caso dos propulsores S40 e S44 utilizados no protótipo SHEFEX II”, finaliza Flávio Corrêa Júnior.


Fonte: Boletim SBGF – Número 2/2011 – Pág. 04

Comentário: A matéria nos traz informações muito interessantes confirmando que a tecnologia de foguetes de sondagens desenvolvida no IAE está à disposição da AEB e de seu “Programa Microgravidade”. Entretanto caro leitor, para um bom entendedor, meia palavra basta. A verdade é que como não há encomendas do governo, não existe “Programa Microgravidade”.  Esse programa que é muito importante para o desenvolvimento do PEB e da ciência e tecnologia do País, nunca funcionou direito. Basta dizer que o último AO (Anuncio de Oportunidade) foi lançado pela AEB no final de 2006 e a primeira parte do mesmo (Operação Maracati II) só cumprida no final de dezembro do ano passado. Dessa forma fica muito difícil, pois essas pesquisas precisam de uma maior freqüência e continuidade para que possam dar os resultados mais rapidamente e assim diminuir custos e justificar os investimentos. Vale lembrar leitor que enquanto no Brasil esse programa da AEB faz um vôo a cada quatro anos, só esse ano no ARR (Andoya Rocket Range), na Noruega, e no Centro Espacial de Esrange, na Suécia, irão se realizar algo em torno de cinco vôos em cada centro, direcionados ao ambiente de microgravidade inclusive usando foguetes brasileiros. São lançamentos direcionados a Universidades, Centro de Pesquisas, Indústrias, experimentos estudantis, entre outros. No Brasil, poderiamos viabilizar pelo menos 3 vôos anuais desse programa, sendo dois com o foguete VS-30 e um com o foguete VSB-30, abrindo assim mais oportunidades para a comunidade científica, industrial e estudantil brasileira e também sulamericana, através de acordos internacionais. Temos a tecnologia, temos os centros de lançamentos, temos os foguetes, mas infelizmente nos falta atitude (massa cinzenta) e enquanto essa situação perdurar o "Programa Microgravidade" não passará de uma piada sem graça.

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