INPE Testará Equipamentos para País Vizinho

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada hoje (04/06) no Jornal “Valor Econômico” destacando que o Laboratório de Integração de Testes do INPE testará os sistemas do satélite argentino SAC-D, desenvolvido em parceria com a NASA.

Duda Falcão

INPE Testará Equipamentos para País Vizinho

Virgínia Silveira

Valor Econômico

04/06/2010

O Laboratório de Integração e Testes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), único no gênero no Hemisfério Sul, acaba de receber os primeiros sistemas do satélite argentino SAC-D, que foi desenvolvido em cooperação com a Agência Espacial Americana (NASA). O satélite completo e integrado chegará ao Brasil em julho e permanecerá no INPE por quatro meses. O equipamento passará por uma bateria de testes, envolvendo ensaios de vibração e aceleração, acústico, vácuo-térmico e de compatibilidade eletromagnética.

A realização dos testes foi acertada por meio de um acordo de cooperação tecnológica entre a Agência Espacial Brasileira e a Comisión Nacional de Actividades Espaciales, da Argentina. O SAC-D é um satélite de observação ambiental, com foco no monitoramento do nível de salinidade dos oceanos. A NASA, por meio do seu laboratório Jet Propulsion Laboratory, desenvolveu a carga útil do satélite argentino, responsável pelas medições de salinidade nos oceanos. O equipamento, segundo o chefe do laboratório do INPE, Petrônio Noronha de Souza, também será testado no Brasil.

"A influência dos oceanos na meteorologia é muito grande e o nível de salinidade da água é um dos itens relacionados com a circulação da atmosfera", disse Noronha. "Essas informações serão integradas aos modelos de previsão do tempo e o satélite também ajudará a estudar o impacto da circulação atmosférica dos oceanos sobre o clima.

"A empresa argentina INVAP, principal contratada do governo daquele país para o projeto de desenvolvimento do satélite, enviou uma equipe técnica ao Brasil para acompanhar a realização dos testes no SAC-D. A empresa também é contratada do INPE no desenvolvimento do sistema de controle de atitude (sua orientação no espaço em relação a algum sistema de referência) do Amazônia-1. Esse satélite fará a cobertura completa da Terra em menos de cinco dias, mas estará focado na região Amazônica.

O setor espacial no laboratório do INPE, que envolve os satélites do programa espacial, segundo Noronha, responde por um terço da demanda de serviços no local. O laboratório também atende às indústrias e presta serviços internos para o próprio INPE e para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial.

Em 2009, os serviços prestados pelo laboratório às indústrias, especialmente as do setor automobilístico e de telecomunicações, geraram receita adicional de US$ 5 milhões, de acordo com Noronha. Os recursos, segundo ele, ajudam a manter a operacionalidade do laboratório e os investimentos em novos equipamentos.

A indústria contribuiu, por exemplo, com o projeto de expansão que capacitou o laboratório do INPE, a partir de 2006, a realizar testes de interferência eletromagnética (câmara anecoica) e de vibração acústica (câmara acústica) em sistemas espaciais de grande porte, não só do programa espacial brasileiro, mas também de outros países.

Quando não existiam as atuais instalações, o satélite argentino SAC-C, anterior ao atual, não pôde ser totalmente testado no INPE, porque a câmera para testes de interferência eletromagnética que existia na época não comportava um satélite de grande porte. O mesmo aconteceu com o segundo satélite, o CBERS, que precisou ser testado na China.

Outro ganho recente do laboratório do INPE foi a aquisição de uma câmara de vácuo de grande porte em 2008, da empresa espanhola TELSTAR, por R$ 10 milhões. O equipamento simula as condições de temperatura e de ausência do ar que o satélite enfrenta quando está em órbita.

Montadoras de veículos e fabricantes do setor de telecomunicações usam regularmente as instalações do laboratório brasileiro para realizar testes de compatibilidade eletromagnética na eletrônica embarcada de veículos, telefones celulares, antenas e outros componentes eletrônicos. Um terço do tempo do laboratório está dedicado às indústria e um terço para a prestação de serviços internos para o próprio INPE e também para o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial.

