Os Primórdios do Observatório Antares na Bahia


Olá leitor!

Segue abaixo um interessante artigo publicado dia (17/07/2009) no site do jornal “Feira Hoje” relatando uma breve historico do “Observatório Antares” que fica localizado na bela cidade de Feira de Santana, na Bahia, aproximadamente 120 km de Salvador.

Duda Falcão


Uma Breve História do Observatório Antares

Sob o Olhar de Carlos Bacelar


Primórdios do Observatório Antares


Carlos W. Morais Bacelar

Jornal Feira Hoje

Publicado em 17/07/2009 - 19:11:12


Eis o telescópio que deu origem ao Observatório Antares e Carlos Barcelar

O interesse pelas questões ligadas à astronomia já envolvia um grupo de jovens feirenses desde a década de 1960. A fundação da Sociedade Astronômica Feirense (SAF), em 1966, precedeu, portanto, a existência do Observatório Antares, e me envolveu, a César Orrico, Olival Carneiro e Josemar Navarro, no qual fizemos parte. Construímos e testamos um foguete com aproximadamente 40 cm de comprimento e 14 cm de diâmetro, usando combustível sólido. Eu montei o painel de controle e o sistema elétrico, Olival preparou o combustível, Josemar e César, montaram a estrutura do foguete e no teste alcançou, aproximadamente, 150 m de altura. Depois de pouco tempo, a SAF se desfez por falta de recursos.

Quando eu tinha 17 anos, em 1968, o antigo interesse pela observação do universo, levou-me a comprar um telescópio de 180X, da Tasco, com 60 cm de comprimento, no qual fiz a adaptação de uma engrenagem dos ponteirinhos de um contador de luz a um motor, para fazer o telescópio acompanhar um astro em movimento e assim permitir a observação por bastante tempo. Assim, eu e os amigos, também curiosos com essas questões, passávamos um bom tempo observando os astros. César Orrico era vizinho e tínhamos uma boa amizade. Como ele também gostava de astronomia, ficou entusiasmado com a “invenção” e me chamou para montarmos um observatório. Tive que recusar a proposta, pois sabia que o investimento era muito alto e eu não dispunha de recursos.

Empenhado em concretizar este sonho, César começou a fazer visitas a pessoas potencialmente capazes de apoiar a iniciativa. Numa dessas visitas, em que se fez acompanhar por José Olímpio, Cesar levou o telescópio e conseguiram sensibilizar Beto Oliveira, que doou um terreno. Depois apareceu mais outro e, por fim, a imobiliária de Milton Falcão (Bubu), que cedeu um grande terreno no Jardim Cruzeiro. Foi escolhido este último, porque se situava mais próximo do centro da cidade, como Cesar queria, e era o maior dentre os colocados à nossa disposição. É neste local que hoje se encontra o Observatório Antares.

Foi então que Beto Oliveira, José Olímpio e Cezar foram até a casa do Deputado Áureo Filho, apresentar-lhe o projeto elaborado pelo arquiteto Everaldo Cerqueira. Ouviram, então, do deputado: “Feira de Santana não merece isso.” Eles ficaram espantados com a frase, e Áureo completou, dizendo: “Feira merece algo maior e temos que trazer o melhor para nossa cidade.” Convidou-os, então, para ir até o governador Antônio Carlos Magalhães, que entusiasmado com o projeto, mandou providenciar o que fosse necessário para erguer o observatório.

Em 25 de setembro de 1971, o Observatório Antares foi fundado por Augusto César Pereira Orrico.

O empenho de ver erguido o prédio em que funcionaria o observatório levou José Olímpio, em meados de 1972, a começar a construção dos alicerces. A construtora Teto deu continuidade, fixando, primeiramente, isolada de toda a estrutura do prédio, com uma profundidade de aproximadamente 10 metros, a coluna onde foi colocado o telescópio e depois o resto da estrutura até a conclusão.

E vimos levantar-se o prédio. Após a construção da coluna, para a colocação do telescópio, edificou-se a estrutura central para montar a cúpula e depois foi construída a frente, onde foram instalados o auditório, a biblioteca e a recepção. Em março de 1974, foi adquirido o primeiro telescópio refrator de 152/2.286 mm (2,28 m) de comprimento, de fabricação americana, depois de pouco tempo foi colocado a cúpula de 5 m de diâmetro.

Em pouco tempo foram feitas as primeiras fotos no Observatório, o eclipse da Lua, com duas incidências: uma da sequência do eclipse, em 5 exposições numa só foto, que foi feita na minha máquina fotográfica, que ainda usava filme 120 — para conseguir esta foto, posicionei-me na parte externa da cúpula, com a máquina presa a um tripé; as outras fotos foram feitas no telescópio, pelo fotógrafo Magalhães, e com a presença de Cesar e do jornalista Eguiberto Costa, que acompanharam a passagem do eclipse. Após a montagem da máquina fotográfica no telescópio refrator de 2.28 m para obter as fotos, um problema surgiu: não conseguiam foco.

