Atualizações dos Projetos do PEB - Blog Panorama Espacial


Olá leitor!

Segue abaixo uma notícia postada hoje (07/10) no blog “Panorama Espacial” do companheiro jornalista Andre Mileski abordando informações sobre o PEB colhidas pelo mesmo durante a realização do 9º Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro na semana passada.

Duda Falcão

Atualizações Sobre o Programa Espacial Brasileiro

07-10-2009

Reproduzimos abaixo algumas informações colhidas no 9º Congresso Latino-Americano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro na semana passada, sobre projetos do Programa Espacial Brasileiro. As informações foram colhidas na apresentação do Diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos, Himilcon Carvalho, e do Diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento, Thyrso Villela, ambos da Agência Espacial Brasileira (AEB), e também em conversas com outras pessoas presentes envolvidas com o programa governamental.

LIT/INPE: a infraestrutura atual do Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), é, em geral, com exceção de algumas poucas áreas, capaz de atender satélites com massa na faixa de 2 a 3 toneladas. Um tipo de teste cuja estrutura deve ser ampliada em futuro próximo é o de vibração, executado por meio dos chamados "shakers". O "shaker" atual do LIT é de 160 kN, e o ideal seria ter um da ordem de 300 kN.

Participação do LIT/INPE na missão SAC-D: o satélite argentino SAC-D, da Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), deve chegar ao LIT/INPE em março de 2010, onde será submetido a alguns testes. Em julho do mesmo ano, será enviado para os EUA, para lançamento a partir do final de setembro. Em apresentação feita por representante da INVAP, foi reconhecida a importância do LIT para o Programa Espacial Argentino. Existem também conversas entre o LIT/INPE e a Argentina para a realização de testes e/ou integração dos satélites geoestacionários da família ARSAT nas instalações do LIT.

MAPSAR: o projeto de construção de satélite com sensor-radar (Synthetic Aperture Radar - SAR) em conjunto com a Alemanha está na fase B (projeto detalhado da missão). A agência espacial alemã deve dar uma posição sobre a continuidade ou não da missão até dezembro deste ano. Já existem alguns países e empresas se posicionando para o caso da Alemanha não prosseguir com o projeto.

GPM: o GPM (Global Precipitation Measurement) será uma missão de meteorologia baseada na Plataforma Multimissão (PMM). O pequeno satélite deverá ter a bordo sensores para medição de precipitação. A missão está em fase de concepção, com término previsto para janeiro de 2010. A idéia é fazê-la em parceria com a França, que também alocaria recursos para o projeto.

Amazônia-1: o satélite de sensoriamento remoto baseado na PMM está em construção. A AEB espera que o seu lançamento ocorra em 2011. Ainda não existe qualquer definição sobre qual será o lançador utilizado (o Cyclone 4, embora muito mais capaz, é uma possibilidade).

SABIA-MAR: embora parceiros na área espacial há vários anos, o Brasil e a Argentina não chegaram a desenvolver um satélite conjunto. O projeto SABIA-MAR, para observação marítima, existe desde 1998, mas apenas recentemente passou a ser considerado com mais atenção. Em parte, o seu “atraso” também se deve a possibilidade, hoje descartada, da participação espanhola na missão, o que chegou a ser considerado há muitos anos. Inicialmente, desde que as discussões entre o INPE e a CONAE foram retomadas, o Brasil seria responsável pelo fornecimento da plataforma (possivelmente a PMM), enquanto que a responsabilidade pelas cargas-úteis seria argentina. Aparentemente, houve uma inversão, devendo o Brasil agora se responsabilizar pelas cargas-úteis. De todo modo, isto ainda está sujeito a mudanças, tendo em vista que o projeto ainda está em fase preliminar. A expectativa é que haja novidades no primeiro trimestre de 2010.

VLS-1: na apresentação feita pelo Diretor da AEB, um quarto voo do VLS-1 (VO4) está previsto para 2014. A plataforma do lançador brasileiro, chamada Torre Móvel de Integração (TMI) deve estar concluída já no ano que vem. “É um projeto antigo..., mas é imprescindível que o Brasil tenha uma capacidade autônoma de lançamento”, disse Carvalho.

Glonass: possibilidade de produção no Brasil de receptores do sistema russo de posicionamento por satélites Glonass. Discute-se também com a contraparte russa a instalação de uma estação de referência do sistema no País.