O laboratório opera em três turnos para atender às atividades das indústrias e do programa espacial. O terceiro satélite da cooperação Brasil-China, o CBERS-3, também iniciou a fase de testes dos seus equipamentos no laboratório. A Embraer é outra usuária do laboratório, para a realização de testes de qualificação em equipamentos de comunicação instalados em suas aeronaves. (VS)

Fonte: Jornal Valor Econômico - 04/06/2010

Comentário: Não resta dúvida da alta qualificação do LIT, de suas constantes melhorias tecnológicas e de que o mesmo vem prestando um grande serviço ao PEB, como também a outros setores da indústria brasileira. No entanto, infelizmente a verdade tem de ser encarada para que assim se possa resolvê-la. E a verdade é que apesar do LIT, o Brasil perdeu para a Argentina a hegemonia na construção de satélites. Tanto isso é verdade, que foi a INVAP argentina que o país recorreu para contratar o sistema de controle de atitude do Amazônia-1. Além disso, não se podem comparar os satélites fabricados até agora na Argentina com os satélites fabricados no Brasil (talvez em parte a exceção seja os do Programa CBERS) devido à alta complexidade tecnológica adotada nos satélites argentinos, bem diferente da simplicidade dos satélites desenvolvidos no Brasil ate então. É culpa do INPE e de seus pesquisadores? Absolutamente que não. Esses profissionais são altamente qualificados e poderiam ter desenvolvido as tecnologias que hoje a INVAP possui e até ir mais além, mas infelizmente os burrocratas e políticos sem visão que passaram por diversos governos foram e continuam sendo um grande empecilho para o desenvolvimento do PEB como um todo. Bem diferente do que ocorreu na Argentina, mesmo com todos os problemas financeiros vividos por eles. Vai parar por ai? Bom leitor, não sabemos, o que sabemos é que na Argentina está sendo levado com seriedade e com total apoio do governo a construção do foguete lançador de satélites TRONADOR II de 20 metros de altura que esta sendo desenvolvido entre o Centro de Pesquisas Ópticas do Conicet - CIC, o Instituto Balseiro no Centro Atômico de Bariloche (CAB - CNEA), o Instituto Universitário Aeronáutico de Córdoba, o Grupo de Ensaios Mecânicos e Ambientais da Faculdade de Engenharia da Universidade Nacional da Prata, assim como o Instituto Argentino de Radioastronomia do Conicet. A previsão de lançamento deste foguete com um satélite abordo é 2012, o que se for cumprido tornará a Argentina o primeiro país Sul-Americano a colocar um satélite no espaço por seus próprios meios, já que o VLS mesmo que funcione segundo consta só estará disponível em 2014, ou seja, exatamente 30 anos após o inicio de seu desenvolvimento. De quem é a culpa?

Comentários

  1. Nos anos 40,durante a Era Peron, Teofilo Tabanera fundou na Argentina, a primeira sociedade de estudos espaciais da America Latina, a SAI (Argentine Interplanetary Society). E em 1952, foi um dos membros fundadores da International Astronautical Federation. Em 1960, foi criada a Comision Nacional de Investigaciones Espaciales (CNIE). A Argentina se tornou o primeiro país Latino Americano e enviar foguetes de sondagem no espaço.

    Fonte: http://www.astronautix.com/country/argntina.htm

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  2. Olá Ricardo!

    Uma vez mais obrigado pela sua contribuição amigo, mas a informação que tenho é que ainda estamos na frente na questão de foguetes tanto na área de foguetes de sondagem, quanto na de lançadores e de que o primeiro foguete sul-americano lançado foi o Sonda I em 1964. Após isso, houve realmente um esforço maior argentino que culminou com o programa CONDOR encerrado se não me engano no inicio dos anos 90 por pressão americana. Acontece que toda tecnologia desenvolvida foi perdida e eles tiveram de recomeçar do zero quando os Kirchners assumiram o governo. Tanto isso é verdade que o TRONADOR I deles já lançado é inferior ao antigo SONDA III brasileiro. E a verdade é que no governo da Cristina Fernández de Kirchner o apoio tem sido total não só a INVAP na área de satélites como no projeto do TRONADOR II, mas que foi necessário reunir todos esses centros de pesquisas para atingir este objetivo e eu não duvido nada que eles, mesmo com os problemas financeiros vividos, alcancem em 2012 esta grande realização.