Diante dessa situação fui averiguar a razão da ocorrência e descobri que havia um alongamento na ocular do telescópio que fazia a diferença de foco entre os olhos e a máquina fotográfica; estava recuado e precisei apenas puxar para que o foco normalizasse. Resolvi o problema e o telescópio produziu as fotos que foram divulgadas no jornal. Esse primeiro evento fotográfico do Observatório foi divulgado em entrevista concedida por Cesar a um jornal, entretanto foi decepcionante, pois a matéria não deu o merecido crédito à equipe que estava presente, cujo esforço resultou no sucesso do acontecimento. Resolvi, então, afastar-me do observatório e só aparecia como visitante.

Em outra ocasião, desejando tirar uma foto de Saturno, não obtive de Cesar a devida autorização. Dias depois, graças ao apoio de um dos funcionários, que também tinha interesse de ver esta imagem, adaptei minha máquina, para encaixá-la no telescópio, coloquei-a na ocular, fiz o balanceamento, para não forçar o sistema de engrenagem do telescópio, direcionei o telescópio ao planeta Saturno e fiz a foto, que pode ser visualizada a seguir.

Na década de 1970, o Observatório lançou algumas publicações, dentre as quais se destacam: em dezembro de 1973, o livreto sobre a passagem do cometa Kohoutek; em janeiro de 1975 o mapa do céu da Bahia, trazido do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, pelo astrônomo Rogério Mourão; e em 1979 o anuário do Observatório, com orientação do astrônomo Rogério Mourão.

O Observatório foi doado inicialmente à prefeitura de Feira, mas como não havia recursos para manter e dar continuidade aos trabalhos científicos, a partir de novembro de 1994 foi incorporado à Universidade Estadual de Feira de Santana. Sua localização dentro da cidade de Feira de Santana, entretanto, não é adequada para a pesquisa observacional. Os observatórios astronômicos devem ser sediados longe da poluição atmosférica das grandes cidades, num sítio de grande transparência atmosférica, sem luminosidade e de clima seco, em grandes altitudes, sem vibração terrestre, longe da passagem de veículos. Assim são os grandes observatórios existentes no mundo.

César está afastado do Observatório a mais de dois anos.

Hoje o Observatório Antares está funcionando com algumas atividades astrofísicas, científicas, para a Universidade, colégios e para o público, etc. No final deste mês, o Observatório Antares, está comemorando os 40 anos da primeira viagem do homem à Lua, com muitas surpresas.

O dia 20 de julho de 1969, foi um marco para a história norte-americana e também para o resto do mundo, por ter sido o dia em que o homem, finalmente, pisou na Lua, o único satélite natural da Terra, distante 384.400 quilômetros de nós.

A façanha foi realizada por três astronautas norte-americanos, Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin, integrantes da missão Apollo 11. Foi Neil Armstrong quem colocou os pés na Lua. Milhões de pessoas acompanharam esse evento pela televisão, que transmitiu as cenas via satélite, e pelo rádio, mas até hoje tem gente que não acredita. Parecia mesmo incrível que a tecnologia pudesse realizar uma façanha como aquela.

Observação: Devido à falta das Atas do Observatório, não obtive informações de todas as datas. Algumas foram localizadas no jornal Feira Hoje, com José Olímpio, e outras junto a Francisco Roque, encarregado da manutenção do observatório que, desde o início da construção, quando atuou como pedreiro, até hoje acompanha o desenvolvimento do Observatório Antares. O Sr. Raimundo Gama, Zé Olímpio, Sr. Melo do Jornal Folha do Norte e Magalhães, colaboraram com a cessão dos jornais, algumas fotos e o anuário.

Meus agradecimentos


Fonte: Site do Jornal Feira Hoje - 17-07-2009

Comentário: O Observatório Antares é um marco para a astronomia no estado da Bahia e fruto da iniciativa de jovens visionários que final da década de 60 se mobilizaram para que o mesmo pudesse se tornar uma realidade. Hoje o observatório pertence à Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e apesar de sua localização inadequada continua prestando grandes serviços a astronomia baiana e brasileira.

Comentários

  1. Eu me lembro de ter feito um programa na Texas (TI59) de Yuri, com o apoio de Antônio Carlos (se bem me lembro o nome dele) por volta de 1977, para obter os dados solares, que só chegavam de 2 em 2 anos, em forma de livro (um "bianuário", então). Deu certo e eu escrevi o programa todo em papel, aliás, Yuri escreveu o que eu ia dizendo, à medida que introduzia os passos do programa na TI59. Foi uma boa tarde. Um trio, produzindo algo de útil para o Observatório Antares, na época de César Orrico, que tive o prazer em conhecer. Até porque eu fui aluno-fundador da UEFS em junho de 1976. Yuri entrou em 1977, um gênio da matemática, muito meu amigo!

    Este comentário deverá aparecer em http://artursamenezes.com -- na página que se refere à Texas Instruments e/ou HP & Programação --> http://artursamenezes.com/kingdom/hp41-c-meu-segundo-computador-portatil/
    (onde há um círculo vermelho)
    &
    http://artursamenezes.com/kingdom/timeline-artur-informatica/

    FORTE ABRAÇO!

    Artur Sá Menezes
    ______________________________

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  2. Sou fã de Augusto César Pereira Pereira Orrico, pela sua Grande batalha na construção e máquinarios do observatório astronômico Antares,homem de honra e muito inteligente, dedicou metade de sua Vida a sua Grande paixão: O observatório Antares!!!

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