Governo Discute em Reunião Nova Base de Lançamento


Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada no jornal Valor Econômico de hoje (30/07) sobre a possível criação de um novo centro de lançamento de foguetes no Ceará.

Duda Falcão

Brasil Terá Outra Base para Lançar Foguetes

Raymundo Costa,
de Brasília


Antes concentrado em Alcântara, no Maranhão, um local privilegiado para o lançamento de foguetes devido a sua posição privilegiada em relação à linha do Equador, parte do Programa Espacial Brasileiro será transferido para o litoral do Ceará, em região nas proximidades do porto de Pecém. O assunto será discutido na quarta-feira em reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministérios, empresas e agências responsáveis pelo programa espacial.

A divisão tornou-se inevitável depois que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) baixou uma portaria decretando como área quilombola 78 mil hectares dos 114 mil hectares que constituem a península de Alcântara. O município deveria abrigar o Complexo Espacial Brasileiro (CEB) - seriam quatro centros de lançamento de foguetes, três em convênios com outros países e um inteiramente nacional, o Veículo Lançador de Satélites (VLS), que é desenvolvido pela Aeronáutica. Também seriam construídos hotéis e clubes a fim de atrair para Alcântara extensões universitárias inteiramente voltadas para a tecnologia espacial.

Devido à crise financeira mundial, o governo botou o pé no freio do complexo espacial (antes chamado de centro), mas seguiu adiante com o VLS e com o acordo firmado com a Ucrânia para o lançamento da quarta geração do foguete Cyclone a partir de Alcântara. Devido ao conflito com os quilombolas, a Alcântara Cyclone Space (ACS) teve de se transferir para dentro da área onde a Aeronáutica desenvolve o VLS. O programa não será afetado e o gestor brasileiro da empresa binacional, Roberto Amaral, diz que o lançamento teste ocorrerá entre outubro e novembro de 2010 - no início, a previsão era julho.

Sem área para ampliação, as autoridades brasileiras decidiram construir o CEB no litoral do Nordeste. Embora digam que ainda estudam sítios na região, o local escolhido fica no entorno do porto de Pecém, no Ceará.

Em relação a Alcântara, o local tem a vantagem de permitir uma redução nos investimentos necessários à implantação do complexo. Em Alcântara, por exemplo, será necessário construir um porto e uma estrada de 51 quilômetros, infraestrutura que já existe em Pecém. Além disso, a região é próxima de Fortaleza, tem um centro universitário em Sobral, ou seja, boa parte da infraestrutura que teria de ser feita no Maranhão.

Além disso, Pecém também dispõe de uma localização privilegiada para o lançamento de veículos com satélites: está a 3,2 graus em relação à linha do Equador, enquanto a base francesa de Kourou, na Guiana, o centro mais bem localizado do mundo para esses lançamentos, está a 5,2 graus da linha do Equador. Mas imbatível mesmo é Alcântara - está a 2,2 graus, o que significa enorme vantagem competitiva: cada lançamento feito a partir da ilha maranhense pode custar até 30% menos que de outras bases instaladas por todo o mundo, principalmente devido à economia de combustível.

A região de Pecém conta também com a vantagem de ser próxima ao mar, assim como Alcântara. Isso é importante porque permite a liberação de estágios - ou até destroços - do foguete com a segurança de que eles não cairão em áreas habitadas na terra. "Ainda mantemos a vantagem comparativa com relação a Kourou", disse ao Valor um dos dirigentes do Programa Espacial Brasileiro.

Não é raro um país ter mais de um centro de lançamento de foguetes localizados em regiões diferentes. O programa com a Ucrânia, em Alcântara, deve custar US 400 milhões, até o lançamento do foguete de qualificação (o primeiro). Mas o CEB, no litoral nordestino, vai requerer um investimento muito maior, ainda guardado em segredo pelas autoridades, mesmo que boa parte das obras de infra-estrutura previstas para Alcântara não sejam mais necessárias.

O conflito com os quilombolas deve entrar na pauta da reunião de quarta-feira. O Ministro da Defesa, Nelson Jobim, deve pedir uma extensão do sítio de 9,2 mil hectares no qual estão agora abrigados a ACS e o programa do VLS da Aeronáutica. Quem decretou a área quilombola foi o Incra, que conta com o apoio da Secretaria da Igualdade Racial para a decisão. Defesa e o Ministério da Ciência e Tecnologia foram contrários à extensão decretada.

