CLA Investe em Rastreamento de Veículos Espaciais

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na nova edição da Revista Espaço Brasileiro (Abr. Mai. Jun. de 2010), destacando que o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) está investindo no rastreamento de veículos espaciais.

Duda Falcão

CLA

CLA Investe em Rastreamento de Veículos Espaciais

Atividade é essencial para a segurança da

operação de lançamento de foguetes


CCS/AEB

Para se lançar um foguete é preciso à garantia de confiabilidade na realização das fases que compõem a operação – Preparação, Lançamento e Rastreio. O lançamento de veículos espaciais não se encerra com a decolagem. Após o acionamento dos motores do foguete, iniciam-se as atividades de rastreio do veículo. “Essas ações nos permitem saber, em tempo real, a exata posição, velocidade e altitude do foguete, informações que são essenciais para a segurança de uma atividade de lançamento”, diz o Diretor do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), Tenente-Coronel Aviador Ricardo Rodrigues Rangel. Desde sua criação, há 27 anos, o CLA já efetuou vários tipos de operações com foguetes, totalizando mais de 400 veículos nacionais e estrangeiros.

No Centro de Lançamento de Alcântara há dois radares – um que garante o rastreio do veículo a partir da plataforma de lançamento e o outro, com potência maior, que garante o rastreio dos veículos até a colocação em órbita de satélites. Assim como os aviões, os veículos espaciais levam um ou dois transponders a bordo que são dispositivos eletrônicos de comunicação cujo objetivo é receber, amplificar e retransmitir um sinal em uma dada freqüência. A diferença com relação ao rastreio de um avião é que “os foguetes atingem velocidades muito maiores, o que faz com que a capacidade de processamento de dados tenha que ser também muito maior”, explica Rangel. O transponder responde às interrogações dos equipamentos de solo. De posse dessas respostas, um software as analisa e calculam os dados que possibilitam a tomada de decisões, de modo a aumentar a segurança dos lançamentos.

O sistema de rastreio do CLA conta, ainda, com uma Estação de Telemedidas que recebe diversas informações do veículo em vôo e, em casos de anomalias na trajetória, permite enviar sinais para destruição do veículo por controle remoto (teledestruição). Para um veículo do tipo sondagem, que possui trajetória suborbital (trajetória tipo parábola com três fases: ignição, apogeu e queda livre ou impacto) a teledestruição pode ser usada se o sistema de rastreio indicar que o veículo está em uma trajetória anômala e perigosa, com ponto de impacto projetado para uma área habitada, por exemplo. Já com um veículo do tipo lançador de satélites, além da teledestruição, podem-se executar procedimentos de correção de trajetória, automaticamente ou por ordens emitidas do solo.

Sala de Rastreio do CLA

Os equipamentos do radar do CLA têm mais de duas décadas de uso. No entanto, Rangel afirma que eles passam por manutenções e modernizações freqüentes. “Atualmente os consoles dos chefes de estações estão sendo modernizadas”, conta.

“Hoje em dia, para qualquer tipo de lançamento de veículo espacial, seja ele de pequeno, médio ou grande porte, é exigência que se tenha um acompanhamento em tempo real. A falta de equipamentos de rastreio implica no cancelamento do lançamento”, explica o diretor do CLA.

Os últimos lançamentos ocorridos no Centro de Lançamento de Alcântara foram de veículos de pequeno é médio portes, suborbitais – uns para treinamento do pessoal técnico e outros para experimentos em microgravidade, coordenados pela Agência Espacial Brasileira (AEB).

Equipe – Para as atividades de rastreio são necessárias seis pessoas por radar. Duas responsáveis pela operação do radar, outra responde pela operação do posto óptico (sistema que faz o primeiro apontamento do veículo), duas outras pessoas ficam encarregadas dos computadores com os softwares de gerenciamento, além de outra pessoa que gerencia toda a atividade, o chefe de estação. Cada radar tem uma função: um mais próximo do veículo, rastreia a trajetória a partir da plataforma de lançamento e outro distante a 30 km da plataforma, rastreia a partir de cinco a oito segundos da ignição do foguete até a queda (caso de veículo suborbital) ou a entrada em órbita (caso de satélites).

Futuro – Com a reconstrução da Torre Móvel de Integração – TMI, que será um das plataformas mais modernas do mundo, é provável que o mercado internacional passe a procurar ainda mais, o Brasil para lançamentos de foguetes. Visando alavancar ainda mais a atividade espacial nacional, esta em andamento, na área do CLA, a instalação do sítio de lançamento da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS) para o veículo Cyclone-4 (veículo tipo lançador de satélites); e toda infraestrutura de rastreio será proporcionada pelo CLA, utilizando os equipamentos (radares e sistemas de localização) bem como o pessoal técnico.

Essa modernização será acompanhada pelo novo Centro de Controle, que está em fase final de montagem e custará em torno de R$ 20 milhões. Com isso, o Brasil se tornará mais competitivo em um mercado que movimenta bilhões de dólares por ano.


Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 9 - Abr. Mai. Jun. de 2010 - págs. 18 e 19

Comentário: Como o leitor pode notar está ai outro exemplo de boa infra-estrutura instalada ou em vias de instalação para prestar um bom serviço ao programa espacial do país. Porém centro de lançamento como o CLA só tem sentido se for usado para lançamentos de satélites, já que o custo de manutenção não justifica se for usado unicamente para lançamentos suborbitais. Para tanto o país já dispõem do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno em Parnamirim (RN). Portanto os projetos dos veículos lançadores de satélites do país têm de deixar de ser ficção e se tornarem realidade ou então não haverá motivo para continuar investindo em Alcântara.

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