Cooperação internacional: num dos últimos slides da apresentação de Carvalho, foram destacados num mapa os países com os quais a AEB discute acordos de cooperação. São eles: EUA, Canadá, Uruguai, África do Sul, Espanha, Suécia, Itália, Egito, Israel e Índia. O escopo dos projetos conjuntos é bastante amplo e varia conforme o país. Destaque para aplicações relacionadas aos satélites CBERS e de outros satélites de observação terrestre. A Itália, por exemplo, se interessa em fazer uma missão SAR com o Brasil.


Fonte: Blog Panorama Espacial - André Mileski

Comentário: Mais uma vez o companheiro André Mileski presta um grande serviço aos amantes do PEB nos trazendo notícias fresquinhas sobre o programa. No entanto, essas notícias não são tão boas em alguns casos como era de se esperar. Refiro-me as novelas das indefinições dos satélites SABIAR-Mar e MAPSAR e a transferência do vôo do quarto modelo do VLS-1 de 2012 para o longínquo ano de 2014. No caso do VLS, com a conclusão da TMI em 2010 (como está na notícia do Mileski), significa que haverá o vôo do primeiro e segundo estágio (primeiro vôo teste) em 2010 como estava programado, ficando para 2011 ou 2012 o segundo vôo teste do foguete. Para um projeto que foi iniciado nos anos 80 é muito frustrante toda essa situação de incertezas. Isso gera dúvidas quanto à capacidade do país de realizar um projeto como esse. Só para se ter uma idéia, os russos saíram do lançamento Sputink ao lançamento do Yuri Gagarin num período de pouco mais de três anos e meio. Já o projeto do VLS tem quase 30 anos e não decolou ainda. É frustrante perceber o quanto o nosso programa tem sido prejudicado pela falta de foco, falta de verba, incompetência gerencial, ingerência política danosa e tantos outros problemas, desde que o mesmo foi implantado no inicio dos anos 60. No entanto, é a realidade dos fatos e não vejo nenhum movimento para que se mude isso o que poderá gerar um grande buraco tecnológico nos próximos anos e trazer no futuro grandes dificuldades para nossa sociedade. Um erro histórico de ordem estratégica que será muito lamentado pelas gerações futuras, infelizmente. Quanto à situação do satélite MAPSAR e a do satélite SABIAR-Mar, é mais um retrato da falta de seriedade e competência que sempre imperaram dentro do Programa Espacial Brasileiro. É frustrante, é lamentável, mas é a realidade dos fatos. Portanto leitor, o ano de 2010 ainda poderá ser um divisor de águas como todos nós esperávamos, caso não haja novas mudanças no cronograma. Vamos aguardar, não resta outra coisa a fazer.

Comentários

  1. 2014 ? É para fazer show na Copa do Mundo ? Será que vão adiar para 2016 para o Show ser a nível mundial na Olimpiada do Rio ? Brincadeira.

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  2. Pois é Ricardo!

    Fiquei também muito frustrado com essa notícia, pois o cronograma apontava o ano de 2012 para o quarto vôo do VLS-1 e o VLS-2 para 2014. Agora só deus sabe como isso vai ficar. O que é certo é que o atraso será ainda maior e de difícil recuperação. Na realidade essa mudança também poderá atrasar outros projetos do PEB como o VLM, o VS-43, o Sonda III-A, o ITASAT e as SARAs Suborbital 2 e Orbital 1. Lamentável!

    Duda Falcão

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  3. Até la a China estará passeando na Lua, o Irã lançando satelites espiães, a Argentina fabricando seus proprios satelites geoestacionarios e o Brasil adiando,adiando e adiando.... seu VLS !!!

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  4. Eu espero que até lá não Ramir, mas temo que certamente alguma coisa das citadas por você poderá estar acontecendo sim, como o caso do Irã. É frustrante vê o projeto do VLS nessa novela sem fim, mas infelizmente é o resultado de anos de má gestão e de ingerência política danosa.

    Abs

    Duda Falcão

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  5. Engraçado, né ? Como todo embargo econômico e mundial, Irã e Coreia do Norte, conseguiram levar seus programas de foguetes e misseis para a frente e a novela do VLS se arrasta a várias décadas...

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  6. Pois é Ricardo, apesar do Brasil ter realmente sofrido um embargo tecnológico durante esse tempo todo, esse exemplo que você deu é uma clara demonstração de que se houvesse planejamento, boa gestão, recursos condizentes com os objetivos traçados e vontade política, o PEB não estaria nessa situação.

    Abs

    Duda Falcão

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