Além da questão dos quilombolas, Lula ouvirá um relato das conversas que o presidente da ACS, Roberto Amaral, manteve em viagem recente à Ucrânia. A principal novidade a ser contada por Amaral é que a indústria brasileira, pelos entendimentos feitos com os ucranianos, também vai participar da fabricação do foguete Cyclone 4 - uma evolução do Cyclone 3, já em uso para colocar satélites em órbita. A indústria brasileira deve participar da fabricação de equipamentos, inclusive componentes do motor do foguete.

Pecém, no entanto, deve ser obra para o próximo governo. No momento, a prioridade é lançar o foguete ucraniano Cyclone 4, nas proximidades da eleição de outubro do próximo ano.


Fonte: Jornal Valor Econômico via NOTIMP: 211/2009 de 30/07/2009 (site da FAB)

Comentário: Notícia que já havia sido publica numa pequena nota pelo jornal o Globo de ontem (veja aqui no blog O Globo Noticia Construção de Suposta Terceira Base) e agora pelo jornal Valor Econômico. Sinceramente é desmotivador ler uma matéria como essa, pois demonstra a total falta de capacidade política/administrativa do governo e dos órgãos que comandam o Programa Espacial Brasileiro. Esses caras estão mais perdidos que cego em tiroteio ou estão com outros interesses prejudiciais ao o erário público. Sinceramente temo pela decisão que será tomada pelo presidente Lula na reunião de quarta-feira (caso essa notícia tenha fundamento), pois poderá decretar um atraso incalculável ao PEB, já que os recursos alocados para o programa mal dá para realização dos objetivos do atual PNAE. O companheiro jornalista André Mileski do blog “Panorama Espacial” faz algumas ponderações interessantes sobre o assunto, se não vejamos: “Seria lógico imaginar que a construção de uma terceira base espacial deveria ser decidida apenas após a revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). Para um programa espacial com orçamento de cerca de R$ 300 milhões, três centros de lançamento parece beirar ao absurdo. Uma vez criada uma nova família de lançadores (que, aliás, como já dissemos, é algo ainda muito distante da realidade), o VLS e suas variações (versão híbrida) continuarão operacionais? Afinal, quantos foguetes o Brasil quer operar? Haverá recursos para tudo?”. No entanto a nota traz informações que se forem verdadeiras serão benéficas para a indústria aeroespacial brasileira. Me refiro a participação da industria do Brasil na fabricação de parte do foguete Cyclone 4, incluindo ai componentes do motor do foguete. Outra coisa interessante a se notar na notícia é o compromisso que o diretor da ACS, Roberto Amaral, assume em realizar o lançamento teste do foguete Cyclone 4 entre outubro e novembro de 2010, coisa que eu sinceramente não acredito.

Comentários

  1. A notícia da nova base, parece totalmente desanimadora. Estão desistindo da base de Alcântara ? Fim do mundo. Descaso total. Anos de investimentos, jogados no lixo. Não é possível que nínguem no Governo Federal tenha algum senso de nacionalismo e progressismo que a entidade PT, pregava desde a fundação, para ver que NÃO PODEMOS DESISTIR DE ALCÂNTARA. Parece revanchismo contra o Governo Militar que iniciou a base. Agora, vão querer fazer uma nova base criada pelo PT. Espero estar totalmente enganado.

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  2. Olá Ricardo!

    Não é revanchismo político amigo, provavelmente é uma mistura de incompetência político administrativa, falta de foco, de planejamento a curto, médio e longo prazo e interesses outros não tão nobres. Infelizmente a nossa sociedade não é nenhum modelo exemplar de virtude e muito menos de seriedade. Sendo assim, esta sujeita ao ditado que diz: “Todo povo tem o governo que merece”. Infelizmente pra nós esse ditado se aplica diariamente em nosso dia-a-dia e não seria diferente entre os políticos, já que os mesmos saem do meio do povo, independente de classe, afinal somos todos brasileiros. O problema é cultural, por isso de difícil solução. Só nos resta Ricardo torcer que essa decisão do presidente Lula (caso seja tomada em favor da construção de uma terceira base) não traga problemas insolúveis no futuro, pois certamente levaria o PEB ao seu fim. Deixo aqui uma saudação esperança às pessoas de bem desse país, cada vez mais escassas.

    Forte abraço

    Duda Falcão

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