Acreditação - Garantia de Qualidade em Ensaios


Olá leitor!

Segue abaixo uma notícia postada hoje (02/02) no site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), destacando que a Divisão de Química (AQI) do instituto ingressa na excelência do atendimento aos requisitos do setor aeroespacial brasileiro com a acreditação, pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), de seus ensaios em laboratórios, na área de caracterização de materiais.

Duda Falcão

Acreditação, a Garantia de Qualidade dos Ensaios Laboratoriais

02/02/2010

O Instituto de Aeronáutica e Espaço ingressa na excelência do atendimento aos requisitos do setor aeroespacial brasileiro com a acreditação, pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), de seus ensaios em laboratórios, na área de caracterização de materiais, realizados pela Divisão de Química (AQI).

Os ensaios “Identificação de Borrachas por FT-IR” e “Determinação de Transição Vítrea por DSC”, acreditados desde 2001, seguiram a padrões rastreáveis por mecanismos internacionais, processo padronizado pelo INMETRO e renovado a cada dois anos.

Os ensaios com as borrachas são realizados no Laboratório Instrumental de Química (CIN) e a técnica instrumental utilizada é a Espectroscopia do Infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR). Esta técnica tem vasta aplicação na indústria aeroespacial e em diferentes áreas de pesquisas científicas. Trabalhos utilizando FT-IR para a análise de estruturas químicas de compostos são oferecidos pela divisão desde 1981 e orientações de tese nesta área,desde 1995.

A doutora Rita de Cássia Lazzarini Dutra, chefe da AQI, explica o procedimento para a identificação dos polímeros (plásticos, borrachas, resinas, fibras, compósitos etc) por FT-IR. “No caso das borrachas, a pirólise (degradação do material, por queima em bico de Bunsen) resulta em um espectro FT-IR de um líquido, que permitirá a identificação do polímero base (elastômero), por meio do posicionamento de grupos funcionais característicos, contidos na estrutura química do composto”.

Rita de Cássia completa: “A borracha será identificada de acordo com a comparação de espectros FT-IR de referência, contidos no procedimento desenvolvido no CIN. Nove tipos de elastômeros podem ser identificados, segundo a metodologia acreditada pelo INMETRO, incluindo a usada na proteção térmica flexível dos motores foguetes, conferindo confiabilidade aos processos de caracterização de borrachas por FT-IR, realizadas na AQI/IAE”.

Uma nova metodologia foi criada e detalhes de todo o processo são documentados em procedimento operacional, atendendo a requisitos da área da qualidade. O método é padronizado segundo a “American Standard Testing Methods” (ASTM) e, o ensaio, de acordo com a norma de gestão de qualidade “Registros Gerais para Competência de Laboratórios de Ensaio e de Calibração”, a NBR ISO/IEC/17025. Procedimentos que servem de requisito indispensável para a recuperação da história institucional.

A aplicação é extensa e atende a verificação de proteções térmicas rígidas e flexíveis de veículos espaciais, como o VLS e o VSB-30, e a serviços para a indústria, quando se oferece confiabilidade para a compra de materiais.

A doutora Vera Lucia Lourenço e atual chefe da Subdivisão de Apoio Químico (AQI-C) coordena o grupo de pesquisadores e técnicos químicos responsáveis pelos ensaios DSC. “O ensaio ‘Determinação de Transição Vítrea por DSC’, como o próprio nome diz, permite determinar a temperatura de transição vítrea (Tg) por meio da técnica Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), a qual permite avaliar a variação de calor do material submetido a uma variação de calor.”

“A Tg é a temperatura em que as cadeias moleculares da fase amorfa do polímero sob aquecimento adquirem mobilidade, isto é, podem mudar de conformação molecular. Abaixo da Tg, o material está no estado vítreo, apresentando-se duro, rígido e quebradiço, enquanto que, acima da Tg, o material apresenta-se flexível e maleável, com grandes alterações em seu comportamento mecânico, elétrico e térmico. Este último pode ser acompanhado pela técnica DSC, pois ocorre uma forte alteração no calor específico (cp), ou seja, na quantidade de calor necessária para aumentar em 1ºC a temperatura de 1g de material”, prossegue Vera.

O ponto de transição é encontrado medindo-se a variação do cp com o aquecimento do polímero no DSC. Este ensaio é utilizado para a caracterização de materiais polímericos, principalmente os que são submetidos a severa alteração de temperatura, como os utilizados nos projetos do Veículo Lançador de Satélites (VLS), de veículos de sondagem e no desenvolvimentos de teses de aplicação aeronáutica.

A chefe da AQI-C explica que a norma utilizada no ensaio acreditado é específica para esse método, a ASTM D3418 (Standard Test Method for Transition Temperatures and Enthalpies of Fusion and Crystallization of Polymers by Differencial Scanning Calorimetry).

A participação em testes de proficiência, um dos requisitos para acreditação, comprova a competência do laboratório e aumenta a confiabilidade de seus resultados, o que facilita o acesso a outros organismos, inclusive os internacionais, como as agências espaciais alemã e francesa.

A Acreditação

Um processo caro, porém, necessário. Demanda o atendimento à NBR ISO/IEC/17025, norma que orienta quanto à gestão de qualidade nos laboratórios – isso implica em manter padrões rastreáveis de toda a documentação, a calibração de equipamentos supervisionada por especialistas do Instituto de Metrologia e auditorias constantes, além de pessoal treinado.

Significa, no entanto, o reconhecimento formal de qualidade dos produtos, processos e serviços pelo único órgão credenciador do país. Também, o acesso a um amplo espectro de clientes em níveis nacional e internacional, oferecendo a eles a liberdade de escolha de um mercado livre e confiável.

Acordos de reconhecimento mútuo são mantidos com organismos nacionais e internacionais, fazendo com que os membros signatários ganhem visibilidade e aceitação. Esse campo é ainda ampliado, com a multiplicação de acordos entre países, divulgando-os às autoridades reguladoras, à indústria e aos importadores.

Ganham os consumidores finais, com a certeza da confiabilidade e a agregação de valor aos produtos e serviços disponíveis nos mercados nacional e externo, e ganha o setor aeroespacial brasileiro, pelo ingresso de mais um organismo capaz de transformar pesquisa e desenvolvimento em inovação tecnológica.




Fonte: Site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)

Comentário: Muito boa noticia para vários programas em andamento no IAE, pois essa acreditação é de suma importância tanto para o instituto como para todo setor aeroespacial brasileiro. Parabéns ao IAE.

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