INPE Participa do PROANTAR

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Segue abaixo uma matéria publicada na nova edição da Revista Espaço Brasileiro (Abr. Mai. Jun. de 2010), destacando que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) participa do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) desde a sua criação em 1982.

Duda Falcão

Meio Ambiente


INPE Participa do PROANTAR


Antártica tem grande influência sobre

clima e regime dos mares brasileiros


Raíssa Lopes/AEB



Qual a importância de uma imensa região gelada com 14 milhões de quilômetros quadrados, situada a 550 milhas marítimas do sul da América do Sul, para o Brasil? A região citada é a Antártica e, segundo o chefe do Serviço do Projeto Antártico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ronald Buss de Souza, tem enorme influência sobre o nosso clima e sobre o regime dos mares brasileiros. Por isso, o INPE – instituição com a missão de produzir Ciência e Tecnologia nas áreas espacial e do ambiente terrestre e oferecer produtos e serviços singulares em benefício do Brasil – participa do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) desde a sua criação, em 1982.

“Os dados do INPE sobre as conexões climáticas entre a Antártica e a América do Sul são essenciais para a melhoria das condições de vida do brasileiro e da produção econômica nacional e especialmente das regiões sul e sudeste do Brasil”, diz Ronald. O Serviço do Projeto Antártico (PAN), do INPE, é responsável por monitorar continuamente variáveis atmosféricas, oceanográficas e químicas importantes do meio ambiente antártico – como os ventos, pressão atmosférica, temperatura do ar e água, correntes marinhas, concentração de ozônio e radiação ultravioleta. Além disso, o INPE mantém, desde o inicio do PROANTAR, uma estação meteorológica automática completa nas proximidades da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). Os dados dessa estação são utilizados pela Organização Meteorológica Mundial (WMO) e pelo INPE como dados de entrada para alimentar modelos numéricos de previsão do tempo e do clima e para traçar cartas sinóticas (carta meteorológica onde são lançados dados resumidos das condições do tempo) das condições meteorológicas da Antártica.

Segundo Ronald, os experimentos dos oceanógrafos do INPE nos oceanos Atlântico Sul e Austral demonstram a importância da assimilação de dados atmosféricos coletados sobre o oceano para a melhoria das previsões de tempo para a região sul do Brasil, onde a passagem de frentes atmosféricas de origem polar e a formação de sistemas catastróficos, como ciclones extra-tropicais, têm impacto direto sobre a população e produção econômica regional. O foco principal desses estudos é a investigação dos processos de conexão climática entre o oceano, a atmosfera e a criosfera na Antártica e seus arredores com o continente Sul-Americano. Para que isso aconteça, navios de pesquisa do PROANTAR e de outros programas colhem amostras do Oceano Atlântico Sudoeste (região geográfica de ligação entre as altas e médias latitudes do hemisfério sul-ocidental e a atmosfera adjacente). “Essa é uma das áreas chave para melhor entender e prever o clima das regiões sul e sudeste do Brasil”, explica Ronald.

Cerca de dez pesquisadores e seis técnicos do INPE participam do PROANTAR. Há, ainda, um grande número de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado, além de bolsistas do Programa de Capacitação Institucional do INPE, fomentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), envolvidos no projeto.

Resultados – Alguns dos resultados mais importantes de direta aplicação para a sociedade brasileira é o monitoramento do buraco de ozônio. O começo dos experimentos do INPE na Antártica com respeito à medida de concentração desse gás na atmosfera coincidiu com a descoberta pela comunidade científica do buraco de ozônio centrado na Antártica”, conta Ronald. A dinâmica atmosférica e o clima espacial regulam a forma e localização do buraco de ozônio que freqüentemente atinge o continente sul-americano e os estados do sul do Brasil. A diminuição da concentração de ozônio por meio de processos naturais do ambiente terrestre tem impactos diretos na vida, pois o ozônio tem a capacidade de filtrar os raios ultravioletas que são maléficos ao núcleo das células. “O INPE oferece na sua página na internet produtos que incluem o índice de raios ultravioleta e mantém um convênio com o Ministério da Saúde nessa área”, explica Ronald.



Há, também, resultados importantes relativos a meteorologia e a poluentes. Pesquisas da EACF demonstram que a temperatura de verão, ao contrário do que se imaginava, está caindo nos últimos anos. Segundo dados locais recentes, a temperatura do ar tem diminuído em torno de -0,6ºC por década se considerado os últimos 14 anos. Analises de dados do INPE, juntamente com outros pesquisadores, demonstram, ainda, que a Antártica pode receber poluentes gerados pelas queimadas que ocorrem no Brasil, principalmente na Amazônia.

Futuro – O INPE recebeu, recentemente, uma posição permanente no Comitê de Pesquisa Antártica (CONAPA) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Nesse comitê são decididas as novas políticas para a investigação antártica e discutidas linhas de fomento e as prioridades científicas do PROANTAR.

“O INPE deseja oferecer mais produtos à comunidade antártica nacional e internacional assim como estabelecer com o MCT uma política de longo prazo para a coleta sistemática de dados na região antártica, a qual não é garantida por meio de pesquisa nos moldes que se utilizam para responder aos editais para projetos individuais CNPq”, afirma Ronald. Segundo ele, a instituição espera o comprometimento de vários parceiros científicos para que possa estabelecer um verdadeiro programa de pesquisa e fornecimento de dados sobre a região Antártica nos moldes do seu conhecido e internacionalmente aclamado programa Amazônia.



Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 9 - Abr. Mai. Jun. de 2010 - págs. 28 e 29

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