    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. Hoje vi uma noticia muito interessante no La Nacion , jornal argentino, embora não envolva nada sobre tecnologia espacial , o que me chamou a atenção é que os argentinos lançaram um plano para construção de um submarino nuclear ,segundo o jornal o submarino argentino vai estar navegando antes do brasileiro , a a INVAP ja esta desenvolvendo o reator, só lembrando que a argentina ja até exportou reator nuclear com tecnologia nacional, será que os argentinos vão conseguir estes dois feitos na frente do brasil ,o submarino nuclear e o lançador de satélite. O jornal também disse que o Brasil e a Argentina fizeram estudos para construir o submarino em conjunto mas decidiram ir cada um por si .

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  4. Nos anos 80, a Argentina já tinha começado estudo para construção do submarino nuclear. Tudo foi paralizado após a derrota nas Malvinas e o fim do regime militar. Agora, não duvido nada eles passarem na frente do Brasil...

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  5. Olá André!

    Quanto ao lançador, o que eu posso lhe dizer é que eles estão buscando isto enquanto no Brasil as dificuldades ainda são grandes, pois o governo não parece estar muito interessado em resolvê-las e acredito que, caso a Dilma seja eleita, a situação tende a piorar, já que a mesma não tem demonstrado muito interesse na questão espacial. Já quanto ao submarino, pelo que sei estamos mais avançados, pois já temos o reator desenvolvido e o que nos falta é o casco, parte complicada e de difícil solução para os argentinos. No entanto, tudo depende de seriedade, recursos financeiros adequados e vontade política. Quem tiver mais, vai vencer esta corrida.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  6. Realmente Ricardo,

    Mas até onde eu sei, eles não chegaram muito longe com o projeto deles. Portanto, terão de começar de onde pararam. A diferença é que ao que parece com mais foco e total apoio do atual governo.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  7. Estos son datos del sitio: http://http://www.astronautix.com sobre los primeros lanzamientos de cohetes por parte de Argentina y Brasil. Evidentemente, Argentina lanzó primero un cohete bastante más grande que Brasil:

    Gamma Centauro
    Argentinan sounding rocket. Argentine two-stage solid-propellant fin-stabilized rocket flown in the early 1960's for technology development and scientific research.
    It followed the smaller Alpha and Beta Centauro rockets flown as part of technology development. There was an 18 second interval between burnout of the first stage and ignition of the second stage. The rocket could reach a maximum speed of 867 m/s and an altitude of 45 km.

    Payload: 5.00 kg (11.00 lb) to a 59 km altitude. Success Rate: 100.00%. Launch data is: complete.

    Status: Retired 1965.
    Gross mass: 27 kg (60 lb).
    Payload: 5.00 kg (11.00 lb).
    Height: 2.43 m (7.98 ft).
    Diameter: 0.13 m (0.44 ft).
    Apogee: 59 km (36 mi).
    First Launch: 1962.11.15.
    Last Launch: 1965.02.08.
    Number: 9 .


    Sonda 1
    Brazilian sounding rocket. Two stage vehicle consisting of 1 x Sonda 1-1 + 1 x Sonda 1-2
    Status: Retired 1966.
    Gross mass: 100 kg (220 lb).
    Height: 4.50 m (14.70 ft).
    Diameter: 0.11 m (0.36 ft).
    Thrust: 27.00 kN (6,069 lbf).
    Apogee: 65 km (40 mi).
    First Launch: 1965.04.01.
    Last Launch: 1966.11.12.
    Number: 9 .

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